Publicado em 24 de agosto de 2019 às 12:53
"Pense globalmente, aja localmente". Assim como diz a frase conhecida nas últimas décadas, um morador de de Laranjeiras, na Serra, decidiu fazer a diferença ajudando uma pessoa que estava bem perto, mas tido por muitos como invisível: um homem em situação de rua.>
Ao ser abordado por Flávio Ferreira de Menezes, de 37 anos, o autônomo Thyaro Thedaldi, 36, ofereceu um lanche e o chamou para conversar. Após ouvir a história dele, montou uma rede de solidariedade, conseguindo um abrigo para que ele pudesse dormir, alimentar-se e ter apoio na luta contra o vício em drogas. >
O ENCONTRO>
Thyaro conta que todos os dias frequenta um churrasquinho em Laranjeiras, na Serra. Mas na última quinta-feira (15) chegou mais cedo do que o costume. A antecipação resultou no encontro com Flávio, que o abordou pedindo um cigarro. >
>
A HISTÓRIA>
Flávio é natural de São Paulo, mas foi criado no Mato Grosso. Há cerca de sete anos ele foi a São Paulo visitar parte da família. No local, conheceu um parente que era usuário de crack e experimentou a droga pela primeira vez, viciando de imediato. Após cerca de um ano, em 2013, ele veio ao Espírito Santo para trabalhar como açougueiro e ficou anos afastado das drogas. >
O açougueiro chegou a casar com uma capixaba e conseguiu ter uma vida feliz e saudável nos últimos anos. Mas em janeiro de 2019 ele teve uma recaída, largou o emprego, saiu de casa e passou a morar nas ruas. >
"Há três dias a mulher dele estava dentro de um ônibus, quando avistou o Flávio entrando em um terreno baldio para se drogar. Ela imediatamente desceu do carro, foi até ele e chutou as latas, impedindo que ele se drogasse. Foi a partir daí que ele decidiu procurar ajuda e disse e deu a sorte de me encontrar na hora e local certo", lembrou.>
REDE DE APOIO>
Thyaro não pensou duas vezes. Ao perceber que do outro lado da rua havia um barbeiro, contou a história de Flávio e pediu um corte de cabelo e barba gratuitamente. O dono do local aceitou ajudar e um funcionário fez o corte, dando mais dignidade ao açougueiro. >
"Depois, fiz algumas ligações e o Robinho Gari, vereador da Serra, foi imediatamente ao local. Ele tinha o contato de uma casa do Centro de Recuperação de Dependentes Químicos Obra de Amor, em Jacaraípe, e ligou para o pastor responsável pelo local, que disponibilizou uma vaga ao Flávio. Assim que chegamos, o Flávio entregou o isqueiro e o cachimbo, dizendo que não queria mais aquilo. Ele ficou muito agradecido", lembra. >
SAIBA COMO AJUDAR>
Ao checar no centro de recuperação, Flávio foi recebido pelo pastor Gelson Portela. Ele ganhou um kit de higiene, tomou banho e conheceu o quarto que iria dormir. De acordo com Thyaro, a casa atua com portas abertas, sem obrigar que ninguém fique lá dentro para o tratamento. O local funciona sem ajuda de órgãos públicos e precisa de doações como comida, itens de higiene, roupas e extintores de incêndio. Para ajudar, basta ligar para (27) 99864-3229 ou (27) 3011-5967.>
"Essa casa ajuda várias pessoas e está precisando de colaborações. Eles gastam 400 quilos de comida por mês. O Flávio pediu para ligar para a esposa. Quando liguei, perguntando se era a mulher dele, ela ficou a assustada e respondeu: 'sim, porquê? Ele está morto?'. Eu respondi que não, que ele estava salvo. Ela passou o meu número para a mãe dele, que me ligou. Ela também achava que o filho já estava morto e ficou aliviada coma notícia". >
Agora, Thyaro torce para que Flávio consiga seguir em recuperação longe das drogas. >
"A maneira que ele falou comigo, super esclarecido, e o olhar sincero dele me fez sentir algo diferente. E sem contar que se a gente não se mover para ajudar o próximo, não vai adiantar ficar só reclamando. Depois desse dia, fui dormir em paz", comemorou. >
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta