Repórter / [email protected]
Publicado em 14 de julho de 2025 às 10:25
A tarifa de 50% imposta por Donald Trump aos produtos brasileiros importados pelos Estados Unidos tem gerado repercussão no Brasil, não somente no setor econômico, mas também no campo político. Isso porque a medida adotada pelo presidente norte-americano é interpretada como mais um capítulo da guerra ideológica entre a extrema direita e grupos mais alinhados à esquerda no país.>
A disputa política relacionada ao tarifaço dos Estados Unidos é reforçada pelo fato de o ex-presidente Jair Bolsonaro ter sido citado por Trump, em carta enviada ao governo Lula sobre as tarifas, como alvo de uma “caça às bruxas”, devido ao processo ao qual responde no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado.>
Especialista apontam que a imposição de Trump pode gerar descontrole e redução da atividade econômica no Brasil e, consequentemente, no Estado. A reportagem de A Gazeta procurou parlamentares do Espírito Santo que se declaram simpatizantes da gestão do presidente norte-americano, muito pela ligação do mandatário com Bolsonaro, para saber o que eles acham do "tarifaço" imposto aos produtos brasileiros.>
Foram ouvidos deputados estaduais, deputados federais e senadores que se intitulam integrantes da direita conservadora e do bolsonarismo no Espírito Santo. Eles foram perguntados se são a favor ou contra a aplicação da tarifa de Trump e o porquê de seus posicionamentos.>
>
O deputado estadual Alcântaro Filho (Republicanos) diz que a imposição da tarifa de 50% pelos Estados Unidos é, segundo ele, um alerta grave sobre os rumos da "vexatória política externa brasileira".>
"Quando o governo Lula escolhe se afastar de democracias consolidadas e se aproximar de ditaduras, os efeitos recaem diretamente sobre a economia e o povo. E o Espírito Santo, com sua forte vocação exportadora — especialmente em setores como o aço e o petróleo —, está entre os mais prejudicados", afirma Alcântaro, sem dizer claramente se é a favor ou contra a medida adotada por Trump.>
Contrário à medida, o também deputado estadual Callegari (PL) joga na conta do governo Lula a decisão de Trump e impor o alto percentual tarifário à produção nacional.>
"Não apoio nada que prejudique os empreendedores brasileiros. Infelizmente, a inconsequência do governo Lula em suas alianças com ditaduras mundo afora e o constante ataque de ministros do STF à legalidade e aos direitos humanos nos conduziram a essa situação de confronto com a maior potência mundial. Se fossem sanções individuais contra violadores notórios das nossas liberdades e garantias individuais (como ainda pode acontecer), não me oporia. Mas esse tipo de punição coletiva contra meu povo, não concordo e nem apoio", afirma o deputado da Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales).>
Lucas Polese (PL) é um dos deputados estaduais cujo discurso na Ales vai ao encontro do bolsonarismo e das políticas adotadas pelo presidente Donald Trump. Ao responder se é a favor ou contra a tarifa imposta aos produtos brasileiros, o parlamentar, no entanto, não deixou claro seu posicionamento, limitando-se a dizer que lamentava a imposição da medida.>
“Como cidadão brasileiro e capixaba, lamento profundamente. É péssima para nosso setor produtivo. O fato é que não se trata de apoiar ou reprovar, já que os EUA são uma nação soberana e têm plena autonomia sobre seu capital e suas decisões fiscais. A tributação é catastrófica para os nossos mercados, mas inevitável, visto que todas as autocracias marxistas do mundo sofrem embargos dos EUA e não haveria explicação para tratamento especial ao Brasil – um aliado do bloco russo-chinês, cuja Corte constitucional abre inquéritos, investiga e condena de ofício, rasgando o texto legal e avançando até sobre território internacional, quando julga conveniente", frisa o deputado do PL.>
O deputado federal Evair de Melo (PP) é um dos mais ferrenhos defensores do bolsonarismo e também já demonstrou, por diversas vezes, simpatia à política de Trump. Ao responder sobre a tarifa do governo norte-americano, o progressista disse que, para ele, o "Brasil deu sopa para o azar" por ser "a única das economias do G20 a não manter ativamente negociações bilaterais com os EUA".>
"Desentendimentos políticos entre EUA e Brasil respingaram para o campo comercial, com restrições/punições a exportações brasileiras. Isso é grave o bastante. Mesmo porque, se estivesse no patamar anterior de 10%, o Brasil ganharia competitividade em relação a tradicionais fornecedores dos EUA localizados no Sudeste Asiático (China, Vietnã, Tailândia, Bangladesh, por exemplo) no quesito 'preço' e, portanto, poderiam representar oportunidades para exportadores brasileiros", afirma Evair de Melo>
Messias Donato (Republicanos), por sua vez, credita a decisão de Trump à condução do país pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva.>
“O governo Lula tem recorrido a velhas estratégias da esquerda: quando a incompetência interna fica evidente, eles inventam um inimigo externo para desviar a atenção da população. É o que está acontecendo agora com essa crise diplomática", frisa o deputado federal, sem sinalizar se é a favor ou contra a medida.>
Afirmando ser contra qualquer iniciativa que impacte diretamente nos brasileiros, independentemente de quem seja o autor, o senador Marcos Do Val (Podemos), sustenta que essa, segundo ele, era uma decisão previsível, desde que Trump venceu as eleições nos Estados Unidos, no ano passado.>
"Eu já previa esse tipo de movimento desde que Donald Trump venceu as eleições nos Estados Unidos. A minha aproximação com o senador Marco Rubio me deu clareza sobre a direção que seria tomada em relação à política comercial americana. Portanto, essa atitude do governo dos EUA não me surpreende", diz o senador capixaba.>
Presidente do PL no Espírito Santo, o senador Magno Malta respondeu aos questionamentos da reportagem afirmando que "quem deve explicações é o governo Lula, que criou a crise com os EUA".>
"Lula escolheu se alinhar a ditaduras inimigas de Israel e dos EUA, atacou o dólar, tentou criar moeda paralela, recebeu navios iranianos e comparou Israel ao nazismo. Deixou nossa embaixada nos EUA abandonada. Enquanto isso, STF censura redes, Janja ataca Elon Musk, Moraes suspende o X. Esse é o Brasil que Lula apresenta ao mundo. Trump respondeu com tarifa de 50%. Ou seja, a única soberania violada aqui é a do povo brasileiro, censurado e ignorado por um governo ideológico", afirma Magno Malta.>
Na quarta-feira (9), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, decidiu impor uma tarifa de 50% ao Brasil e citou o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na carta enviada ao presidente Lula (PT) que publicou nas redes sociais. A nova taxa deverá entrar em vigor em 1º de agosto. >
Trump afirma que a forma como o Brasil tem tratado Bolsonaro é uma "desgraça" e que o julgamento contra o ex-presidente é uma "caça às bruxas que precisa ser encerrada imediatamente".>
"A forma como o Brasil tem tratado o ex-Presidente Bolsonaro, um líder altamente respeitado em todo o mundo durante seu mandato, inclusive pelos Estados Unidos, é uma vergonha internacional. Esse julgamento não deveria estar ocorrendo. É uma Caça às Bruxas que deve acabar IMEDIATAMENTE!">
Segundo a carta, as tarifas serão cobradas a partir de 1º de agosto. Trump fala nas ordens "secretas e ilegais" emitidas contra plataformas de mídia nos Estados Unidos, e violação à "liberdade de expressão de americanos".>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta