Repórter / aline.almeida@redegazeta.com.br
Publicado em 23 de agosto de 2024 às 15:00
Nos dias 13 e 14 de setembro, o Teatro Universitário da Ufes abrirá suas portas para "Sagração", uma produção que comemora os 30 anos da Companhia de Dança Deborah Colker, uma das companhias de dança mais respeitadas do mundo. Os ingressos já estão disponíveis na plataforma LeBillet e na bilheteria do teatro.
Sob a direção da consagrada coreógrafa Deborah Colker, "Sagração" é uma adaptação livre de "A Sagração da Primavera", composta pelo russo Igor Stravinsky e apresentada pela primeira vez em Paris, em 1913. A obra original ganhou destaque mundial com a coreografia de Vaslav Nijinsky e a produção de Sergei Diaghilev para os Ballets Russes. A composição de Stravinsky é vista como uma revolução na música, graças às suas inovações rítmicas e harmônicas.
Na montagem "Sagração", a música clássica de Stravinsky é entrelaçada com ritmos brasileiros, resultando em um espetáculo singular, inspirado por antigas visões sobre a criação do mundo. O processo criativo deste espetáculo se estendeu por dois anos e meio, durante os quais Deborah Colker se aprofundou em uma reflexão sobre as nossas origens, a evolução da humanidade e a continuidade da vida no planeta Terra.
Em entrevista exclusiva, Deborah Colker compartilha detalhes sobre o processo criativo e as motivações por trás de "Sagração". Confira:
Deborah Colker: "A Sagração da Primavera de Stravinsky (1913) é uma obra que rompeu com a estética musical da época e foi criada para ser dançada, por isso, eu tinha em mim que em algum momento precisaria realizá-la, então o meu processo de criação partiu disso. Eu queria, através dessa música, provocar uma homenagem que nasce do desafio de mergulhar nessa obra, uma baita responsabilidade. Logo depois de Cura, em uma conversa com minha amiga-irmã Ana Luiza Marinho, eu contei pra ela sobre esse meu desejo antigo e fomos conversando e vimos a importância de trazer essa música pro nosso primitivo. Foi aí então que eu decidi que essa Sagração seria sobre a nossa floresta, nossa sonoridade, nossos povos originários."
Deborah Colker: "Eu estudei piano desde muito nova e, desde aquela época, sabia o peso que essa obra tinha, tanto para a música quanto para a dança. Quando comecei a pensar nos 30 anos da companhia, lembrei do Stravinsky e de tudo que ele representa, e pensei: acho que está na hora."
Deborah Colker: "Ter a possibilidade de levar nossa Sagração brasileira para tantas cidades é incrível, somos sempre muito bem recebidos pelo povo dessa cidade! O que eu espero é que o público embarque na aventura dessa obra que é uma viagem musical, uma composição incrível do Stravinsky com bordados da nossa sonoridade brasileira, e na minha viagem de dançar o caminho evolutivo humano junto com mitos de criação de várias cosmovisões: indígenas, judaico-cristãs e darwinistas. Não deixem de ler o QR code com o roteiro do espetáculo antes de assistir!"
Deborah Colker: "Olha… essa é difícil! Em geral, eu tenho um carinho especial pelas obras que mudaram o rumo da companhia, como foi o caso de Velox e Rota, que marcaram o início dessa trajetória, logo depois Nó, que foi nossa primeira grande mudança, entrando no terreno dos desejos e de um trabalho que entrava mais no campo emocional, das sensações humanas. Tatyana também me marcou porque é onde eu começo a contar histórias e desenvolver dramaturgias. E Cão Sem Plumas, que foi o início da trilogia das minhas últimas obras. Mas no final, não tem jeito, eu acabo tendo uma predileção pelo filho novo (risos), e Sagração tem ocupado um lugar muito bacana, porque depois de Cão Sem Plumas e Cura, que foram espetáculos que tratavam de temas tão densos, minha ideia nessa obra, apesar de também desenvolver um tema importante e urgente, foi sagrar, celebrar."
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