Publicado em 22 de fevereiro de 2019 às 22:45
Palco do Carnaval de Vitória, o Sambão do Povo, na Capital, guarda uma história um tanto curiosa. O sambódromo foi erguido em 112 dias e inaugurado com o desfile das agremiações capixabas em 27 de fevereiro de 1987, em uma verdadeira corrida contra o tempo. Segundo relatos dos foliões da época, era possível sentir o cheiro da tinta fresca do local durante as apresentações.>
Uma das presentes nesse dia foi Andressa Leal, de 43 anos, que entrou na avenida como porta-bandeira mirim da escola de samba Unidos de Jucutuquara. O sambódromo era o sonho dos sambistas. Foi uma felicidade grande porque o ainda estava sendo construído a poucos dias do desfile. A tinta estava fresca, relembra Andressa, que tinha 11 anos na época.>
Ela é filha de Sinval Siri, ex-secretário de Turismo de Vitória que providenciou com o então prefeito Hermes Laranja a construção do local. Fanático pelo samba, Sinval, que morreu em 2001, foi também presidente da antiga liga que representava as escolas de samba da Grande Vitória.
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Meu pai era mecânico, mas quando idealizou o Sambão do Povo fez baseado na Sapucaí, do Rio de Janeiro. Ele consertava iates e com a influência que teve com os políticos do Estado conseguiu implementar o projeto, disse Andressa.>
O nome oficial do complexo que recebe os desfiles do Carnaval de Vitória é Walmor Miranda, nome do sambista e antigo Rei Momo do carnaval. Mas o local ficou conhecido mesmo como Sambão do Povo, em referência à garra das pessoas que toparam construí-lo meses antes do carnaval.
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Lembro que meu pai bateu massa ajudando a levantar a estrutura. Ele tinha pressa, pois tinha medo de pararem a obra. Ele convocava mutirões para levantar e estrutura, relata Andressa Leal.>
A obra causou polêmica devido ao alto custo para a Prefeitura de Vitória e denúncias de desvios feitas por vereadores da época, segundo o historiador Estilaque Ferreira dos Santos.>
Houve acusações de que a licitação não foi correta. O prefeito contratou uma empresa do Rio de Janeiro e a obra foi feita a toque de caixa, sem previsão orçamentária. A outra acusação foi que ele dizia que ia transformar parte do Sambão em escola municipal o que não aconteceu, explica o historiador. A reportagem tentou contato com Hermes Laranja, que não foi localizado.
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O Sambão do Povo recebeu os desfiles até 1992. Naquele ano, muitas escolas se recusaram a participar das apresentações. Foi um período de crise sem apoio da prefeitura e do setor privado.>
Com isso, os desfiles tiveram um hiato e voltaram a acontecer em 1998, só que na Avenida Jerônimo Monteiro, no Centro da Capital, já que a estrutura do Sambão estava abalada e parte da arquibancada havia sido demolida para a construção de uma quadra, que não foi feita.
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O Sambão só voltou a ser utilizado em 2001. Quando foi construído tinha capacidade para 18 mil pessoas, em sua reinauguração o número caiu para 7,8 mil.>
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