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Publicado em 2 de fevereiro de 2023 às 16:30
- Atualizado há 3 anos
A Advocacia-Geral da União (AGU) solicitou a exclusão de uma empresa de turismo capixaba, com sede em Cariacica, da lista de empresas e pessoas suspeitas de financiar o fretamento de ônibus para os atos golpistas que resultaram na destruição dos prédios públicos na Praça dos Três Poderes, no dia 8 de janeiro, em Brasília. Foi pedido ainda a liberação dos bens que haviam sido bloqueados. >
Em 12 de janeiro a Justiça Federal havia aceitou o pedido inicial da AGU e bloqueou R$ 6,5 milhões em bens de 52 pessoas e sete empresas. A quantia bloqueada tem como objetivo reparar danos causados pela depredação de patrimônio público em caso de posterior condenação.>
Entre elas estava a Squad Viagens e Turismo, empresa pertencente ao grupo Águia Branca e que é especializada em locação de ônibus para eventos e pacotes de viagens. Na ocasião, a Squad e o Grupo Águia Branca negaram qualquer financiamento e explicaram que foram contratadas para prestar o serviço. >
Em documento encaminhado para a 8ª Vara da Justiça Federal do Distrito Federal, a AGU informou que a Squad apresentou documentos revelando ter sido intermediária dos serviços de fretamento e que não teve envolvimento no financiamento ou participação nos atos de vandalismo. O ônibus foi fretado pelo empresário Valfrido Chieppe Dias.>
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No documento é dito: “Informa a empresa Squad que o Sistema de Autorização de Viagens – SISAUT permite seja informado somente um solicitante, por isso constou apenas o seu nome como contratante, mas que o real contratante foi o Sr. Valfrido Chieppe Dias, que compareceu à sede da empresa intermediadora e efetivou a contratação do referido serviço de fretamento para o Distrito Federal, com nota fiscal especificamente emitida para aquela operação”.>
Foi apresentado ainda, segundo a AGU, o contrato de fretamento do ônibus no valor de R$ 28,5 mil, com comprovante de pagamento e nota fiscal.>
E destaca que não foram encontrados vínculos da empresa com o financiamento de ônibus para os atos que resultaram nos atos de destruição em Brasília.>
“Por meio de diligências internas, de fato não se identificou qualquer vínculo da empresa com o indivíduo apontado como o verdadeiro responsável pelo fretamento do ônibus. Desta forma, considerando ter sido comprovado o real contratante por nota fiscal, contrato e comprovante de pagamento, a União requer a exclusão desta empresa do polo passivo”, informa o texto da AGU.>
O empresário Valfrido Chieppe Dias, de Vila Velha, foi preso no dia 27 do mês passado, na terceira fase da Operação Lesa Pátria da Polícia Federal.>
O veículo, contratado por intermédio da empresa Squad Viagens e Turismo, foi apreendido na capital federal após a invasão de prédios dos Três Poderes. No documento da AGU é informado que o empresário “teve participação presencial nos atos de vandalismo”.>
A AGU informou ainda, no mesmo documento, que apesar de ter o mesmo sobrenome, o empresário que fretou o ônibus não tem vínculos com a direção do grupo empresarial.>
“Ademais, verificou-se que o sobrenome Chieppe do real contratante é igual de vários sócios do grupo empresarial da requerente, mas a empresa respondeu à AGU que o sobrenome é mera coincidência, pois não há qualquer relação entre empresas do grupo econômico, seus sócios e o Sr. Valfrido, nem foi identificado o envolvimento de tais sócios nos atos de vandalismo”, foi dito no texto.>
Por nota, a empresa Squad informa que "considera que o pedido da AGU, para retirada do nome da empresa do polo passivo das questões relativas a financiadores de atos antidemocráticos em Brasília, reestabelece a verdade. Desde o primeiro momento, a Squad se posicionou de que é uma plataforma de viagens, que foi apenas a intermediária dos serviços e que não financiou a viagem do ônibus apreendido no dia 8 de janeiro".>
Acrescenta que "todas as informações relativas ao aluguel do ônibus, incluindo contrato e recibo de pagamento, foram devidamente remetidos às autoridades competentes, o que culminou agora com o pedido da AGU de retirada do nome da Squad desta questão e liberação dos ativos bloqueados".>
E encerra informando ainda que a "Squad é uma empresa idônea, de soluções de logística para viagens e eventos, que também realiza fretamento de ônibus para turismo".>
O ônibus fretado levou 45 passageiros. É um veículo Mercedes Paradiso, com placa QRD0J86, do Rio de Janeiro (RJ), registrado pela Viação Águia Branca. O ônibus consta na lista dos veículos apreendidos após os atos em Brasília. >
A reportagem teve acesso a um vídeo feito dentro do ônibus na viagem de ida de Vila Velha para Brasília. O vídeo foi publicado nas redes sociais por Ivan Lúcio Passos, um bolsonarista que esteve nos atos no Distrito Federal e era presença frequente no acampamento golpista montado em frente ao 38º Batalhão de Infantaria do Exército, na Prainha.>
Nas imagens, é possível ver os passageiros no interior do ônibus cantando o Hino Nacional; a data 07/01/23, ou seja, um dia antes dos ataques em Brasília; e os dizeres "Brasília terá uma nova história". >
Além do ônibus fretado pela Squad, um outro foi apreendido pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) em Sete Lagoas (MG), ao voltar de Brasília. Esse outro tem placa de Montanha (ES) e pertence à empresa Bredoff Transporte Turismo.>
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