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Publicado em 26 de julho de 2024 às 20:33
- Atualizado há um ano
O deputado estadual Capitão Assumção, pré-candidato a prefeito em Vitória pelo PL nas Eleições 2024, partido do ex-presidente da República Jair Bolsonaro, tem convenção marcada para este sábado (27) para oficializar sua candidatura. Investigado em um inquérito que trata sobre ataques à democracia e aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), o parlamentar cumpre medidas cautelares desde 2022. Ele está proibido, por exemplo, de dar entrevistas e fazer postagens em redes sociais. >
As restrições impostas ao deputado pelo ministro do STF Alexandre de Moraes, ainda estão vigentes, segundo informou o diretório estadual do PL à reportagem de A Gazeta nesta sexta-feira (26). As medidas ainda incluem a obrigação do uso de tornozeleira eletrônica e a proibição de participar de eventos públicos. As regras, portanto, dificultariam o trabalho do pré-candidato do PL durante a corrida eleitoral, caso sejam mantidas.>
A assessoria jurídica da pré-campanha do parlamentar, representada pelo advogado Fernando Dilen, garante que neste sábado ele voltará a falar com a imprensa. Dilen, no entanto, não esclareceu qual dispositivo jurídico possibilitaria que Assumção atendesse jornalistas. >
A reportagem consultou especialistas em Direito Eleitoral para saber o que aconteceria com o deputado caso ele descumprisse as restrições. Também foi questionado se há algum caminho jurídico que pode ser adotado para que Assumção seja liberado para dar entrevistas, participar de eventos e postar em redes sociais. Os advogados afirmam que, caso não haja uma autorização judicial expressa para que Assumção possa falar com a imprensa durante o período de campanha, o deputado estará descumprindo determinação do STF. Em último caso, poderá voltar à prisão.>
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Doutor em Sociologia Jurídica e um dos redatores da Lei da Ficha Limpa, o ex-juiz eleitoral Márlon Reis explica que, em casos como o do deputado, já que a decisão do Supremo não abre exceções, "não será possível a manifestação (concessão de entrevistas)". A restrição seria mantida, de acordo com Reis, mesmo que Assumção fale com a imprensa sobre tema diferente do que resultou na aplicação das medidas cautelares.>
Márlon Reis
Ex-juiz eleitoral e um dos redatores da Lei da Ficha LimpaO entendimento do ex-magistrado é corroborado por Gabriela Rolemberg, advogada, cientista política e especialista em Direito Eleitoral, com atuação no Distrito Federal. A jurista também chama atenção para o fato de que o conjunto de normas eleitorais não traz, segundo ela, nenhum dispositivo que possa se sobrepor à determinação do ministro do STF.>
"As regras aplicadas no Direito Eleitoral não têm poder de reverter uma decisão do STF. Além disso, existe um respeito muito grande dos demais tribunais com a Corte Superior. Se há cautelares impostas por um ministro do Supremo, elas precisam ser cumpridas", pontua.>
Caso não esteja amparado em alguma decisão ou dispositivo legal que lhe permita conceder entrevistas, e realmente fale com a imprensa, conforme garante a assessoria jurídica de sua pré-campanha, Assumção poderá se tornar reincidente no descumprimento de cautelares impostas pelo STF. >
O parlamentar do PL é investigado no âmbito do Inquérito das Fake News, que tramita no STF. Ele é acusado pelo Ministério Público do Espírito Santo (MPES) de integrar uma "milícia digital" para desestabilizar as instituições da República.>
Em 28 de fevereiro deste ano, o parlamentar foi preso em Vitória por determinação de Alexandre de Moraes, justamente por descumprir medidas cautelares. O deputado foi solto no dia 8 de março, após o ministro do STF seguir decisão da Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales), que votou pela revogação da prisão. O placar de votos dos deputados foi de 24 votos a favor da soltura e 4 contra. >
Para Gabriela Rolemberg, o fato de Assumção já ter descumprido cautelares pode agravar a situação, caso ele não tenha nenhum amparo legal para voltar a conceder entrevistas após quase dois anos de restrição. "O descumprimento de medida cautelar, por si só, já passível de prisão. Uma possível reincidência torna a questão ainda mais grave", ressalta.>
A assessoria do PL no Estado foi procurada, nesta sexta-feira (26), para informações atualizadas sofre as cautelares impostas a Assumção pelo STF. A legenda informou ter consultado a defesa do parlamentar no processo e que todas as restrições impostas a ele (uso de tornozeleira eletrônica, proibição de uso das redes sociais e concessão de entrevista à imprensa) seguem vigentes. >
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