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O 'novo cangaço' e os roubos a bancos no Espírito Santo

O "novo cangaço" e os roubos a bancos no Espírito Santo

Com o uso de explosivos, armas de fogo e até ferramentas, quadrilhas organizadas invadem agências bancárias de cidades pequenas do Estado e aterrorizam a população

Publicado em 26 de dezembro de 2018 às 16:17

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Criminosos usaram explosivos para invadir agência do Sicoob em Pancas durante a madrugada. (Alessandro Bachetti)

Em cidades pequenas do interior do Espírito Santo ou em distritos distantes, criminosos têm invadido agências bancárias para roubar. As quadrilhas de "cangaceiros modernos" são especializadas no crime e, munidas de explosivos, armas de fogo e até ferramentas, tentam levar grandes quantias em dinheiro e ainda aterrorizam os moradores.

Muitas vezes, as ações dos bandidos acontecem em finais de semana ou de madrugada. É o caso do Sicoob do distrito de Laginha de Pancas, no Noroeste do Estado. Às 2 horas da manhã do último dia 19, três suspeitos tentaram abrir o cofre da agência com explosões e tiros, mas não conseguiram.

Também neste ano, bancos de Rio Novo do Sul e Anchieta foram alvos de criminosos. Em anos anteriores, agências foram assaltadas em Presidente Kennedy, Pancas, Atílio Vivácqua, Colatina, Laranja da Terra, Ponto Belo e Irupi.

As ações criminosas dos últimos anos se assemelham a ações de grupos que compõem o “novo cangaço”, como explicou o delegado Romualdo Gianordoli, titular da Delegacia Especializada de Roubo a Banco, em entrevista para A Gazeta em setembro. Comum em estados do Nordeste e do interior de Minas Gerais, os “cangaceiros modernos” sitiam pequenos municípios, explodem caixas eletrônicos e levam pânico aos moradores, segundo o delegado.

“Não vemos muitas ações desse tipo aqui no Espírito Santo. O ‘novo cangaço’ é muito forte no Nordeste. Por acontecer muito nos estados que são nossos vizinhos, esse movimento pode sim estar chegando aqui”, explicou Romualdo na ocasião.

Além disso, o delegado destacou que as quadrilhas são organizadas. “Uma característica desses crimes é que se tratam de criminosos muito bem organizados. Eles não utilizam um carro só, por exemplo. Dificilmente o carro que aparece no local do crime é o mesmo que usam na fuga. Fazem tudo de uma forma bastante organizada”, ressaltou.

BARRA DE SÃO FRANCISCO

Viaturas da PM em frente à agência do Sicoob de Barra de São Francisco. (Internauta)

Sobre o sequestro de um funcionário do Sicoob de Barra de São Francisco e a tentativa de roubo da agência usando a vítima como refém, Romualdo explicou, através de nota da Polícia Civil, que não se trata de assalto a banco, e sim uma ocorrência de extorsão mediante sequestro, conforme a autuação dos suspeitos detidos.

Ao todo, nove pessoas foram ouvidas e três liberadas. Seis acusados, sendo uma mulher, foram autuados em flagrante por extorsão mediante sequestro, tentativa de homicídio, tortura e roubo. Eles foram encaminhados para presídios da região, de acordo com a Polícia Civil.

SEGURANÇA

Procurada pela reportagem para comentar sobre a segurança das agências após as tentativas de assalto nas agências de Pancas e de Barra de São Francisco, a assessoria do Sicoob informou que o atual sistema atende às necessidades na maioria dos pontos de atendimento.

“Para locais com menor efetivo policial, a instituição está instalando dispositivos de fumaça (pode ser acionado local ou remotamente, injeta fumaça e retira a visibilidade dos criminosos) para reduzir ainda mais a possibilidade de êxito dos criminosos. Desde 2012, houve cinco ocorrências e praticamente nenhum numerário levado”, informa a nota.

O banco ainda ressalta que as agências têm aparato de segurança sofisticado, com portas detentoras de metal, alarme, segurança armado e monitoramento 24 horas com sonorização. “Além disso, 88% das transações são realizadas por meio digital”, finaliza.

A assessoria também afirmou que a agência de Pancas, onde os criminosos usaram explosivos, foi parcialmente reformada e voltou a funcionar desde o dia seguinte ao atentado, sem movimentação de dinheiro em espécie. A Polícia Civil explicou que nenhum suspeito foi detido por esse crime até o momento e o caso está sob investigação da Delegacia de Polícia de Pancas.

Com informações de Bianca Vailant

 

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