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Publicado em 3 de abril de 2022 às 14:39
- Atualizado há 4 anos
O vídeo acima mostra o momento em que Weliton da Silva Dias, de 24 anos, é morto a tiros por um policial militar. Nas imagens, dá para ver que o rapaz está com os braços levantados – aparentemente sem ter oferecido resistência – quando leva o tiro. O caso aconteceu na noite deste sábado (2), no bairro São José, na Grande São Pedro, em Vitória.>
O episódio teve como palco a Rua Quatro de Janeiro, conhecida como Beco da Sorte. Quando o disparo é dado, o relógio da câmera marca 19h13. Como protesto, moradores da região atearam fogo em um ônibus do Sistema Transcol. Neste domingo (3), a família ainda estava muito abalada e revoltada.>
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Irmão da vítima (pediu para não ser identificado)Conforme consta no boletim de ocorrência, os dois policiais envolvidos no caso foram identificados como Sandro Frigini e Victor Fagundes de Oliveira, sendo que o primeiro é quem realizou os disparos que acertaram Weliton.>
Depois de levar os tiros, o jovem chegou a ser socorrido para o Pronto Atendimento (PA) de São Pedro. Os familiares dele reclamaram que foram impedidos de entrar no local e ameaçados pelos policias, enquanto tentavam alguma informação sobre o estado de saúde dele.>
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Ainda de acordo com parentes, o rapaz trabalhava como ajudante de pedreiro e levou dois tiros: um no peito e outro no abdômen. Depois de confirmada a morte, o corpo dele foi levado para o Departamento Médico Legal (DML) de Vitória, de onde estava sendo liberado na manhã deste domingo (3).>
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Irmão da vítimaCompanheira de Weliton há nove anos, uma manicure que preferiu não ser identificada contou que existe um ponto comercial que vende bebidas no Beco da Sorte e que ele estaria no local, aguardando a saída dela do trabalho, para irem jantar e ficar juntos do filho de seis anos de idade. >
"Eu fiquei sabendo por uma amiga que me ligou, mas achei que não tivesse sido tão grave e que ele iria sobreviver. Estou simplesmente acabada, não tem como não ficar em uma situação dessa. Meu filho ainda não sabe. Os dois eram muito apegados, nem sei o que fazer", disse, chorando.>
De acordo com a família, Weliton da Silva Dias não tinha envolvimento com o tráfico de drogas, mas chegou a ficar preso em 2019. "Ficou nove meses injustamente atrás das grades. Os policiais nunca apareciam nas audiências e o processo acabou arquivado", garantiu a companheira. >
No entanto, demandada pela equipe da TV Gazeta, a Secretaria Estadual de Segurança Pública e Defesa Social (Sesp) informou que ele tem oito passagens pela polícia, entre os anos de 2012 e 2019. Entre os crimes estão: porte ilegal de arma de fogo, ameaça, desacato ou resistência à ação policial e tráfico de entorpecentes.>
Pouco depois que Weliton foi baleado, um barbeiro de 23 anos também acabou ferido com um tiro no pé, que teria sido dado por um policial militar. Com a ajuda de pessoas que estavam no local, ele conseguiu ir até o PA de São Pedro. Apesar do susto, ele já recebeu alta e está bem. >
Em entrevista à repórter Gabriela Martins, da TV Gazeta, o barbeiro – que pediu para não ser identificado – disse que o policial teria tentado dar uma coronhada, da qual ele escapou ao bater na mão do militar. Logo em seguida, ele levou o tiro. "Ele ainda mirou mais uma vez em mim, mas as pessoas foram para cima dele e eu saí", contou.>
O secretário de Segurança Pública do Espírito Santo, coronel Márcio Celante Weolffel, falou sobre o ocorrido na noite deste sábado (2), em São José. O coronel confirma que duas pessoas foram vítimas de arma de fogo durante o atendimento de uma ocorrência pela Polícia Militar e que as duas foram socorridas ao hospital, sendo que uma das vítimas não resistiu aos ferimentos e a outra foi atendida e liberada. Ele também explica o que será feito a partir de agora para esclarecer os fatos. >
Coronel Márcio Celante Weolffel
Secretário de Segurança Pública do Espírito SantoAinda pela manhã, a reportagem de A Gazeta questionou Polícia Militar sobre a conduta dos policiais e o que teria acontecido no bairro São José na noite deste sábado (3). Assim que houver retorno, este texto será atualizado.>
Em nota, a Polícia Civil informou que o caso seguirá sob investigação do Serviço de Investigações Especiais (SIE) do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e detalhes da investigação não serão divulgados, por enquanto. Informou também que o corpo do jovem morto na noite de sábado foi encaminhado para o Departamento Médico Legal (DML) de Vitória, para ser necropsiado e, posteriormente, liberado para os familiares.>
Em nota, o Sindicato das Empresas de Transporte Metropolitano da Grande Vitória (GVBus) informou que a empresa responsável está apurando o caso. "Segundo informações preliminares, o ônibus tinha acabado de sair da garagem, por volta das 20h, quando foi abordado pelos suspeitos. Dentro dele, havia apenas o motorista. Os suspeitos ordenaram que ele descesse e atearam fogo".>
O GVBus também afirmou que 18 ônibus foram incendiados por iniciativa criminosa entre os anos de 2020 e 2022. "Os prejuízos giram em torno de R$ 400 mil por veículo incendiado, em média, e recaem sobre o sistema, sendo arcados pela empresa proprietária", detalhou o sindicato, reforçando o transtorno causado por esse tipo de crime na Região Metropolitana.>
Em nota, a Associação dos Cabos e Soldados da Polícia Militar e Bombeiro Militar do Espírito Santo (ACSPMBMES) afirmou que dará todo o suporte necessário aos dois policiais envolvidos na abordagem do último sábado (2), em Vitória, e ressaltou que os disparos foram dados para "assegurar a vida do próprio policial". >
A entidade também reforçou que Weliton – "vulgo Leste" – estava com uma metralhadora em uma região conhecida pelo tráfico de drogas e homicídios e que "o policial teve milésimos de segundos para a tomada de decisão e precisou considerar todas essas questões, além de estar sob a pressão da atividade".>
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