Publicado em 1 de março de 2025 às 09:43
A acalorada discussão entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e o líder ucraniano, Volodymyr Zelensky, na sexta-feira (28/3), suscitou uma série de respostas de líderes europeus em apoio à Ucrânia.>
A reunião entre Trump e Zelensky se transformou em um confronto verbal diante das câmeras da imprensa no Salão Oval da Casa Branca.>
Trump e seu vice-presidente, JD Vance, exigiram que o presidente ucraniano mostrasse mais gratidão pelos anos de apoio dos EUA.>
Zelensky também foi acusado de estar "jogando com a Terceira Guerra Mundial" ao não trabalhar mais por um cessar-fogo com a Rússia. Ele negou a afirmação, e suas contrapartes americanas responderam que ele estava sendo "desrespeitoso".>
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O ucraniano acabou sendo instruído a deixar a Casa Branca mais cedo e uma entrevista coletiva ao lado de Trump foi cancelada.>
O acordo, pelo qual Zelensky cederia a Washington a exploração dos recursos minerais de seu país em troca de algum tipo de apoio ou garantias de segurança contra a Rússia no conflito que começou em fevereiro de 2022, não foi assinado.>
A discussão televisionada foi considerada sem precedentes por analistas. E para o editor de Internacional da BBC, Jeremy Bowen, sinaliza uma crise perigosa entre EUA e Europa.>
"A partir de agora, haverá muito mais dúvidas e perguntas sobre o compromisso dos EUA com a segurança europeia fora da Ucrânia. A maior delas é se o presidente Trump manterá a promessa que seu antecessor Harry Truman fez em 1949 de tratar um ataque a um aliado da Otan como um ataque à América", avalia Bowen. >
"Se Trump seguir o colapso das negociações com um congelamento da ajuda militar, a Ucrânia continuará lutando. A questão é o quão efetivamente e por quanto tempo.">
"A pressão sobre os aliados europeus da Ucrânia deve dobrar a partir de agora, para compensar a situação.">
Em meio ao contexto mundial delicado, confira a seguir as mensagens de apoio enviadas por lideranças europeias à Ucrânia. >
O presidente francês, Emmanuel Macron, que se encontrou com Trump no início desta semana, disse que o agressor é a Rússia e a vítima é a Ucrânia.>
"Há um agressor: a Rússia. Há uma vítima: a Ucrânia. Estávamos certos em ajudar a Ucrânia e em sancionar a Rússia há três anos - e em continuar a fazê-lo".>
O chanceler alemão, Olaf Scholz, também escreveu no X que "ninguém quer a paz mais do que os ucranianos", antes de acrescentar que "a Ucrânia pode confiar na Alemanha e na Europa".>
Já Friedrich Merz, que é cotado para suceder Scholz como líder alemão, disse que está com a Ucrânia e Zelensky "nos bons e maus momentos. Nunca devemos confundir o agressor com a vítima nesta guerra terrível.">
A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, disse que é necessária uma "reunião imediata" entre os EUA, a Europa e os seus aliados para discutir a guerra na Ucrânia>
O primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, ainda não comentou publicamente sobre o que aconteceu na Casa Branca na sexta-feira. Mas segundo seu gabinete, o premiê conversou com Trump e Zelensky e disse que mantém um "apoio inabalável à Ucrânia" e está fazendo "todo o possível para encontrar um caminho para uma paz duradoura com base na soberania e segurança da Ucrânia".>
Um encontro entre Zelensky e Starmer está previsto para este sábado (1/3) em Londres. >
A delegação ucraniana, que já está em solo britânico, também participará de uma cúpula de líderes europeus organizada por Starmer no domingo (2/3).>
Já a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que a "dignidade" de Zelensky "honra a bravura do povo ucraniano". >
"Seja forte, seja corajoso, não tenha medo", escreveu nas redes sociais. "Você nunca está sozinho, querido presidente. Continuaremos trabalhando com você para uma paz justa e duradoura">
A ministra das Relações Exteriores da UE, Kaja Kallas, escreveu: "A Ucrânia é a Europa! Nós apoiamos a Ucrânia.">
"Aumentaremos nosso apoio à Ucrânia para que ela possa continuar a lutar contra o agressor. Hoje ficou claro que o mundo livre precisa de um novo líder. Cabe a nós, europeus, assumir esse desafio", escreveu ela no X (antigo Twitter).>
O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sanchez, escreveu uma curta mensagem em espanhol, inglês e ucraniano: "Ucrânia, a Espanha está com você".>
"A Suécia está com a Ucrânia. Eles não estão lutando apenas por sua liberdade, mas pela liberdade de toda a Europa. Slava Ukraini!", disse ainda gabinete do primeiro-ministro sueco Ulf Kristersson.>
O primeiro-ministro da Polônia, vizinha da Ucrânia, também se manifestou. "Caro Zelensky, queridos amigos ucranianos: vocês não estão sozinhos!", escreveu Donald Tusk.>
O líder norueguês Jonas Gahr Støre também acrescentou seu apoio: "Apoiamos a Ucrânia em sua luta justa por uma paz justa e duradoura.">
Respostas também vieram de fora da Europa. Do Canadá, o primeiro-ministro Justin Trudeau disse "a Rússia invadiu a Ucrânia ilegal e injustificadamente".>
"Os ucranianos vêm lutando há três anos com coragem e resiliência. Sua luta por democracia, liberdade e soberania é uma luta que importa para todos nós. O Canadá continuará a apoiar a Ucrânia e os ucranianos para alcançar uma paz justa e duradoura", disse ele.>
Em resposta a essas e uma dúzia de outras mensagens, Zelensky respondeu via X com um "Obrigado pelo seu apoio".>
Já a Rússia se pronunciou por meio da porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Maria Zakharova. Ela acusou Zelensky de mentir durante seu encontro com Trump, acrescentando que foi "um milagre como Trump e Vance se contiveram e não socaram" o ucraniano.>
Para a correspondente-chefe da BBC, Lyse Doucet, este é um momento "decisivo para tentar criar uma nova arquitetura" de apoio no mundo.>
Segundo ela, o choque que tomou conta do globo após a discussão no Salão Oval está aos poucos sendo substituído "pela respiração profunda necessária para encontrar uma saída para esse impasse perigoso".>
"A Ucrânia sabe, apesar de todas as suas perdas dolorosas nesta guerra, da urgência de manter os Estados Unidos ao seu lado. O mesmo acontece com a Europa, que agora se esforça para aumentar seu próprio apoio à sitiada Kiev", avalia. >
"O presidente Trump, que se orgulha de ser o melhor pacificador do mundo, precisa da Ucrânia para fechar qualquer acordo.">
Segundo a jornalista da BBC, a acusação furiosa do líder americano, compartilhada por seus fervorosos apoiadores, de que o presidente Zelensky "desrespeitou" os Estados Unidos não será facilmente esquecida ou perdoada.>
"Mas há muitos que culpam o presidente Trump e sua equipe por repreender, até mesmo aprisionar, um líder que luta não apenas por seu país, mas pelos fatos da invasão em grande escala da Rússia e pelas garantias de segurança necessárias para detê-la.">
"Velhas alianças e suposições não são apenas destruídas, as peças não se encaixam mais. Agora é um momento decisivo para tentar criar uma nova arquitetura.">
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