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Capixaba é preso por ordem de Moraes após atacar STF nas redes sociais

Capixaba é preso por ordem de Moraes após atacar STF nas redes sociais

Marcos Soares Moreira já havia sido preso em janeiro sob acusação de envolvimento nos atos golpistas e, desde que foi liberado em maio, tinha regras a cumprir, mas as desrespeitou

Publicado em 22 de setembro de 2023 às 18:20

Ícone - Tempo de Leitura 4min de leitura
Ednalva Andrade
Repórter / [email protected]

O empresário capixaba Marcos Soares Moreira, de 40 anos, foi preso nesta sexta-feira (22) por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, após ter usado as redes sociais esta semana para atacar os ministros da Suprema Corte e ter dito que não temia voltar para a prisão. Morador da Serra, ele foi detido preventivamente pela Polícia Federal, segundo informou o superintendente da PF no Espírito Santo, Eugênio Ricas.

Marcos é um dos réus por participação nos atos golpistas de 8 de janeiro, que resultaram em vandalismo e depredação das sedes dos Três Poderes. A prisão dele foi determinada na quarta-feira (20) por Alexandre de Moraes, em razão do descumprimento das medidas cautelares impostas para ser solto, em maio.

O capixaba ficou preso anteriormente por 120 dias. A prisão durou de 9 de janeiro, quando estava no acampamento bolsonarista próximo ao quartel-general do Exército em Brasília, até 8 de maio. Quando saiu, a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra ele já havia sido recebida pelo plenário do Supremo.

O capixaba estava na lista dos 1.125 acusados que poderiam firmar acordo de não persecução penal com a PGR, mas também usou as redes sociais para criticar o uso do instrumento para os participantes dos atos de 8 de janeiro, uma vez que uma das exigências para efetivar o acordo é assumir a culpa pelos crimes praticados. Ele ainda conclamou os demais que foram detidos por participarem dos atos golpistas a não aceitarem a proposta da PGR.

Réus no STF por participação nos atos de 8 de janeiro podem fazer acordo
Marcos Soares Moreira é réu no STF por participação nos atos de 8 de janeiro. (Reprodução/Redes sociais)

Uma publicação dele no TikTok atacando ministros do STF viralizou durante esta semana na internet (veja acima) e foi usada por Moraes para justificar o mandado de prisão. No vídeo, Marcos faz ofensas ao próprio Moraes e a Rosa Weber, presidente do Supremo. E chega a pedir para ser preso novamente.

"Me prendam novamente. Não estou com medo. Para mim, é indiferente, estar aqui ou lá dentro. Mas eu jamais vou me curvar a vocês, bandidos, que têm o poder da caneta nas mãos, porém são bandidos. Alexandre de Moraes, Rosa Weber, todos vocês aí, são bandidos, vagabundos. Não vou me curvar a vocês", atacou Marcos.

O empresário e ex-modelo cumpre medidas cautelares desde que deixou a prisão, as quais incluem: proibição do uso das redes sociais; proibição de encontros com os demais investigados; uso de tornozeleira eletrônica; retenção do passaporte; e comparecimento ao fórum da cidade onde reside a cada segunda-feira. 

"Desprezo pela Justiça"

Ao determinar a prisão do empresário, o ministro Alexandre de Moraes ressaltou que, mesmo ciente da proibição de usar as redes sociais e "demonstrando total desprezo pela Justiça, o denunciado publicou dois vídeos na rede social TikTok, nos quais ataca esta Corte e profere diversas ofensas à honra dos ministros que a integram".

O ministro cita, ainda, que em uma das publicações o denunciado convoca manifestantes para, no dia 12 de outubro de 2023, irem às ruas contra  pauta absurda que "a Justiça está colocando para ser votada para liberar o assassinato e o homicídio de bebês". O acusado se referia ao julgamento em andamento no STF sobre a descriminalização do aborto até 12 semanas de gestação.

Moraes ainda destaca que "a possibilidade de restabelecimento da ordem de prisão foi expressamente consignada na decisão que substituiu a custódia por medidas cautelares diversas", a qual estabelecia que o descumprimento de qualquer uma das medidas alternativas implicará na revogação e decretação da prisão. A revogação foi determinada em 3 de maio, mas Marcos publicou em suas redes sociais vídeo de sua soltura em 8 de maio.

"Nesse contexto, a notícia de que o acusado descumpriu a medida cautelar a ele imposta por ocasião da concessão de liberdade provisória constitui motivo suficiente para a decretação da prisão, nos termos do art. 312, § 1º, c/c art. 282, § 4º, ambos do Código de Processo Penal", concluiu o ministro do STF.

Apesar de afirmar no vídeo em que ataca os ministros do Supremo que não temia voltar para a prisão, Marcos fechou os comentários das postagens e o seu perfil no Instagram depois de viralizar na internet, na última quarta-feira (20). Em seu perfil, ele se apresentava como pré-candidato a vereador da Serra, tendo publicado vídeos da sua presença na convenção realizada pelo PL em julho, em Vila Velha.

O empresário chegou a fazer duas postagens no perfil da sua empresa nesta sexta-feira (22), mas, segundo o superintendente da Polícia Federal, foi localizado à tarde e preso. Ele não estava em casa no momento da prisão e foi levado para o Centro de Triagem de Viana. Ricas informou que a determinação à PF era apenas prendê-lo e não havia informação sobre a possibilidade de transferência do empresário para Brasília.

A decisão do ministro foi divulgada na tarde desta sexta-feira (22), somente após o cumprimento do mandado de prisão. Ela havia sido expedida ainda na quarta-feira (20), quando o vídeo de Marcos viralizou nas redes sociais.

A Secretaria de Estado da Justiça (Sejus), em nota da assessoria, disse que Marcos foi levado para o Centro de Detenção Provisória de Viana II. 

A advogada de Marcos, Margarida da Silva, informou que tomou ciência da prisão do seu cliente, mas ainda não conhece o teor da decisão do ministro Alexandre de Moraes. Por isso, preferiu não se manifestar a respeito.

Errata Atualização
22 de setembro de 2023 às 20:03

O título e o texto da matéria foram atualizados em razão da informação sobre o cumprimento do mandado de prisão pela Polícia Federal.

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