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Jovem morto em Vitória: associação mostra novo vídeo e mantém apoio a PMs

Jovem morto em Vitória: associação mostra novo vídeo e mantém apoio a PMs

Associação dos Cabos e Soldados divulgou nova gravação mostrando a morte de rapaz no último sábado (2), com a cena do mesmo ângulo, mas com maior duração que a de outros vídeos

Publicado em 5 de abril de 2022 às 16:50

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Após declarar apoio aos policiais militares afastados, a Associação dos Cabos e Soldados da Polícia Militar e Bombeiro Militar do Espírito Santo (ACSPMBMES) divulgou um novo vídeo que mostra o momento em que Welinton Silva Dias, de 24 anos, é baleado por um policial no último sábado (2), no bairro São José, na Grande São Pedro, em Vitória. A gravação foi registrada do mesmo ângulo, mas tem maior duração que os compartilhados anteriormente nas redes sociais. (Veja acima).

Em coletiva de imprensa nesta segunda-feira (4), o tenente-coronel Leandro Menezes, comandante do 1º Batalhão da PM, afirmou que o vídeo da ação, que circulou na internet, sofreu um “corte”. Ele destacou ainda existir outra gravação, “em melhor ângulo”, que poderia trazer maior entendimento do que ocorreu.

A reportagem de A Gazeta, então, procurou a Polícia Militar e a Associação de Cabos e Soldados da PM em busca dessas imagens. A entidade que representa os militares enviou esse outro vídeo, mostrando a cena do mesmo ângulo, mas com duração de um minuto e 42 segundos. 

No novo vídeo divulgado pela entidade é possível observar a mesma movimentação exibida nas gravações divulgadas antes: o jovem levanta os braços, aparentemente sem oferecer resistência, e, na sequência, é baleado. É possível ouvir o barulho do disparo no rapaz e depois o desespero de moradores e a movimentação na rua onde o caso ocorreu. Após muita gritaria, também pode-se ouvir o barulho de outro tiro.

Anteriormente, circularam duas imagens diferentes: uma semelhante à enviada pela associação, porém com duração menor, e outro gravado por moradores, que mostra a movimentação no local após o jovem ser baleado.

Em entrevista nesta terça-feira (5) ao repórter Diony Silva, da TV Gazeta, o presidente da associação, cabo Eugênio Silote, reforçou que "a atuação do policial foi conforme a técnica" e na busca da preservação da vida. "Infelizmente, o cidadão aí em questão tenta levar a mão ao armamento preso na bandoleira, uma metralhadora, e aí, sim, o policial efetua dois disparos de forma técnica para cessar a injusta agradação", explicou.

Ainda de acordo com o representante da entidade, a velocidade do som é mais rápida, o que pode passar a impressão de que o tiro teria sido dado antes de o jovem fazer um possível movimento com as mãos para pegar na arma. Destacou, por fim, que nas imagens divulgadas pela associação é possível ver que o policial pede uma faca para cortar a bandoleira — acessório usado para suspender ou transportar armamento a tiracolo — que estaria no cidadão alvejado, para o jovem ser socorrido e levado ao Pronto Atendimento de São Pedro.

Aspas de citação

Precisamos acabar com esse mito de que o policial primeiro precisa ser alvejado para depois repelir a injusta agressão. Na verdade, o policial trabalha na preservação da vida, mas a injusta agressão tem que ser repelida antes que ela aconteça. Uma vez o policial alvejado, não há mais o que fazer

Eugênio Silote
Presidente da Associação de Cabos e Soldados da PM no Espírito Santo
Aspas de citação

A VERSÃO DA FAMÍLIA E A DA POLÍCIA

Weliton da Silva Dias, de 24 anos, foi morto na rua Quatro de Janeiro, conhecida como Beco da Sorte, na Grande São Pedro, em Vitória, no último sábado (2). Como consta no Boletim de Ocorrência, os policiais envolvidos no caso são: cabo Sandro Frigini, que teria atirado contra o jovem, e o soldado Victor Fagundes.

Companheira de Weliton há nove anos, uma manicure que preferiu não ser identificada contou à reportagem, que existe um ponto comercial que vende bebidas no Beco da Sorte e que ele estaria no local, aguardando a saída dela do trabalho, para irem jantar e ficar juntos do filho de seis anos.

Já o irmão da vítima, que também pediu para a identidade não ser divulgada, disse que "quando ele [Weliton] entrou no beco, o policial foi atrás” e, ao levantar a camisa e as mãos o policial, atirou.

O Boletim de Ocorrência descreve que o patrulhamento estava na Rua Apóstolo São Paulo, um "local de intenso tráfico de entorpecentes e crimes contra a vida", quando um indivíduo foi avistado portando "armamento em bandoleira". Naquele momento, o suspeito teria ido em direção a um beco. No acompanhamento, um dos policiais, identificado como Sandro Frigini, "visualizou o indivíduo fazendo movimento que levava a crer que atiraria contra o militar" e, para se proteger, efetuou dois disparos.

"Como o indivíduo caiu no chão, foi possível se aproximar do agressor a fim de recolher o armamento que estava em posse dele." Nessa hora, o boletim diz que o policial "percebeu que a arma estava em bandoleira, sendo necessário cortá-la para retirar a arma do infrator".

O registro traz dois momentos em que o militar teria percebido que o suspeito estava armado e usando uma bandoleira: uma no início da abordagem e outra depois dos disparos. O socorro ao Weliton Dias da Silva também teria sido prestado por um "grupo de pessoas", levando-o ao Pronto Atendimento de São Pedro.

De acordo com a família, Weliton não tinha envolvimento com o tráfico de drogas, mas chegou a ficar preso em 2019. "Ficou nove meses injustamente atrás das grades. Os policiais nunca apareciam nas audiências e o processo acabou arquivado", garantiu a companheira.

Secretaria Estadual de Segurança Pública e Defesa Social (Sesp), por sua vez, informou que ele tem oito passagens pela polícia, entre os anos de 2012 e 2019. Entre os crimes estão: porte ilegal de arma de fogo, ameaça, desacato ou resistência à ação policial e tráfico de entorpecentes.

ASSOCIAÇÃO DECLARA APOIO A POLICIAIS

Em nota, a Associação dos Cabos e Soldados da Polícia Militar e Bombeiro Militar do Espírito Santo (ACSPMBMES) afirmou que dará todo o suporte necessário aos dois policiais envolvidos na abordagem do último sábado (2), em Vitória, e ressaltou que os disparos foram dados para "assegurar a vida do próprio policial".

A entidade também reforçou que Weliton, "vulgo Leste", estava com uma metralhadora em uma região conhecida pelo tráfico de drogas e homicídios e que "o policial teve milésimos de segundos para a tomada de decisão e precisou considerar todas essas questões, além de estar sob a pressão da atividade".

Por fim, enviou um levantamento das ocorrências policiais envolvendo o jovem nos últimos anos. Confira:

Crimes relacionados a Weliton Dias

- 2012: BU 15251736 (Crimes diversos) 
- 2014: BU 22482325 (Porte ilegal: de arma de fogo)
- 2014: BU 23031282 (Tráfico de entorpecentes)
- 2015: BU 26226705 (Crimes contra a pessoa: ameaça)
- 2015: BU 23417381 (Porte ilegal: de arma de fogo e tráfico de drogas)
- 2015: BU 24718778 (Resistência, desobediência, desacato)
- 2018: BU 35547265 (Tráfico de entorpecentes)
- 2019: BU 38708066 (Tráfico de entorpecentes)
- 2022: BU 47417934 (Morreu portando uma metralhadora em bandoleira)

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