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Golpe do Aluguel: corretora do ES procurada pela polícia pode estar fora do Brasil

Golpe do Aluguel: corretora do ES procurada pela polícia pode estar fora do Brasil

Wanda Araújo Resende de Sousa, de 60 anos, tem registro como corretora de imóveis e se aproveitava disso para atrair vítima e aplicar golpes com outras duas pessoas - que estão presas

Publicado em 31 de janeiro de 2024 às 18:15- Atualizado há 3 meses

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Wanda Araújo Resende de Sousa, de 60 anos
Wanda Araújo Resende de Sousa, de 60 anos, está foragida. (Divulgação | Polícia Civil)

Dos três suspeitos de integrar uma quadrilha que se passava por corretores de imóveis para aplicar golpes de estelionato em Vila Velha, apenas um tem registro no Conselho Regional dos Corretores de Imóveis (Creci-ES), Wanda Araújo Resende de Sousa, de 60 anos. Ela está foragida e a polícia tem informações que esteja fora do Brasil.

Com o registro de Wanda, os criminosos abriram legalmente uma empresa no ramo e passaram a aplicar o golpe. Eles atraíam as vítimas para pagarem antecipadamente o aluguel anual com descontos - que supostamente já contavam com o valor do condomínio incluso. No entanto, esses valores não eram repassados aos verdadeiros proprietários e as taxas condominiais não eram pagas.

A Polícia Civil tem informações que Wanda teria aplicado o mesmo golpe no Rio de Janeiro.

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A função da Wanda nessa associação criminosa é porque ela possuía o registro, o que dava maior credibilidade juntamente com a empresa. Em relação ao país onde ela está nós, não temos conhecimento ainda e isso fica a cargo da Polícia Federal descobrir o paradeiro dela

Gabriel Monteiro
Delegado e chefe do Deic
Aspas de citação

Em novembro do ano passado, a polícia prendeu Mailson Machado, de 34 anos, em Coqueiral de Itaparica, Vila Velha, e Rikelly Polyana Sousa, de 44 anos, em Peracanga, Guarapari. Os dois passaram por audiência de custódia no dia 16 de novembro e Rikelly ganhou liberdade provisória por conta de uma gravidez de risco.

A reportagem procurou o Creci-ES para um posicionamento. Nesta quinta (1), o Conselho Regional dos Corretores de Imóveis da 13ª Região, informou que não teve acesso ao inquérito do caso divulgado na mídia que envolve a Corretora Wanda A. R. de Souza, no entanto, esclarece que provada qualquer infração ética ou disciplinar, medidas certamente serão adotadas, após a instauração do devido processo legal, o que poderá culminar na aplicação de multa ou até haver o cancelamento do registro e impedimento administrativo de atuação da Corretora de Imóveis.

O Creci-ES aproveita a oportunidade para manifestar seu compromisso e proteção à sociedade com forte combate ao exercício ilegal profissão, finaliza a nota.

Caso

Wanda Araújo Resende de Sousa, Mailson Machado, Rikelly Polyana Sousa
Wanda Araújo Resende de Sousa, Mailson Machado, Rikelly Polyana Sousa. (Divulgação | Polícia Civil)

O chefe do Departamento Especializado de Investigações Criminais (Deic), delegado Gabriel Monteiro, explicou em coletiva de imprensa na tarde desta quarta-feira (31), que a quadrilha chegou a causar um prejuízo de mais de R$ 300 mil e agia desde 2020.

“A Polícia Civil recebeu informação de uma vítima que teria caído num golpe. Ela teria alugado um imóvel e sequer chegou a pegar as chaves e conhecer o apartamento. As nossas investigações apontaram que essa associação criminosa vinha agindo em na região de Vila Velha. Desde o ano de 2020 a 2023, causando um enorme prejuízo”, disse o delegado.

Como agiam

Com uma empresa legalmente registrada, os suspeitos pegavam anúncios na internet e entravam em contato com o locador. Quando surgia alguém interessado no aluguel do imóvel de luxo, a quadrilha fazia a seguinte proposta ao locatário: eles informavam que ele teria um desconto de 20% se pagasse todo o aluguel do ano, juntamente com condomínio e o IPTU antecipadamente, isso sem autorização do locador.

Então, com isso, o locatário se desprendia de um grande valor. Uma das vítimas teve prejuízo de R$ 46 mil. Esse valor não chegava à mão do dono do imóvel. Como a sede da empresa mudava de endereço com frequência, as vítimas não conseguiam ir cobrar esclarecimentos pessoalmente aos suspeitos. 

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Só na delegacia, nós temos 13 boletins de ocorrência e isso causou uma instabilidade no mercado imobiliário de Vila Velha. As empresas que trabalham honestamente nesse ramo estavam tendo problemas, porque os locatários estavam com receio de realizar esses contratos, então houve um prejuízo direto às vítimas e um prejuízo indireto que foi o ramo do mercado imobiliário

Gabriel Monteiro
Delegado e chefe do Deic
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Delegados Alan Moreno de Andrade, Brenno Andrade, Romualdo Gianordoli, José Lopes, Gabriel Monteiroe Gianno Trindade
Delegados Alan Moreno de Andrade, Brenno Andrade, Romualdo Gianordoli, José Lopes, Gabriel Monteiroe Gianno Trindade. (Polícia Civil)

A prisão de dois deles foi realizada em novembro do ano passado. Mailson Machado, de 34 anos, foi preso em Coqueiral de Itaparica, Vila Velha, e Rikelly Polyana Sousa, de 44 anos, em Peracanga, na orla de Guarapari, em um apartamento de luxo. Os dois passaram por audiência de custódia no dia 16 de novembro e Rikelly ganhou liberdade provisória por conta de uma gravidez de risco. 

Wanda Araújo Resende de Sousa, de 60 anos, está foragida e há informações que esteja morando fora do Brasil.

“Um deles foi preso em um imóvel cujo valor do aluguel era R$ 4.500 e outro um imóvel em frente à praia, cujo valor era de R$ 7 mil. Ou seja, levavam uma vida de luxo às custas de pessoas que estavam sendo vitimizadas, perdendo sonhos de morar em um lugar bom. Pessoas que trabalharam para ter um imóvel como fonte de renda e não estavam conseguindo. Importante destacar que o dono do imóvel ainda ficava com as dívidas do condomínio e de IPTU, podendo até vir a perdê-lo se não quitasse”, ressaltou Gabriel Monteiro.

Os três vão responder por associação criminosa e por crime de estelionato. Até o momento, há 13 vítimas que registraram boletim de ocorrência e a pena é multiplicada por cada vítima.

O advogado Leandro Oliveira, que faz a defesa de Rikelly, informou que desde o início do processo ela tem colaborado com as autoridades policiais e está determinada a comprovar sua inocência ao longo do curso processual. "Adicionalmente, esclarece que Rikelly não integra o corpo societário da imobiliária sob investigação", disse o advogado. 

Já a defesa de Mailson, feita pelos advogados, David Roque Dias e Macálister Alves Ladislau, disse, em nota, que, em respeito ao devido processo legal, informamos que continuaremos a esclarecer todos os fatos no decorrer do processo, registrando-se, desde já, que a prisão foi ilegal e sem qualquer fundamentação jurídica. No curso do processo será demonstrado que Mailson Machado não possui qualquer envolvimento com os eventos noticiados", finaliza.

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