Gordura no fígado: veja 6 sinais da doença que pode ser silenciosa

Estima-se que a doença atinja pelo menos 30% da população. Em casos graves, pode ocorrer acúmulo de líquido no abdômen, hemorragias e confusão mental

Gordura no fígado: mulher cansada

O cansaço é um dos sinais de um fígado gorduroso. Crédito: Shutterstock

gordura no fígado, também conhecida como esteatose hepática, é um problema que acontece quando as células do fígado são infiltradas por células de gordura, causando uma inflamação do órgão. O fígado é responsável por exercer mais de 500 funções fundamentais para o organismo e estima-se que a doença atinja pelo menos 30% da população.

A médica gastroenterologista Ariani Bernachi diz que o aumento da gordura no fígado pode resultar em inflamação e evoluir para doenças graves como cirrose hepática, hepatite gordurosa e câncer. "Entre as principais causas da esteatose hepática estão o consumo crônico de álcool, colesterol alto, aumento de triglicérides, hipertensão arterial, diabetes tipo 2 e obesidade".

OS SINAIS DE UM FÍGADO GORDUROSO

A doença pode ser silenciosa ou apresentar alguns sintomas como:

  1. Dor ou desconforto na parte superior direita do abdômen

  2. Fraqueza;

  3. Redução no apetite;

  4. Cansaço;

  5. Hemorragia;

  6. Icterícia (olhos e pele amarelados). 

A hepatologista Mariana Pacheco,  da Rede Meridional, conta que as principais causas da gordura no fígado são os distúrbios metabólicos, como obesidade, diabetes, colesterol alterado. "O excesso de álcool, hepatite B e C, HIV e outras doenças também podem causar gordura no fígado". 

A médica diz que no estado avançado, o fígado já está inflamado e com fibrose, o que pode levar a cirrose hepática. "Aliás, já é uma das principais causas de cirrose no ocidente. E nesse estágio pode acontecer ascite (água na barriga), sangramentos e icterícia, que são os olhos e a pele amarelados". 

DOIS TIPOS

O gastroenterologista Eduardo Furieri, da Samp, diz que existem dois tipos de esteatose hepática: a alcoólica e a não alcoólica. "No primeiro tipo, a principal causa é o consumo excessivo de álcool. Já a esteatose hepática não alcoólica (EHNA) está relacionada principalmente a fatores como obesidade, resistência à insulina, diabetes tipo 2, níveis elevados de colesterol e triglicerídeos no sangue, alimentação inadequada e sedentarismo".

A maioria dos pacientes são assintomáticos. Os sintomas costumam aparecer em fases mais avançadas e podem variar. "Os mais comuns são fadiga persistente, desconforto abdominal no lado direito superior, perda de apetite, perda de peso inexplicada e aumento do tamanho do fígado, que pode ser detectado durante um exame físico", conta Eduardo Furieri. 

"No estado intermediário da doença alguns pacientes também podem apresentar elevação nos níveis de alguns marcadores hepáticos, ocorrendo alterações metabólicas e na função hepática. Por isso, a importância de uma avaliação clínica direcionada"

"No estado intermediário da doença alguns pacientes também podem apresentar elevação nos níveis de alguns marcadores hepáticos, ocorrendo alterações metabólicas e na função hepática. Por isso, a importância de uma avaliação clínica direcionada"

Eduardo Furieri

CONFUSÃO MENTAL

A gastroenterologista Tabata Cristina Alterats, do São Cristóvão Saúde, diz que, em geral, os pacientes notam os sintomas das causas e não algo especifico do fígado. "Um exemplo é o aumento da sede nos pacientes com diabetes, ou aumento da circunferência abdominal em pacientes com síndrome metabólica. Ainda no diabetes temos a acantose nigricans, que são manchas negras em locais de dobra do corpo".

A médica explica que em casos graves, pode ocorrer acúmulo de líquido no abdômen, hemorragias e confusão mental. "Quando temos a hepatopatia crônica, ou seja, a fase final da esteatose onde a fibrose hepática já está instalada no fígado temos essas complicações. O líquido é chamado de ascite e se dá devido a filtração errada do fígado doente levando a acumulo desse líquido em todo abdômen", conta Tabata Cristina Alterats.

Hemorragias podem ocorrer principalmente pela boca, chamada hemorragia digestiva alta, que é causada em geral pela ruptura de varizes de esôfago ou gástricas. "Estas acontecem devido o aumento da pressão de uma veia que sai do fígado chamada 'sistema portal' e leva ao aumento do calibre de todas as veias que saem dele, inclusive do esôfago e do estômago, podendo aumentar pressão e romper essas veias, levando a hemorragia", explica a gastroenterologista.

O gastroenterologista Eduardo Furieri diz que o principal tratamento para a doença é a adoção de hábitos e um estilo de vida saudáveis, como a perda de peso gradual e sustentada, caso haja excesso de peso ou obesidade, uma dieta equilibrada e a prática regular de atividade física. "Também é importante controlar as condições associadas, como diabetes, colesterol alto e pressão arterial elevada. Manter uma alimentação saudável, com ênfase em alimentos ricos em fibras, frutas, legumes, grãos integrais e proteínas magras, enquanto limita a ingestão de gorduras saturadas, gorduras trans e açúcares refinados, é fundamental", ressalta.

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