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Publicado em 16 de junho de 2025 às 15:46
Após cobrar entrada pela primeira vez neste ano para uma das noites da festa da cidade, realizada em maio, a Prefeitura de Venda Nova do Imigrante agora quer autorização em lei para vender ingressos para eventos e shows promovidos pela administração pública. O prefeito Dalton Perim (sem partido), encaminhou à Câmara de Vereadores um projeto de lei com esse propósito. Na justificativa, alega que a medida pretende aliar o interesse público com a "sustentabilidade financeira" da cidade.>
A cobrança de bilhetes nos valores de R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia) para o sábado da 37ª Festa de Emancipação Política, no Centro de Eventos Padre Cleto Caliman, o Polentão — espaço público gerido pelo município — levantou críticas entre os moradores, conforme mostrou A Gazeta na época. Especialistas ouvidos pela reportagem apontaram que, apesar de não haver proibição expressa na legislação, a cobrança dos ingressos em evento custeado por verba pública pode ser considerada uma forma indireta ou irregular de arrecadação por parte do município. >
O mais taxativo foi o Ministério Público de Contas (MPC-ES), também procurado por A Gazeta na época da festa, que informou que "a vedação é constitucional, quando não houver lei local expressa" que autorize a administração pública a cobrar ingresso. >
É justamente essa autorização que o prefeito Dalton Perim busca obter com o projeto de lei. >
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O PL que cobra pela entrada de moradores e pessoas de outras regiões em eventos e shows organizados pelo Executivo municipal começou a tramitar na Câmara no último dia 6. Conforme o sistema de tramitação da Casa de Leis, o texto foi incluído para leitura em plenário na terça-feira (11).>
Os efeitos do projeto, caso seja votado e aprovado pelos vereadores de Venda Nova do Imigrante, abrangem eventos realizados em espaços públicos ou privados, desde que haja participação, apoio financeiro, logístico ou institucional do município.
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O artigo 2º do projeto diz que o valor do ingresso será fixado previamente pela prefeitura, para cada evento, por meio de ato específico e com base em critérios técnicos e administrativos. Já a fixação do valor dos ingressos deverá considerar, ainda de acordo com a proposta de lei da prefeitura, os seguintes critérios: >
Também é destacado no projeto que poderão ser concedidas isenções totais ou parciais, mediante regulamentação própria definidas pelo Executivo municipal. O texto da proposta, por exemplo, assevera que poderá ser garantida meia-entrada para estudantes regularmente matriculados, pessoas com deficiência e jovens de baixa renda, bem como para idosos e professores das redes pública e privada de ensino.>
Em outro trecho da justificativa do projeto, Dalton Perim ressalta que a iniciativa ajudará a reduzir os impactos causados aos cofres da prefeitura com a realização de grandes eventos na cidade. O chefe do Executivo também destaca que a cobrança de ingressos livrará a administração da dependência de verbas municipais para contratação de shows e outras apresentações culturais.>
"A regulamentação proposta visa a atender a múltiplos vetores do interesse público: por um lado, permite ao município reduzir sua dependência do erário ordinário, mitigando os impactos fiscais da promoção de grandes eventos; por outro, garante estrutura organizacional mais robusta, segurança mais efetiva, controle de acesso, qualidade nas atrações e maior dignidade nas festividades promovidas à população", afirma o prefeito na justificativa do projeto enviado à Câmara.>
Conforme mostrou reportagem de A Gazeta, em 5 de maio deste ano, a Prefeitura de Venda Nova decidiu cobrar ingressos para os shows contratados pela própria administração municipal durante a 37ª Festa de Emancipação Política. O evento aconteceu nos dias 10 e 11 daquele mês. >
O evento reuniu artistas locais e de outros Estados contratados por mais de R$ 700 mil. Apenas em 10 de junho, dia em que a principal atração seria o cantor e compositor brasileiro de forró e piseiro João Gomes, é que houve cobrança de entrada, fora as taxas das vendas on-line.>
À época, a cobrança dos ingressos gerou crítica de moradores da cidade. “Um absurdo cobrar ingresso [...] sem contar que o show foi contratado com dinheiro público e é a festa do município. Parabéns aos envolvidos”, escreveu um internauta. “Gente, comprar ingressos para um show que a prefeitura vai fazer com dinheiro público?”, indagou outra moradora, na publicação em que a prefeitura divulga a comercialização dos ingressos para os shows.>
Na ocasião da polêmica, o prefeito afirmou que a decisão de cobrar ingressos era uma forma, segundo ele, de “recuperar para os cofres públicos o valor investido em demandas que eram prioridade na cidade”.>
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