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No ES, Lula debocha de Eduardo Bolsonaro: 'Trump, solta meu pai'

No ES, Lula debocha de Eduardo Bolsonaro: 'Trump, solta meu pai'

No discurso durante solenidade em Linhares, o presidente se referiu ao antecessor como "coisa covarde" e chegou a ironizar sobre manobras que teriam sido realizadas por ele para não ser julgado pelo STF

Publicado em 11 de julho de 2025 às 14:43

O tarifaço anunciado por Donald Trump contra o Brasil deu nova munição para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticar o antecessor Jair Bolsonaro (PL), que estaria tentando se livrar da ação no Supremo Tribunal Federal (STF) com a interferência do presidente americano. Em visita ao Espírito Santo nesta sexta-feira (11), o petista usou um tom de deboche no discurso para se referir a Bolsonaro e às manobras que estariam sendo realizadas por ele para não ser julgado.

"Em 2023, quando chegamos, o país estava quebrado. Tivemos que fazer a PEC da transição para poder ter dinheiro e pagar a dívida daquela coisa que governou o país. Aquela coisa covarde que preparou um golpe neste país. Teve coragem de fazer, está sendo processado, vai ser julgado. E ele mandou o filho dele para os Estados Unidos pedir para o Trump fazer ameaça. 'Ah, se não liberarem o Bolsonaro, eu vou taxar vocês!'", afirmou durante solenidade em Linhares sobre o início dos pagamentos do Programa de Transferência de Renda (PTR) aos atingidos pela lama do Rio Doce, após o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), em novembro de 2015. 

Lula mencionou o tarifaço e fez conjecturas sobre os motivos para Trump querer aplicar uma taxa de 50% na importação de produtos brasileiros. "Qual é a lógica dele? 'Ah, não processa o Bolsonaro, para com isso imediatamente'", disse, com voz alterada, um pouco infantilizada, o que arrancou risos do público.

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No ES, Lula debocha de Eduardo Bolsonaro:'Trump, solta meu pai'

E continuou: "Porque a 'coisa' mandou o filho deputado (Eduardo Bolsonaro) se afastar da Câmara para ir lá (nos Estados Unidos) e ficar pedindo: 'Trump, pelo amor de Deus, solta meu pai, não deixa meu pai ser preso'. Essa gente precisa criar vergonha na cara porque a coisa mais pequena de um homem é não ter caráter!"

A nova taxa de 50% sobre a importação de produtos do Brasil poderá ser aplicada a partir de 1º de agosto e foi anunciada por Trump em uma carta, na qual diz que a decisão é uma resposta à perseguição que o ex-presidente Jair Bolsonaro estaria sofrendo no Brasil, devido ao processo criminal que enfrenta no STF, acusado de liderar uma tentativa de golpe de Estado.

Lula perguntou para a plateia se havia visto o filho de Bolsonaro lendo uma carta na quinta-feira (10) e, ainda fazendo deboche pela voz, falou: "Oh, Trump, fala que você não vai taxar o Brasil, se meu pai não for preso". Ao final da imitação do que teria sido a fala de Eduardo Bolsonaro, o presidente riu e voltou a criticar o antecessor. 

"Que homem é esse, gente? Que tipo de homem é esse que tem vergonha de enfrentar o processo dele de frente e provar que é inocente. Porque quem está denunciando ele (Jair Bolsonaro) não é o governador do Espírito Santo, não é alguém do MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens), não é o pescador, não é o sem terra, não é ninguém do PT.  Quem está denunciando ele são os generais e o ajudante de ordens dele", pontuou. 

O presidente ponderou que Bolsonaro vai ser julgado com base no que há nos autos do processo. "Se for inocente, será absolvido. Se for culpado, vai para a cadeia, como todo mundo tem que ir. "

Lula lembrou que ele próprio enfrentou um processo e chegaram a sugerir que deixasse o país assumindo uma embaixada, mas que não acatou a ideia, nem aceitou outras concessões. 

"Se o presidente dos Estados Unidos acha que um pernambucano que escapou de morrer de fome, um cara que perdeu três eleições, um cara (sobre quem) inventaram uma mentira para me prender, depois tentaram oferecer uma liberdade negociada e eu disse: 'eu não troco a minha dignidade pela minha liberdade'. Portanto, eu quero dizer, com todo o respeito ao presidente Trump, o senhor está mal-informado, muito mal-informado", ressaltou Lula no discurso em que contesta as alegações de Trump para impor o tarifaço.

Lula acrescentou que sempre teve boas relações com presidentes, citando vários nomes de chefes de países europeus, da América Latina e, inclusive, dos Estados Unidos, e que vai buscar restabelecer a parceria comercial com o governo americano sem as altas taxas por meio de negociações, mas, se não for possível, adotará a lei da reciprocidade, isto é, se os Estados Unidos taxam o Brasil, o Brasil taxará os Estados Unidos. 

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