Publicado em 3 de agosto de 2025 às 12:25
Será que esta pode ser a primeira vez na história em que uma briga nas redes sociais desencadeia uma escalada nuclear?>
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ofendido por publicações do ex-presidente russo Dmitri Medvedev, afirmou na sexta-feira (1/8) ter ordenado que dois submarinos nucleares se aproximassem da Rússia.>
Então, como Moscou vai reagir? Estamos caminhando para um impasse nuclear entre EUA e Rússia? Uma versão digital da Crise dos Mísseis de Cuba de 1962?>
Duvido — a julgar pela reação inicial da Rússia.>
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A mídia russa foi bastante desdenhosa em relação ao anúncio de Trump.>
Em entrevista ao jornal Moskovsky Komsomolets, um comentarista militar concluiu que Trump estava "fazendo birra".>
Um tenente-general aposentado declarou a outro jornal russo, o Kommersant, que as palavras do presidente americano sobre submarinos eram "tolices sem sentido. É assim que ele se diverte".>
"Tenho certeza de que Trump, na verdade, não deu ordem alguma [sobre submarinos]", sugeriu um especialista em segurança russa ao mesmo jornal.>
O Kommersant também lembra que, em 2017, Trump disse ter enviado dois submarinos nucleares à península coreana como aviso à Coreia do Norte.>
Pouco depois, no entanto, ele se reuniu com o líder norte-coreano Kim Jong-un.>
Será que, de forma curiosa, o mais recente envio de submarinos por Trump pode ser o prenúncio de uma cúpula entre EUA e Rússia?>
Não iria tão longe.>
Mas a reação das autoridades russas tem sido curiosa. Até o momento em que este artigo foi escrito, não houve nenhuma.>
Nem do Ministério das Relações Exteriores da Rússia. Nem do Ministério da Defesa.>
E não vi nenhum anúncio sobre reposicionamento de submarinos nucleares russos mais próximos aos EUA.>
Isso indica que Moscou ainda está avaliando a situação e decidindo o que fazer — ou que não vê necessidade de responder.>
A reação da imprensa russa que mencionei antes sugere esta última hipótese.>
Trump já vinha discutindo com Medvedev nas redes sociais há alguns dias.>
Depois que o presidente dos EUA reduziu para menos de duas semanas o prazo de 50 dias para que a Rússia encerrasse sua guerra na Ucrânia, Medvedev postou que Trump estava "brincando de ultimato com a Rússia... Cada novo ultimato é uma ameaça e um passo rumo à guerra".>
Trump respondeu: "Digam a Medvedev, o fracassado ex-presidente russo que acha que ainda está no poder, que tenha cuidado com o que diz. Ele está entrando em um território muito perigoso.">
A postagem seguinte de Medvedev fazia referência à "Mão Morta" — o sistema automático soviético de retaliação nuclear.>
Claramente, isso não caiu nada bem para o chefe da Casa Branca.>
Quando foi presidente da Rússia, entre 2008 e 2012, Medvedev era considerado uma figura relativamente liberal.>
"A liberdade é melhor do que a falta de liberdade", declarou em uma frase famosa.>
Mas o ex-presidente se tornou cada vez mais agressivo. Desde a invasão em larga escala da Ucrânia pela Rússia, ganhou fama por publicações rimbombantes e antiocidentais nas redes sociais. A maioria passou despercebida, já que ele não é visto como porta-voz do Kremlin.>
De repente, chamou a atenção do presidente dos EUA.>
E não apenas isso — conseguiu irritar Trump.>
Uma coisa é se incomodar com uma postagem em rede social. Todos nós já passamos por isso.>
Mas se incomodar tanto a ponto de enviar submarinos nucleares parece um exagero.>
Então, por que Trump fez isso?>
Eis a explicação do próprio Trump, em entrevista à Newsmax: "Medvedev disse coisas muito ruins ao falar sobre energia nuclear. Quando você menciona a palavra 'nuclear', meus olhos se acendem e eu digo que é melhor termos cuidado, porque essa é a ameaça definitiva".>
Mas Medvedev já vinha sendo acusado de fazer ameaças nucleares nas redes sociais há tempos. Não é nenhuma novidade.>
O que está claro é que Trump levou muito a sério as postagens recentes de Medvedev e reagiu de forma proporcional.>
Pode haver também uma estratégia envolvida? A imprevisibilidade parece ser uma marca registrada de Trump, tanto nos negócios quanto na política — ele toma decisões inesperadas que podem desestabilizar rivais e oponentes antes de negociações.>
Como, por exemplo, em relação ao fim da guerra na Ucrânia.>
O envio surpresa de submarinos pode muito bem fazer parte dessa tática.>
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