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Valeixo cita pedido 'em canal não apropriado' na PF do ES no caso Adriano

Valeixo cita pedido "em canal não apropriado" na PF do ES no caso Adriano

Em depoimento, ex-diretor-geral da PF disse que pedidos por apoio na operação que matou o ex-capitão da PM Adriano da Nóbrega foram feitos através do superintendente do ES por canais não apropriados

Publicado em 12 de maio de 2020 às 15:32

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Adriano Magalhães da Nóbrega é acusado de chefiar grupo de matadores de aluguel no RJ
Adriano Magalhães da Nóbrega é acusado de chefiar grupo de matadores de aluguel no RJ. (Divulgação/Polícia Civil)

O superintendente da Polícia Federal no Espírito Santo, Jairo Souza da Silva, teria procurado, no início do ano, o então diretor-geral da PF, Maurício Valeixo, para falar sobre um pedido de apoio na operação que matou o ex-capitão da Polícia Militar do Rio de Janeiro Adriano da Nóbrega. Valeixo disse que o apoio deveria ter sido solicitado por "canais mais apropriados", já que era uma operação sigilosa. Em casos assim, os órgãos costumam fazer os pedidos pelos canais de inteligência, sem divulgar o alvo da operação. 

Valeixo cita "em canal não apropriado" na PF do ES no caso Adriano

Segundo o ex-diretor, a solicitação não voltou a ser feita e, consequentemente, a questão não voltou a ser tratada. O episódio foi relatado por Valeixo, em depoimento prestado na segunda-feira (11), quando foi questionado se houve "algum pedido de autuação da Polícia Federal" na operação contra Adriano. Nele, Valeixo confirma que a operação para prender o ex-policial era de conhecimento do Ministério da Justiça. Segundo a coluna Painel, da "Folha de S. Paulo", uma das secretarias do Ministério, na época ainda chefiado pelo ex-juiz Sergio Moro, também sondou a possibilidade de apoio com helicóptero e alguns efetivos. 

"Que houve uma consulta à Polícia Federal, não pelo canal apropriado, vez que se deu via Secretaria de Operações Integradas do Ministério da Justiça (SEOPI) e através do Dr. Jairo, Superintendente da PF no Espírito Santo, de um apoio aéreo a uma operação na Bahia, que o depoente respondeu que devia se observar os canais apropriados, via canais de inteligência se houvesse informações reservadas, para que se avaliasse o apoio da Polícia Federal, que no entanto esse pedido nunca foi formalizado, logo não foi respondido", diz o trecho do depoimento em que o superintendente foi citado, que A Gazeta teve acesso.

Maurício Valeixo
Maurício Valeixo, ex-diretor-geral da Polícia Federal que deu depoimento à própria PF. (José Cruz/Agência Brasil)

Nóbrega era ex-capitão do Bope e considerado peça-chave na expansão das milícias no Rio de Janeiro, na morte da vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco e no esquema de rachadinha no gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro (Republicanos), hoje senador da República.

Em fevereiro, após mais de um ano foragido, o miliciano foi morto durante uma operação da Polícia Militar da Bahia, que contou com a atuação da equipe de inteligência da Polícia Civil do Rio de Janeiro. 

O ex-PM foi morto em um sítio em Esplanada, a 170 quilômetros ao norte de Salvador, na Bahia. Ele estava sendo procurado desde a deflagração da Operação Intocáveis, da Polícia Civil e do Ministério Público do Rio de Janeiro, que investigava acusados de integrar o grupo miliciano "Escritório do Crime", que atuava em Rio das Pedras e na Muzema, na periferia da capital fluminense. O imóvel onde o miliciano foi morto pertence ao vereador de Esplanada Gilsinho da Dedé (PSL-BA). Ele alegou não ter conhecimento de que o ex-capitão estava em seu sítio.

OUTRO LADO

A reportagem procurou a Polícia Federal e o superintendente da PF no Espírito Santo, Jairo Souza da Silva, para manifestação sobre o depoimento. Também foi questionado sobre qual seria o canal apropriado para o pedido de apoio à operação. A Polícia Federal disse que não comenta o conteúdo de eventuais depoimentos prestados. A Superintendência da PF no Estado ainda não se pronunciou.

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