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Morador de rua que agrediu venezuelano em Vitória é liberado da prisão

Morador de rua que agrediu venezuelano em Vitória é liberado da prisão

Confusão ocorreu no dia 30 de janeiro em um posto de combustível de Vitória, porém o suspeito só foi preso no dia 11. Nesta sexta-feira (18), por decisão da Justiça estadual, ele foi solto

Publicado em 18 de fevereiro de 2022 às 20:49- Atualizado há 2 anos

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Agressão a venezuelano em posto
Agressão a venezuelano em posto. (Câmeras de monitoramento do porto)

O morador de rua Gleydson Balbino Regosino, preso há uma semana por agredir um venezulano de 29 anos com uma barra de ferro em Vitória, foi liberado pela Justiça estadual na tarde desta-sexta-feira (18). Já a vítima segue internada em estado grave no Hospital Estadual de Urgência e Emergência (HEUE).

Em sua decisão, a juíza da Primeira Vara Criminal de Vitória, Lívia Regina Savergnini Bissoli Lage, informa que os fatos narrados no processo “não têm o tráfico de drogas como causa subjacente, mas sim o assomo de ira do acusado decorrente de um desentendimento com a vítima.”

Informa ainda que a denúncia do Ministério Público em relação ao caso foi pelo crime de homicídio privilegiado, praticado nas situações de forte emoção.

“Nota-se que a situação fática em muito se desassemelha aquele narrado quando do pedido da prisão temporária, de maneira que, por ora, encerradas as investigações, não mais subsistem os requisitos ensejadores da prisão”, diz a juíza em sua decisão.

Para o agressor foram estabelecidas as chamadas medidas cautelares, como a proibição de se ausentar de Vitória, bem como proibição de contato com a vítima sobrevivente, seus familiares e testemunhas.

VÍTIMA PERMANECE INTERNADA EM HOSPITAL

A Comissão de Direitos Humanos da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) acompanha o caso. A presidente, Brunela Vincenzi, coordena ainda um projeto de Pesquisa e Extensão em parceria com a Organização das Nações Unidas (ONU), chamado Cátedra Sérgio Vieira de Mello, voltado para o acompanhamento de refugiados em situações de catástrofe e casos humanitários.

Na manhã desta sexta-feira (18) ela visitou o venezuelano, que está no Brasil com visto humanitário, junto com a família. “Ele permanece internado. Está com os olhos abertos, mas não consegue falar ou se mexer”, relata.

O advogado da família, Gilberto Passos, recebeu da esposa do venezuelano informações de que o estado de saúde dele é grave e que deverá ficar com sequelas graves após a agressão.

Uma campanha de doações para ajudar a família foi bem sucedida, segundo Brunela Vincenzi. Agora a intenção é realizar uma nova campanha para obter os equipamentos médicos, quando ele for para casa. "Ele vai precisar de respirador", informou.

Venezuelano espancado
Venezuelano segue internado na UTI do HEUE. (Arquivo família)

ENTENDA O CASO

Um venezuelano de 29 anos, que está no Espírito Santo com visto humanitário, foi agredido com uma barra de ferro por um morador de rua na área de atendimento de um posto de gasolina, em Vitória. O fato aconteceu na noite do dia 30 de janeiro e ele foi socorrido para o Hospital Estadual de Urgência e Emergência (HEUE) - o antigo São Lucas.

O jovem e a esposa, de 24 anos, são ex-funcionários do posto. No dia da agressão ela ainda atuava no local, trabalhando em serviços gerais. Ela só soube da agressão e internação do rapaz na segunda-feira (31). “Não imaginei que fosse tão grave. Fiquei impactada quando vi a situação. Não sabia o que fazer”, relatou.

As imagens das câmeras de monitoramento mostram o momento em que o venezuelano (com camisa e bermuda preta) deixa a loja de conveniência do posto. Logo em seguida, a discussão entre os dois fica mais acalorada e ele desfere um soco no rosto do morador de rua (que está sem camisa e com uma mochila nas costas). Confira:

O encarregado do posto (de camisa branca) tenta apartar a briga, sem sucesso. Na sequência, eles continuam a discussão e há uma nova tentativa para de evitar o confronto. É neste momento que o morador de rua promove a agressão que leva o venezuelano ao chão, onde ele permanece caído.

As informações são de que eles estavam em uma conversa e houve um desentendimento que levou a discussão. Os fatos aconteceram a partir das 21h05 do dia 30. Os funcionários do posto acionaram o Samu, que socorreu o venezuelano para o Hospital Estadual de Urgência e Emergência, onde ele segue internado a UTI.

O laudo médico aponta que ele teve traumatismo intracraniano. “O médico informou que o estado dele é bem grave. Ele teve afundamento de 2 centímetros no crânio. Há uma grande possibilidade dele ficar com sequelas”, relatou a esposa, de 24 anos.

O nome do casal não está sendo divulgado a pedido da família e também por ele ter sido vítima de uma agressão.

A família morava em Ciudad Bolívar, mas de lá fugiu há 4 anos em decorrência da crise econômica e política vivida pela Venezuela. Fugiram para Manaus. O marido veio primeiro e, posteriormente, ela veio com os filhos e a  sogra.

A família procurou a Divisão de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vitória para fazer a denúncia na quinta-feira (10/02). A esposa e a mãe do agredido.

Na manhã da sexta-feira (11), o titular da Divisão da DHPP de Vitória, delegado Marcelo Cavalcanti, abriu inquérito e realizou operação policial na Praia do Canto que resultou na prisão temporária de Gleydson Balbino Regosino, 37 anos.

“A tentativa de homicídio atingiu um cidadão venezuelano, o qual foi covardemente espancado com uma barra de ferro, estando internado em hospital deste município. A motivação do crime seria uma discussão entre a vítima e o suspeito”, informou o delegado, que contou com o apoio da delegada Fernanda Diniz.

Em interrogatório, o investigado afirmou que teria sido agredido pela vítima, e que esta se lesionou por conta própria em um material reciclado que estaria com ele no momento da infração. O acusado foi encaminhado ao Centro de Triagem de Viana, onde permanece à disposição da Justiça.

Gleydson Balbino Regosino, 37 anos, acusado de agredir um venezuelano na praia do canto
Gleydson Balbino Regosino, 37 anos, agrediu o venezuelano. (Foto leitor)

DONO DO POSTO INFORMA QUE AGREDIDO CONHECIA O MORADOR DE RUA

O proprietário do posto de combustível onde ocorreu a agressão, Anderson Basílio, informa que os fatos aconteceram na área do posto, mas nega que o venezuelano estivesse trabalhando naquele momento.

Entre os funcionários, o relato é de que o casal de venezuelanos teria se desentendido e que ela o pôs para fora de casa. Em função disto, ele estaria vivendo nas ruas e por isto estava no posto fora do seu turno de trabalho. A esposa nega esta versão dos fatos.

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