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Cultivando boas práticas e conectando novas ações pensando no futuro do meio ambiente

Cultivando boas práticas e conectando novas ações pensando no futuro do meio ambiente

Para auxiliar no debate sobre o reflorestamento e o uso consciente do meio ambiente, especialistas trazem experiências sobre a vivências e práticas que podem ser válidas nesse momento

Publicado em 25 de setembro de 2020 às 21:39

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pai e filha
Foto plantio. (Acervo)

Realizado anualmente, o projeto “Plantar é viver” conta com o apoio de alguns parceiros que estão engajados no mesmo propósito: promover o uso responsável do meio ambiente e contribuir para a promoção de práticas que ajudem na recuperação da natureza. Mesmo durante a pandemia do novo coronavírus, a entidades mantém firme esse compromisso.

Em 2020, são parceiros do projeto o Projeto ECCO, o Instituto Pacto das Águas e o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper). Para auxiliar no debate sobre o reflorestamento e o uso consciente do meio ambiente, especialistas dessas entidades se dispuseram a dividir experiências sobre a vivências e práticas que podem ser válidas nesse momento.

Além disso, é necessário conhecer um pouco da atuação dessas organizações em defesa do meio ambiente.

COMECE HOJE: VOCÊ PODE AJUDAR NA PRESERVAÇÃO AMBIENTAL

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Crianças no projeto. (JOAO KIRMSE)

O novo coronavírus está causando prejuízos à saúde e a economia mundial, como tem sido noticiado diariamente. De outro ponto de vista, cientistas têm verificado impactos ambientais positivos em função das estratégias de isolamento social estabelecidas no combate à Covid-19, o que nos faz repensar nossos hábitos.

Essa situação revela que precisamos reforçar nossa preocupação com a preservação. Diante disso, como pequenas ações de preservação em casa, na rua, no bairro e na cidade podem ajudar o planeta? A conservação ambiental começa dentro de nós mesmos, na nossa consciência: “Mente sã, corpo são” (Juvenal).

Cuidar dos pensamentos e sentimentos é essencial para cuidar do nosso corpo, que é a nossa menor moradia. Quando nos sentimos em paz com nós mesmos começamos a cuidar melhor das pessoas próximas e do que está ao nosso redor. Assim, sucessivamente vamos começar a conservar melhor a casa onde moramos, nossa rua, bairro, cidade e o planeta tenderá a ser um lugar melhor para se viver. É preciso que você e eu passemos a nos enxergar como parte integrante do meio ambiente. Não é um projeto egoísta, mas passa por mim e por você.

Antes de melhorar o mundo é preciso melhorar os nossos hábitos. Por exemplo, quando for escovar os dentes, tomar banho, limpar a casa, a calçada e o carro, não precisamos deixar o registro aberto o tempo todo. Evitar o desperdício de água não é só questão de economia financeira, mas pensar em nós, nos animais, nas plantas e na natureza como um todo.

Semelhantemente nós podemos abrir as janelas para aproveitar melhor a luz do dia e economizar energia; deixar mais tempo o carro na garagem para economizar combustível e andar mais a pé ou de bicicleta para poluir menos o ar que respiramos e manter-nos em forma; consumir menos alimentos industrializados para manter nossa saúde em dia; usar menos objetos descartáveis, e nunca jogá-los no chão, para a rua e o bairro onde moramos ficarem mais agradáveis de se viver; fazer compras semanalmente nos mercados e feiras do bairro para evitar o desperdício de alimentos; evitar maltratar os animais e as plantas que temos em casa ou no jardim para tornar o lar mais bonito e a vida mais feliz. Um vasinho de planta bem bonita já faz a diferença

Falando em plantas, é bom saber que elas são importantes aliadas que podem nos fornecer produtos e serviços de valor. Daí uma das grandes importâncias em plantar, preservar e recuperar a flora, ou seja, o conjunto de plantas de uma região, mesmo que urbana. Logicamente, podemos planejar o plantio e a distribuição das plantas urbanas para obtermos melhores benefícios.

Planejar, conservar, ampliar e recuperar áreas verdes nas cidades onde vivemos, como praças, parques, trechos de mata, restingas, manguezais e matas ciliares podem trazer benefícios às populações humanas e ao meio ambiente. Basicamente, os benefícios à saúde e ao bem estar humanos, aos seres vivos e ao ambiente físico são potencializados na presença de áreas verdes, desde que estas sejam adequadamente conservadas e/ou recuperadas. Geralmente, quanto mais complexos se tornam os ecossistemas urbanos, maior é a estabilidade das interações ecológicas e dos bens e serviços proporcionados.

Áreas verdes podem colaborar para a estabilização de terrenos como encostas, taludes, margens de rios e lagos, diminuindo o impacto de desastres naturais como deslizamentos de terra e inundações; contribuem para a produção de frutos e sementes, pois podem funcionar como corredores ecológicos para animais polinizadores.

O plantio em áreas públicas como calçadas, canteiros centrais e praças, por exemplo, deve obedecer às regras de planejamento urbano de cada cidade (plano diretor urbano, lei orgânica municipal ou manual de arborização urbana municipal), para isso, parcerias com a prefeitura, empresas e ONGs podem ser opções para colocar ações em prática. Algumas sugestões de espécies de árvores nativas da Mata Atlântica para plantio em área urbana são: pau-brasil (Paubrasilia echinata), aroeirinha-da-praia (Schinus terebinthifolia), ipê-amarelo (Handroanthus chrysotrichus), ipê-branco (Tabebuia roseoalba), ipê-roxo (Handroanthus impetiginosus), fedegoso (Senna macranthera), oiti (Licania tomentosa), araçá (Psidium cattleyanum), pau-ferro (Libidibia ferrea) e baba-de-boi (Cordia superba). Para plantio e restauração de áreas verdes maiores como, por exemplo, os parques, sugere-se o planejamento por um responsável técnico que deverá fazer um estudo para avaliar qual a melhor estratégia a ser empregada em cada situação.

PIONEIRISMO NO REFLORESTAMENTO

plantio
Plantação. (JOAO KIRMSE)

Se atualmente as práticas de preservação do meio ambiente são mais difundidas, inclusive através de projetos como o “Plantar é viver”, há cem anos pouco se falava do assunto. Mas um produtor rural do Sul do Espírito Santo já pensava na preservação da propriedades que eram dedicadas ao plantio. A história dele é contada pelo engenheiro agrônomo, José Arnaldo de Alencar, e por João Martins, que é produtor e filho desse visionário “amigo do meio ambiente”.

O cuidado com o meio ambiente tem atualmente nas reservas particulares do patrimônio natural (RPPN) um forte instrumento de preservação e conservação das florestas. Essas reservas são unidades territoriais de conservação que ficam sob a responsabilidade dos seus proprietários. Há noventa anos, esse instrumento de preservação não existia, mas o senhor Marcelino, pai do produtor João Martins, que reside em Cachoeirinha , município de Rio Novo do Sul, na região Sul do Espírito Santo, já se preocupava com a sustentabilidade da sua pequena propriedade, vislumbrando um futuro sombrio, caso não recuperasse a mata nativa que ali existia, e que fora retirada para o plantio de café e demais cereais.

Naquela época, somente se plantava café nas chamadas terras virgens, devido sua fertilidade. Derrubava-se a floresta para o plantio de café e quando esse envelhecia faziam-se novas derrubadas de forma desordenada, com queimadas, destruindo tudo, inclusive madeiras de lei. Esta prática, segundo ele, era inconsciente, por falta de informações, e, portanto, não se previa as consequências, pois não se tinha ideia da relação da floresta com a produção de água e outros benefícios ambientais.

O senhor Marcelino deixava crescer no meio dos seus cultivares de cereais, algumas árvores que surgiam de sementes trazidas pelos pássaros ou pelos ventos, ele ia na contra mão da prática que era desmatar, tempo em que nem se ouvia a palavra preservar.Aquela simples atitude de deixar crescer aquelas árvores que aos poucos frutificaram se tornando uma pequena floresta, contribuiu para a manutenção de suas nascentes, o retorno de pássaros e animais, a recuperação do solo e outros benefícios ambientais.

Para os interessados, é possível qualquer produtor conhecer in loco o “bosque que fala” e constatar que pode fazer o mesmo em sua propriedade, com pouco investimento, e também constatar que não era Marcelino que estava na contramão da história, pois com o desmatamento desordenado e outras práticas de agressões ambientais hoje vivemos as consequências.

A experiência de Marcelino iniciada há noventa anos se tornou vencedora do Prêmio Biguá de Sustentabilidade em 2018, tornando-se referência na região tem recebido visitantes até de outros países.

O Instituto Pacto Pelas Águas Capixabas, surgiu por iniciativa de um grupo de pessoas e entidades, em 2017, e tem como objetivo implantar ações que contribuam para a melhoria da qualidade e quantidade das águas no estado do Espírito Santo, através de projetos e ações de recuperação das áreas de preservação permanente, nascentes e restauração de áreas degradadas.

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Mudas. (Acervo)

TRABALHO POR UM MUNDO MELHOR

Desde 2008, o Projeto ECCO. presta relevantes serviços na recuperação de áreas vegetais degradadas, na região de São Roque do Canaã, Noroeste do Estado, e em todo o Espírito Santo.

Reflorestamento e recuperação de áreas degradadas são as diretrizes que orientam todas as ações do Projeto ECCO. A criação do projeto surgiu da ideia de um grupo de empresários.

Nesse período em atividade, o projeto estimula e apoia trabalhos em defesa, conservação, preservação e recuperação do meio ambiente, do patrimônio paisagístico e dos bens e valores culturais, prioritariamente no âmbito da Mata Atlântica e Ecossistemas Associados.

Além de desenvolver trabalhos de recuperação de ambientes degradados, através de plantio de árvores nativas e frutíferas.

AUTORES

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José Arnaldo de Alencar - Eng. Agrônomo? | João Martins – Produtor Rural, Rio Novo do Sul | Maurício Lima Dan -  Biólogo e Doutor em Ciências Florestais (Agente de Pesquisa e Inovação em Desenvolvimento Rural - Recursos Naturais - Incaper)

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