A Polícia Civil chegou a três suspeitos de uma associação criminosa que agia no mercado imobiliário de Vila Velha e mirava imóveis de luxo do município. Em novembro do ano passado, foram presos Mailson Machado, de 34 anos, e Rikelly Polyana Sousa, de 44 anos. Os dois contavam com a participação de Wanda Araújo Resende de Sousa, de 60 anos, que tem registro de corretora no Conselho Regional dos Corretores de Imóveis (Creci-ES) e está foragida.
Os suspeitos abriram uma empresa no ramo legalmente, mas as investigações mostraram que eles atraíam as vítimas para pagarem antecipadamente o aluguel anual com descontos - que supostamente já contavam com o valor do condomínio incluso. No entanto, esses valores não eram repassados aos verdadeiros proprietários e as taxas condominiais não eram pagas.
O chefe do Departamento Especializado de Investigações Criminais (Deic), delegado Gabriel Monteiro, explicou em coletiva de imprensa na tarde desta quarta-feira (31), que a quadrilha chegou a causar um prejuízo de mais de R$ 300 mil e agia desde 2020.
“A Polícia Civil recebeu informação de uma vítima que teria caído num golpe. Ela teria alugado um imóvel e sequer chegou a pegar as chaves e conhecer o apartamento. As nossas investigações apontaram que essa associação criminosa vinha agindo em na região de Vila Velha. Desde o ano de 2020 a 2023, causando um enorme prejuízo”, disse o delegado.
A reportagem procurou o Creci-ES para um posicionamento. Nesta quinta (1), o Conselho Regional dos Corretores de Imóveis da 13ª Região, informou que não teve acesso ao inquérito do caso divulgado na mídia que envolve a Corretora Wanda A. R. de Souza, no entanto, esclarece que provada qualquer infração ética ou disciplinar, medidas certamente serão adotadas, após a instauração do devido processo legal, o que poderá culminar na aplicação de multa ou até haver o cancelamento do registro e impedimento administrativo de atuação da Corretora de Imóveis.
O Creci-ES aproveita a oportunidade para manifestar seu compromisso e proteção à sociedade com forte combate ao exercício ilegal profissão, finaliza a nota.
Com uma empresa legalmente registrada, os suspeitos pegavam anúncios na internet e entravam em contato com o locador. Quando surgia alguém interessado no aluguel do imóvel de luxo, a quadrilha fazia a seguinte proposta ao locatário: eles informavam que ele teria um desconto de 20% se pagasse todo o aluguel do ano, juntamente com condomínio e o IPTU antecipadamente, isso sem autorização do locador.
Então, com isso, o locatário se desprendia de um de um grande valor. Uma das vítimas teve prejuízo de R$ 46 mil. Esse valor não chegava à mão do dono do imóvel. Como a sede da empresa mudava de endereço com frequência, as vítimas não conseguiam ir cobrar esclarecimentos pessoalmente aos suspeitos.
A prisão de dois deles foi realizada em novembro do ano passado. Mailson foi preso em Coqueiral de Itaparica, em Vila Velha, e Rikelly Polyana Sousa, na orla de Peracanga, em Guarapari, em um apartamento de luxo. Os dois passaram por audiência de custódia no dia 16 de novembro e Rikelly ganhou liberdade provisória por conta de uma gravidez de risco.
Wanda Araújo Resende de Sousa, de 60 anos, está foragida e há informações que esteja morando fora do Brasil.
“Um deles foi preso em um imóvel cujo valor do aluguel era R$ 4.500 e outro um imóvel em frente à praia, cujo valor era de R$ 7 mil. Ou seja, levavam uma vida de luxo às custas de pessoas que estavam sendo vitimizadas, perdendo sonhos de morar em um lugar bom. Pessoas que trabalharam para ter um imóvel como fonte de renda e não estavam conseguindo. Importante destacar que o dono do imóvel ainda ficava com as dívidas do condomínio e de IPTU, podendo até perdê-lo se não quitasse”, ressaltou Gabriel Monteiro.
Os três vão responder por associação criminosa e por crime de estelionato. Até o momento, há 13 vítimas que registraram boletim de ocorrência e a pena é multiplicada por cada vítima.
O advogado Leandro Oliveira, que faz a defesa de Rikelly, informou que desde o início do processo ela tem colaborado com as autoridades policiais e está determinada a comprovar sua inocência ao longo do curso processual. "Adicionalmente, esclarece que Rikelly não integra o corpo societário da imobiliária sob investigação", disse o advogado.
Já a defesa de Mailson, feita pelos advogados, David Roque Dias e Macálister Alves Ladislau, disse, em nota, que, em respeito ao devido processo legal, informamos que continuaremos a esclarecer todos os fatos no decorrer do processo, registrando-se, desde já, que a prisão foi ilegal e sem qualquer fundamentação jurídica. No curso do processo será demonstrado que Mailson Machado não possui qualquer envolvimento com os eventos noticiados", finaliza.
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