Publicado em 23 de maio de 2020 às 06:00
O novo coronavírus avança e provoca mudanças no trabalho, na rotina das pessoas e, principalmente, na forma como a sociedade, daqui para frente, terá que conviver com novos hábitos de saúde. E são justamente essas questões sanitárias e sociais, trazidas ao debate pela pandemia, que vão impactar e guiar o pleito municipal de 2020.>
Apesar de o Congresso já sinalizar o adiamento das eleições deste ano, ainda não há definição sobre uma nova data. Parlamentares estudam adiar o primeiro turno para 15 de novembro ou 6 de dezembro, com um período mais curto para o segundo turno, sem que ocorram prorrogações de mandatos. Pelo calendário eleitoral, a disputa aconteceria no dia 4 de outubro, com segundo turno marcado para 25 do mesmo mês. >
Independentemente de quando ocorrerão as eleições, especialistas apostam em mudanças nas bandeiras dos candidatos, que terão que colocar saúde e geração de empregos como temas centrais das discussões e das propostas. Os eleitores, por sua vez, deverão usar as urnas para avaliar a forma como os políticos têm enfrentado a crise.>
Se o coronavírus deve influenciar a escolha na hora de digitar o número de um candidato na urna, outra preocupação muito provavelmente estará na cabeça do eleitor: o risco de contaminação pelo vírus. Eleições, tradicionalmente, são marcadas por filas e aglomerações. Até o momento não há discussões sobre medidas de segurança que deverão ser adotadas caso o pleito ocorra em um cenário de pandemia.>
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As disputas municipais têm, no geral, um caráter diferente das eleições gerais. Elas trazem pautas mais próximas dos cidadãos, que buscam soluções para problemas do dia a dia. >
Humberto Dantas
Cientista PolíticoNeste cenário, temas como combate à corrupção e segurança pública, que pautaram as eleições presidenciais em 2018, tendem a perder espaço para problemas regionais trazidos pela pandemia. Na visão dos especialistas, saúde e geração de renda farão parte de um roteiro inevitável a ser seguido por candidatos a prefeito e vereadores nas eleições deste ano.>
"Os municípios vão estar totalmente contaminados pelos reflexos da pandemia e isso vai ditar o rumo das eleições. A agenda de 2020 será de recuperação econômica e fortalecimento do sistema de saúde básica. Os candidatos vão ser obrigados a falar sobre isso durante a campanha eleitoral. Quem apresentar propostas mais alinhadas com essa agenda tem chance de sair na frente. Quem ignorar, vai estar dando um tiro no pé", afirma o cientista político e professor da Unesp Milton Lahuerta. >
E apesar de a eleição ser local, a polarização política que marca o Brasil não ficará de fora. Ganhará, contudo, novos contornos. Discursos extremos e divergências sobre políticas de isolamento, já observados no enfrentamento ao coronavírus no país, tendem a ser reforçados, como destaca o especialista em marketing político Roberto Gondo. >
Roberto Gondo
Especialista em Marketing PolíticoA tendência, segundo Gondo, é que o discurso favorável ao isolamento seja mais forte nas grandes cidades, onde o colapso da saúde ficará evidente, assim como o número de mortes. >
"Nas capitais, principalmente, onde vai ser nítido como o sistema de saúde foi sobrecarregado, o debate sobre políticas públicas se destaca. Mas um movimento contrário ao isolamento e mais alinhado ao presidente tende a crescer em cidades pequenas, onde os impactos na saúde não foram tão grandes quanto na economia.">
A avaliação sobre as ações do atual mandato em meio à crise vai pesar mais, evidentemente, sobre os prefeitos que tentam a reeleição. O cientista político Rodrigo Prando acredita que a capacidade mostrada pelos governantes de gerenciar a crise do coronavírus também será avaliada nas urnas. >
Rodrigo Prando
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