O grupo criminoso do Espírito Santo, coordenado por Homero Vieira de Almeida, que aplicava golpes em pessoas interessadas em comprar armas de fogo e obter o porte de armas, cometeu múltiplos crimes em menos de um ano, tendo, inclusive, vendido informações de agentes de segurança brasileiros a um grupo ligado ao Primeiro Comando da Capital (PCC), em São Paulo.
A informação foi divulgada pela Polícia Civil do Espírito Santo (PCES) na tarde desta quarta-feira (08), após a conclusão das investigações da Operação Apate pelo Departamento Especializado de Investigações Criminais (Deic).
Durante a Operação Apate, foram descobertos golpes diversos, que resultaram em uma movimentação de mais de R$ 800 mil. Almeida se passava por representante de duas marcas italianas de armas de fogo e chegou a criar um site para a loja falsa, por meio do qual simulava a venda de armas e acessórios a agentes de segurança, colecionadores, CACs, entre outros. Em outras ocasiões, se passava por delegado da Polícia Federal.
Além disso, ele propunha ajudar quem tivesse interesse em obter o porte de arma, conforme explicou o titular da Delegacia Especializada de Crimes de Defraudações e Falsificações (Defa) na época da investigação, delegado Alan Andrade.
“Ele dizia para quem quisesse ter arma de fogo que tinha um delegado federal que era amigo dele, e que se a pessoa pagasse a quantia de R$ 15 mil, ele daria um jeitinho para a pessoa ter o porte de arma de fogo.”
Tudo não passava de uma fraude e nenhum produto foi entregue. Além disso, os dados dos compradores foram utilizados para outros fins, inclusive para contratação de empréstimos. Nos casos dos agentes de segurança, as informações eram destinadas, também, a outros grupos criminosos.
“Quando ele simulava essas vendas, os policiais encaminhavam fotocópias em imagens digitalizadas das carteiras funcionais. A gente pegou lá 30, 40 policiais mandando foto de carteira funcional. Ele vendia essas fotos num grupo do PCC, dizendo: ‘tenho informações de agentes de segurança, tenho os endereços deles, tenho todos os documentos deles, o que vocês quiserem saber eu tenho aqui’.”
Em paralelo, por meio da empresa forjada por ele, ele fazia processos seletivos para vagas fictícias e utilizava os dados pessoais dos candidatos para praticar outros crimes.
Uma vez que candidatos enviavam os currículos, ele pedia acesso à conta Gov.br (do governo federal), que reúne dados de documentos, endereços, entre outras informações. Além de serem utilizados para contratação de empréstimos, os dados eram vendidos em grupos de WhatsApp de pessoas especializadas em clonagem de cartão de crédito.
"Além dessas pessoas que foram enganadas também no Gov.br querendo trabalhar para ele, ele pediu para as pessoas gravarem vídeos e áudios delas contando como foi a compra da arma de fogo (para ver se sua voz é boa o suficiente para trabalhar). Ele pegava esse áudio, esse vídeo e encaminhava para possíveis compradores (de armas), para as pessoas acreditarem no discurso dele", detalha.
A soma obtida por meio dos esquemas era movimentada por meio de laranjas – que recebiam dinheiro para abrir uma conta bancária e passar o acesso a Homero – e da empresa da mulher dele, Mayra dos Santos da Silva, que, embora não tenha sido presa, também foi indiciada e vai responder pelos crimes de estelionato, estelionato digital, associação criminosa, comunicação falsa de crime e lavagem de dinheiro.
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