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Publicado em 4 de agosto de 2021 às 19:13
A tragédia que se abateu sobre a família do urologista e pastor Paulo de Oliveira Cesar, morto junto com a esposa Raquel Heringer Cesar pelo filho do casal, Guilherme Heringer Cesar, que depois se suicidou, mostrou-se inesperada para quem estava em seu convívio. Simonton Araújo, pastor-presidente da Igreja Missão, na qual o médico congregava há quase 25 anos, conta que todos na comunidade ficaram "sem chão". Para ele, Paulo era mais que um membro da igreja; era um amigo. O crime aconteceu nesta madrugada (4), em Itapuã, Vila Velha. >
Com a voz emocionada, Simonton lembra que o médico era bastante atuante na igreja e integrava o conselho pastoral. A esposa também era presente nas atividades da Missão, e ele conta que os fiéis viram Guilherme e a irmã (uma médica que mora no Canadá) crescerem naquele ambiente, acompanhando os pais. Paulo, assim como o pastor-presidente, estava na igreja desde a sua fundação - em janeiro vai completar 25 anos. >
Mas a amizade entre os dois pastores é anterior à criação da Igreja Missão. "A gente já se conhecia há uns 40 anos, bem antes de começar a Missão. Na igreja, era muito ativo e tão querido. Não só pelos evangélicos, mas também pelos católicos, pelos pacientes, por todos que o conheciam. Estamos todos sem chão", desabafa.>
Questionado se, pela proximidade com a família, já havia percebido algum indício da tragédia que estava porvir, Simonton assegura que não. Ele ressalta que não percebeu nada que pudesse levantar suspeitas para a atitude de Guilherme contra si e seus pais. Inclusive, relata o pastor, na semana passada os amigos estiveram juntos e mantiveram uma longa conversa, mas nenhuma situação apontava para o desfecho desta madrugada. >
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"Estive com ele, batemos um papo grande. Tínhamos liberdade para conversar, e não havia nada acontecendo que me levasse a pensar no que aconteceu", afirma. >
Sobre o sentimento diante da tragédia, o pastor Simonton se consola com sua fé. "Nós cremos em Jesus, na Ressurreição. A saudade dói muito, mas não dura para sempre, ela tem um fim. É hora de chorar, mas é um choro com esperança porque cremos que vamos nos reencontrar. Estamos todos consternados, mas, ao mesmo tempo, segurando na cruz de Cristo para podermos ter forças", finaliza.>
Nas redes sociais, a morte da família também teve repercussão entre amigos, familiares, pacientes e instituições. O Conselho Regional de Medicina (CRM) publicou uma nota de pesar, em que se mostra consternado pelos acontecimentos e diz que espera que os fatos sejam todos esclarecidos. Por fim, manifesta solidariedade à família.>
Em conduta semelhante, a Universidade Vila Velha (UVV), na qual Guilherme cursava Medicina, também divulgou nota. Em um dos trechos diz que "professores e colaboradores enviam seus sentimentos a familiares e desejam toda a força do mundo para que superem este momento em paz".>
Uma pessoa próxima da família, que preferiu não ser identificada, disse que Guilherme estava passando por sérios distúrbios mentais nesta pandemia e fazia tratamento com profissionais qualificados. Ela pediu para que todos respeitem este momento de dor que estão vivendo.>
Precisa de ajuda?
Precisa de ajuda? Está angustiado? Precisando conversar? Acione o Centro de Valorização da Vida (CVV) no número 188. O atendimento é gratuito e você não precisa se identificar.
A Polícia Civil informa que o caso foi registrado como duplo homicídio com uso de arma branca. Segundo informações apuradas pela equipe do Departamento Especializado de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), o suspeito do duplo homicídio, filho do casal, cometeu suicídio logo após o crime. A faca utilizada no crime foi apreendida e encaminhada à perícia. Familiares estiveram na unidade policial e prestaram depoimento. Os corpos foram encaminhados para o Departamento Médico Legal (DML) de Vitória, para serem liberados para os familiares e para ser feito o exame cadavérico. >
O procedimento será encaminhado, ainda segundo a Polícia Civil, para a Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Mulher (DHPM), pelo fato de uma das vítimas ser do sexo feminino. A DHPM dará continuidade às investigações.>
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