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Idoso chama a PM e é agredido pelos policiais após confusão na Serra

Idoso chama a PM e é agredido pelos policiais após confusão na Serra

O caso aconteceu no dia 20 de dezembro em uma propriedade rural no Bairro das Laranjeiras, na Serra. A esposa de Sebastião Eli de Souza foi quem filmou a ação dos PMs; veja abaixo

Publicado em 9 de janeiro de 2020 às 20:06

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Idoso é agredido por policiais após confusão na Serra. (Reprodução)

Um senhor de 60 anos, identificado como Sebastião Eli de Souza, foi agredido por policiais militares após fazer um acionamento pelo 190. O caso aconteceu no dia 20 de dezembro em uma propriedade rural no Bairro das Laranjeiras, na Serra. A esposa de Sebastião, que não quis se identificar, foi quem filmou a ação dos PMs. A todo o momento, ela pede que os policiais parem e avisa que o marido é um homem honesto e com problemas de saúde. Veja abaixo.

Em entrevista por telefone à reportagem de A Gazeta, Sebastião contou que acionou a polícia porque um homem entrou com uma máquina derrubando aproximadamente 40 metros da cerca de arame da propriedade em que ele vive, que pertence à cunhada de Sebastião.

"Eu fui tirar satisfação, perguntei por que ele tava derrubando a cerca. Ele disse que tinha comprado o terreno. Chamei a polícia, era 9h10. Quando eles chegaram, eu estava com um serrote fazendo uns serviços e já vieram apontando a arma pra mim, me xingando", contou.

Sebastião explicou que estava com uma roçadeira e uma serra de poda mexendo na plantação quando os militares apareceram. "Me derrubaram, me algemaram, gritei e minha esposa veio correndo, começou a filmar", detalhou o idoso.

No vídeo, é possível ver que, mesmo rendido e já no chão, um dos soldados dá um pontapé em Sebastião. "Depois que minha esposa parou de filmar, eu já estava algemado e eles me arrastaram no mato passando por espinhos, arame de cerca e continuaram me chutando e me deram vários socos até me colocar na viatura", lamentou.

Sebastião diz que chegou até a Delegacia Regional da Serra naquele dia por volta das 10h30 e só conseguiu contato pessoal com o advogado horas depois. Maiko Gonçalves de Souza revelou que o cliente só foi prestar depoimento às 17h. O celular da esposa de Sebastião foi confiscado pelos PMs.

Sebastião ficou machucado após a abordagem dos policiais e precisou ser atendido em um hospital da Serra(Maiko Gonçalves de Souza )

"Saímos da delegacia às 18 horas. É um verdadeiro descaso, tanto o recebimento quanto a condução do meu cliente e amigo. Tive extrema dificuldade de falar com ele pessoalmente. Não queriam deixar eu conversar com o Sebastião, fui desrespeitado pelos policiais militares e civis que ali estavam", relembrou o advogado.

Maiko afirma que o tratamento mudou apenas quando ele teve contato com o delegado de plantão. "É flagrante que houve excesso na abordagem, tanto para imobilização dele. Não dá para discutir. Foi ele quem chamou a polícia, não as outras pessoas", finalizou. Sebastião teve que assinar um termo e foi liberado após pagar uma fiança de R$ 500.

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O QUE DIZ A POLÍCIA

Em resposta aos questionamentos feitos por A Gazeta, a Polícia Militar diz que foi acionada por um casal que relatou estar numa propriedade e possuir autorização para passar uma máquina no lote e que, porém, o maquinista havia sido ameaçado por um senhor vizinho do terreno, que teria apontado uma arma. Veja a nota na íntegra.

"Na manhã do último dia 20 a Polícia Militar foi acionada por um casal, que relatou estar numa propriedade e possuir autorização para passar uma máquina no lote, no Bairro das Laranjeiras, porém o maquinista havia sido ameaçado por um senhor vizinho do terreno, que lhe apontou uma arma, e por este motivo saíram todos correndo do local.

Uma viatura prosseguiu até o endereço, onde encontraram o acusado portando um grande volume na cintura. Prontamente os militares deram voz de abordagem, que foi desobedecida. Neste momento, o homem levou a mão à cintura, simulando estar armado, porém, tirou de lá um pequeno serrote e o arremessou contra os militares. Logo em seguida, o indivíduo pegou um pedaço de madeira e tentou agredir os policiais, que em ato contínuo tentaram imobilizá-lo.

Durante a tentativa de imobilização, o acusado ainda tentou pegar a arma de um soldado, chegando a segurar o armamento, porém não conseguiu retira-la do coldre. Diante da situação foi necessário o uso progressivo de força para conter o homem.

Devido algumas escoriações sofridas por causa da resistência, o acusado recebeu atendimento médico e, posteriormente, foi encaminhado à Delegacia Regional de Vila Velha.

Cabe ressaltar que qualquer cidadão que se sinta prejudicado com atendimento realizado pela polícia, pode se encaminhar à Corregedoria, munido de provas, e formalizar a denúncia para que o caso seja analisado".

POSICIONAMENTO DA DEFESA

Quanto às informações da polícia, Maiko afirmou que em nenhum momento foi apresentada alguma arma, e que foi o próprio Sebastião quem chamou a PM.

"O que estava na cintura era uma capa de celular que fica fixada no cinto, mas não havia nenhum objeto que pudesse justificar o armamento. É uma farsa essa história, uma desculpa da mais esfarrapada possível", argumentou.

O advogado revelou que o cliente vai formalizar a denúncia na Corregedoria da Polícia Militar.

O que Sebastião portava na cintura, segundo ele, não era uma arma, e sim uma capinha de celular. (Sebastião Eli de Souza )

PM REFORÇA

Em uma nova nota enviada à imprensa, a Polícia Militar afirma que o boletim de atendimento do Ciodes registra o nome completo e telefone utilizado pelo solicitante que acionou o 190, a não ser em casos em que a pessoa peça para não se identificar.

"Quem solicitou a viatura informou que esse senhor estava proferindo ameaças e portando arma de fogo. Por este motivo a guarnição se deslocou até a região para averiguação do caso, momento em que os policiais foram desacatados e houve a resistência à abordagem", completa.

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Em contrapartida, Maiko, advogado de Sebastião, afirma que foi o cliente quem chamou a polícia primeiro, mostrando até o registro de chamadas.

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