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Governo do ES orienta evitar aglomeração, mas reúne mais de 350 pessoas em evento

Governo do ES orienta evitar aglomeração, mas reúne mais de 350 pessoas em evento

O programa CNH Social entregou 350 carteiras de habilitação para beneficiários de todo o Estado. A cerimônia aconteceu no Palácio Anchieta, em Vitória, cidade já definida como região de transmissão local do Covid-19

Publicado em 16 de março de 2020 às 15:13

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Entrega da CNH Social no Palácio Anchieta realizada nesta segunda-feira (16). (Divulgação / Governo do Estado)

Mesmo com a orientação para que organizadores ou responsáveis por eventos com aglomeração considerassem adiar, ou cancelar as cerimônias nas cidades declaradas com transmissão local do novo coronavírus, o Governo do Estado realizou, nesta segunda-feira (16), a entrega presencial de 350 CNH’s para beneficiários do projeto CNH Social de todo o Espírito Santo. A cerimônia de entrega foi realizada no Palácio Anchieta, em Vitória. A Capital é uma das cidades definidas como região de transmissão local do Covid-19 no território capixaba.

O evento, realizado no Salão São Tiago, reuniu quase 400 pessoas entre beneficiários do programa, funcionários do Palácio Anchieta e outras pessoas que acompanharam a cerimônia. A reportagem de A Gazeta, seguindo a recomendação, não entrou na sede do executivo estadual. Mas, conversou com pessoas que foram fazer a retirada da carteira de habilitação e demonstraram receio pelo fato de terem que entrar em um local com muitos presentes.

Governador Renato Casagrande e o senador Fabiano Contarato durante a cerimônia de entrega da CNH Social no Palácio Anchieta nesta segunda-feira (16). (Divulgação / Governo do Estado)

O conferente Oseias Xavier Chaves, 42, é um dos beneficiários do programa e foi ao local com a esposa e a filha. Ele não afirmou estar 100% seguro, mas confiou nas autoridades. "Eu fiquei receoso. Mas, se as autoridades que estão aqui chamaram a gente para vir é porque eles tenham ciência de que não tem um risco tão grande para a gente vir aqui hoje", disse.

O conferente Oseias Xavier disse ter receio mas confiou na decisão do governo autoridade. (José Carlos Schaeffer)

Já a microempreendedora Andressa Nascimento, 25, reclamou de ter que comparecer no local mesmo com todas as notícias e recomendações dadas pelo próprio Estado. “A gente se sente ameaçado, né? Nem deveria ter feito esse evento. Geralmente mandam pelo correio, mas acabaram fazendo esse evento para entregar. Com receio a gente fica, né? Mas, não tem jeito. Tem que vir buscar senão não entrega em outro lugar", reclamou.

Segundo outras pessoas que também participaram do evento, a organização forneceu álcool em gel para todos os presentes, além de dar orientações a respeito da higienização adequada para a prevenção do contágio do Covid-19. Segundo a dona de casa, Paula Martins, 38, que veio de Nova Venécia para buscar a CNH, a organização também informou que este seria o último evento com aglomeração realizado no Palácio Anchieta.

“Depois disso tudo que está acontecendo ninguém quer ficar no tumulto, né? Seria mais fácil entregar para cada um nas suas cidades. Principalmente no interior. Falaram que não vai ter mais, que essa vai ser a última”, contou.

A dona de casa Paula Martins afirmou que a organização disponibilizou álcool em gel e disse que o evento seria a última aglomeração no local. (José Carlos Schaeffer)

CONTRADIÇÃO?

O próprio governo do Estado, no informativo em que confirmou o primeiro caso da doença no Espírito Santo, em 14 de março, deu orientações para que organizadores de eventos com aglomeração considerassem adiar ou até mesmo cancelar os encontros. E que, não sendo possível, que o mesmo fosse feito sem plateia ou público, evitando a concentração de pessoas. Confira na íntegra:

Em área de transmissão local: conforme o Boletim Epidemiológico Nº 5 da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, são feitas as seguintes recomendações, acumuladas as medidas gerais, para as cidades declaradas com transmissão local:

- Eventos com aglomeração (governamentais, esportivos, artísticos, culturais, políticos, científicos, comerciais e religiosos e outros com concentração próxima de pessoas):

  • Os organizadores ou responsáveis devem notificar à Secretaria de Saúde do Município e cumprir as regras previstas na Portaria de Consolidação º 5, de 28 de setembro de 2017;
  • Ter garantia de atendimento médico e cumprimento de suporte ventilatório, com EPI;
  • Disponibilizar locais para lavar as mãos com frequência, dispenser com álcool em gel na concentração de 70% e toalhas de papel descartável;
  • Ampliar a frequência de limpeza de piso, corrimão, maçaneta e banheiros com álcool 70% ou solução de água sanitária ou solução para desinfecção contra o coronavírus;
  • Considerar a possibilidade de adiar ou cancelar. Não sendo possível, recomenda-se que o evento ocorra virtualmente e sem plateia ou público, evitando a concentração de pessoas”.

O QUE DIZ O GOVERNO

O secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes, afirmou não haver contradição. Já que a orientação é recomendativa e não determinava a não realização dos eventos. “Não há contradição, porque não há determinação explícita de interromper todos os eventos públicos. Nós, dentro do governo do ES, já estamos operando a decisão de somente as reuniões com relevância estratégica, técnica, capacitações, que não devem ter motivo para cancelar nesse momento serão todas mantidas. Eventos como de hoje, daqui para frente, deverão ser descontinuados”, explicou.

No entanto, Fernandes garantiu que a partir deste momento, essa recomendação será aplicada na Grande Vitória e Linhares, e que, com o avançar do Covid-19, passe a ser tratado como determinação. "Isso foi uma recomendação, não uma determinação. A partir de agora, a gente passa a implementar essa recomendação nessa etapa de transmissão local na Grande Vitória e Linhares, e passando os momentos seguintes, já de transmissão comunitária, a determinar para a proibição de eventos de maneira explícita”, finalizou.

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