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Publicado em 29 de setembro de 2025 às 19:38
O proprietário e gerente, de 25 e 26 anos, da empresa Ômega Investimento, suspeita de arrecadar R$ 150 mil ao aplicar golpe do financiamento falso em pelo menos 60 pessoas no Espírito Santo, criaram uma cartilha para enganar os clientes após a compra de carros e motos. Segundo a Polícia Civil, o documento se chama “Manual do Cliente Explosivo” e era usado para instruir funcionários a como lidar com o comprador que descobria ter caído em um golpe. Os dois foram presos. >
As informações foram divulgadas pela corporação em atendimento à imprensa nesta segunda-feira (29), realizada em parceria com o Procon. O diretor de fiscalização do órgão estadual, Fabrício Pangotto, detalhou que havia um passo a passo de como lidar com as cobranças das vítimas.>
Já na introdução é possível notar o tom de intimidação indicado pelos suspeitos para lidar com a clientela. Uma das principais dicas é manter a pessoa calada: “Portanto, vamos encarar essa jornada com a determinação de fazer com que o pós-venda fique no seu devido lugar, em silêncio, pagando o que deve, e sem nos encher de reclamações. Prontos para descobrir como? Vamos nessa", cita a cartilha.>
"Nos chamou atenção que para prejudicar o cliente, de forma bem estratégica, criaram manual para violar o direito do consumidor. Sabendo que (os clientes) iam reclamar ao perceber que foram enganados, eles escreveram esse manual. Esse é o tamanho do desrespeito. Alguns dos capítulos tinham como título: 'Como lidar com isso?', 'Cliente vai ficar nervoso'", explicou Pangotto. >
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Tanto o dono quanto o gerente foram presos na última quinta-feira (25) e o local onde funcionava a empresa foi fechado. Um dos envolvidos já havia sido preso por suposto envolvimento em golpe do consórcio. Após ficar no sistema prisional, passou a responder em liberdade, momento em que passou a cometer o novo golpe, segundo o titular da Delegacia Especializada de Defesa do Consumidor (Decon), delegado Eduardo Passamani.>
“Faziam parte de uma organização que tinha sido alvo na operação consórcio fake. Eles nem podiam funcionar como consórcio. Um estava preso e outro solto. Quando o preso saiu eles se juntaram de novo”, contou o delegado. >
A ação apontada pelo titular da Decon foi realizada em maio deste ano. A antiga sede ficava em um bairro da Serra, onde foi encontrado até uma máquina de choque para intimidar clientes. >
Conforme o delegado, um dos suspeitos explicou que o que faziam não era um novo modelo de negócio chamado fila de aquisição. Porém, de acordo com o delegado, a ação era uma mistura de consórcio com pirâmide.>
“Eles diziam que pegavam o dinheiro para aplicar e quando tivessem retorno financeiro eles comprariam o veículo para entregar a pessoa. Não existia sorteio e nem ordem de compradores. Não constatamos nada disso. No final das contas quem entrava por último não receberia o bem e essa modalidade o Procon constatou que não existia”, frisou o chefe da Decon.>
Para conseguir atrair os clientes, a dupla publicava proposta de financiamento em marketplaces. Os automóveis custavam em torno de R$ 20 mil com valor de entrada variando entre R$ 2 a R$ 3,5 mil. >
O crime foi descoberto após denúncias de várias vítimas e toda a ação dos suspeitos teria ocorrido em um mês. O estabelecimento, que ficava na Avenida Leitão da Silva, na altura do bairro Gurigica, na Capital, foi fechado após a operação policial no dia 25 de setembro. >
Conforme o representante Procon-ES, o foco era chamar a atenção de pessoas com rendas mais baixas. “É algo muito triste de famílias simples com capacidade de pagamento reduzida que sonham com um bem. Isso pode prejudicar a família a vida inteira, socialmente e financeiramente”, analisou. >
O titular da Decon explicou que, a princípio, o caso foi tipificado como crime de relação de consumo, com pena de 2 a 5 anos. Agora a polícia busca descobrir se existem outras pessoas envolvidas. O Procon também continuará com análise da documentação.>
"Tinha técnica para ludibriar o cliente e escondiam várias cláusulas. Eram técnicas coercitivas para fazer a venda sem que cliente recebesse o produto. Vamos iniciar processo administrativo e pode chegar a multa de um milhão", explicou Pangotto. >
A reportagem tenta encontrar a defesa da empresa. O espaço segue aberto para um posicionamento.>
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