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Publicado em 14 de junho de 2024 às 20:42
Foi inaugurada nesta sexta-feira (14), em Cariacica, uma fábrica que transforma plástico de garrafa pet em um material que ajuda na redução das emissões de poluição industrial. O supressor de poeira sustentável é um produto desenvolvido pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) em parceria com a Vale e começou a ser utilizado sobre as pilhas de minério desde o final do ano passado. >
Antes da inauguração da fábrica no Espírito Santo, o material, feito após 10 anos de pesquisas, estava sendo produzido por uma empresa paulista. >
Agora, o supressor de poeira a ser utilizado na planta de Tubarão e no carregamento de vagões da Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM) será produzido pela planta da Biosolvit, que tem cerca de 2,7 mil metros quadrados e capacidade instalada para consumir 70 toneladas de plástico por mês. O supressor funciona como uma película protetora que evita a emissão de poeira.>
A produção do supressor de poeira tem potencial para retirar do meio ambiente e reutilizar até 25 milhões de garrafas pet por ano no Espírito Santo até o ano de 2026, segundo Guilhermo Queiroz, CEO da Biosolvit. Para 2024, a estimativa é que o supressor sustentável tenha potencial para retirar do meio ambiente todos os meses mais de 1 milhão de garrafas pet para a produção no Estado.>
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A instalação da fábrica teve investimento de R$ 30 milhões e em breve uma nova unidade deve ser construída em Minas Gerais.>
O supressor sustentável utiliza, além das garrafas pet, outros materiais considerados de baixa reciclabilidade que antes eram destinados ao aterro por não serem aproveitados para a indústria. O novo produto consegue utilizar o plástico pet usado em bandejas (de bolo, ovo ou uva) e garrafas de todas as cores, como as pretas de bebidas energéticas.>
"A produção desta fábrica também contribuirá para o aumento da renda mensal de 580 catadores de recicláveis que fazem parte das associações instaladas na região da Grande Vitória. Isso é extremamente relevante para nós”, destaca o CEO da Biosolvit.>
A maior parte do plástico utilizado para fazer o supressor sustentável será fornecida pelas associações de catadores de material reciclável da Grande Vitória.>
Segundo Lucio Heleno dos Santos, da Rede de Economia Solidária dos Catadores Unidos do Espírito Santo (Reunes), o grupo de catadores deve crescer com o aumento gradativo do uso desse material. Com o projeto, os catadores também conseguem agora um valor mais alto pelo material. >
Nesses últimos meses que os catadores já estão recolhendo o material para o projeto, Lucio Heleno destaca que houve algumas mudanças no processo. Uma delas envolve a implantação de um sistema digital para monitorar a origem do plástico. Essa etapa melhorou o processo de triagem nas associações e também ajudou a melhorar o valor dos materiais. Agora há a rastreabilidade dos produtos, com QR Codes nos fardos de pets. Com a triagem melhorada, outros materiais, como os papelões, também passaram a ser mais valorizados, segundo Lucio Heleno. >
O governador Renato Casagrande (PSB) destacou a importância da iniciativa tanto para o meio ambiente quanto para a renda dos catadores. "Essa integração de ações e esse trabalho conjunto produz efeito positivo para a natureza e também para os catadores de recicláveis, que agora vão ter o material mais valorizado", destaca.>
A vice-presidente executiva de Sustentabilidade da Vale, Malu Paiva, explica que há muitos anos a empresa já utiliza supressores de poeira na planta industrial. A diferença é que agora é sustentável. "Ele é feito à base de plástico reciclado, portanto endereça um grande desafio ambiental, e também é capaz de transformar a vida de muitas pessoas, pois gera renda para os catadores de materiais recicláveis”, afirma.>
Para o reitor da Ufes, Eustáquio de Castro, que é químico e participou da pesquisa no início do processo, é gratificante ver a concretização de mais esta etapa de um projeto que teve início há 10 anos, a partir de uma parceria entre a Vale e a universidade. >
"Esse processo inovador nasceu dentro da Ufes, a partir de uma necessidade identificada e apresentada pela empresa. É um exemplo bem sucedido de como o conhecimento científico e a pesquisa acadêmica podem atuar junto com a iniciativa privada para proporcionar desenvolvimento econômico aliado a melhorias sociais e ambientais em benefício de toda a população", destaca.>
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