Publicado em 10 de julho de 2025 às 12:39
O Brasil deve ter uma "resposta firme e estratégica" à decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor taxa de 50% sobre as exportações brasileiras, na avaliação da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA).>
"É momento de cautela, diplomacia afiada e presença ativa do Brasil na mesa de negociações", diz a nota da bancada ruralista. "A diplomacia é o caminho mais estratégico para a retomada das tratativas.">
Presidida pelo deputado Pedro Lupion (PP-PR), a FPA disse que a medida de Trump "representa um alerta ao equilíbrio das relações comerciais e políticas entre os dois países" e que "produz reflexos diretos e atingem o agronegócio nacional, com impactos no câmbio, no consequente aumento do custo de insumos importados e na competitividade das exportações brasileiras".>
Lupion, que tem no currículo ter defendido a anistia do ex-presidente Jair Bolsonaro, repostou em suas redes sociais uma mensagem do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), publicada na noite de quarta-feira (9/7). >
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"Não adianta se esconder atrás do Bolsonaro. A responsabilidade é de quem governa. Narrativas não resolverão o problema", diz a mensagem de Tarcísio publicada pelo líder da bancada ruralista.>
A BBC News Brasil procurou a Confederação Nacional da Agricultura (CNA), que ainda não havia se pronunciado sobre o tema até a publicação desta reportagem.>
A CNA é presidida por João Martins, que defendeu a reeleição de Jair Bolsonaro em 2022. Em outubro daquele ano, num evento que contava com a presença de Bolsonaro e do candidato a vice, Walter Braga Neto, Martins disse a uma plateia de ruralistas que não havia espaço no Brasil para "o retorno de um candidato que foi processado e preso como ladrão".>
Foi por meio de uma carta que Trump anunciou que as exportações brasileiras sofrerão uma taxação adicional de 50% a partir do dia 1º de agosto. >
Em tom duro, a carta diz que a decisão é uma resposta à perseguição que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) estaria sofrendo no Brasil, devido ao processo criminal que enfrenta no Supremo Tribunal Federal (STF), acusado de liderar uma tentativa de golpe de Estado.>
Além disso, Trump também justifica o aumento de tarifa argumentando que o Brasil adota barreiras comerciais (tarifárias e não tarifárias) elevadas contra os EUA, o que estaria desequilibrando o comércio entre os dois países.>
O governo brasileiro refuta essa argumentação, já que a balança comercial tem sido favorável aos Estados Unidos. O lado americano acumulou saldo positivo de US$ 43 bilhões nos últimos dez anos, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.>
Os EUA são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, atrás apenas da China.>
Na carta, Trump ameaça elevar ainda mais a tarifa sobre produtos brasileiros, se o país responder como uma tributação maior sobre importações americanas.>
"Se por qualquer motivo você decidir aumentar suas tarifas, então qualquer que seja o número que você escolher para aumentá-las, ele será adicionado aos 50% que cobramos", diz a carta a Lula.>
No início da noite de quarta, o presidente brasileiro se manifestou dizendo que o Brasil é um país soberano com instituições independentes e "que não aceitará ser tutelado por ninguém".>
"O processo judicial contra aqueles que planejaram o golpe de estado é de competência apenas da Justiça Brasileira e, portanto, não está sujeito a nenhum tipo de ingerência ou ameaça que fira a independência das instituições nacionais", disse Lula nas redes sociais.>
Lula afirmou ainda que qualquer medida de elevação de tarifas de forma unilateral será respondida de acordo com a Lei de Reciprocidade Econômica, lei em vigor desde abril que autoriza o governo a retaliar países ou blocos que imponham barreiras comerciais a produtos brasileiros.>
Nesta reportagem, a BBC News Brasil mostra como a decisão de Trump de taxar Brasil em apoio a Bolsonaro pode beneficiar Lula. >
Especialistas em política internacional e brasileira lembram que interferências externas em assuntos domésticos costumam fortalecer sentimentos nacionalistas.>
Por outro lado, alguns ponderam que a forte polarização política do país pode limitar esse efeito junto a apoiadores mais fiéis ao bolsonarismo.>
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