Publicado em 20 de abril de 2020 às 15:36
Mesmo sem ter que fechar as portas, o setor da indústria no Espírito Santo tem sentido sérios impactos da pandemia de coronavírus. Com a queda no consumo e o fechamento de lojas, a maioria das fábricas do Estado tem visto uma queda brusca na receita e, com isso, prevê retomar ao nível de atividade anterior à pandemia pelo menos seis meses após o período de distanciamento social.>
É o que aponta uma pesquisa realizada pelo Instituto de Desenvolvimento Educacional e Industrial do Espírito Santo (Ideies), entidade do Sistema Findes, com 82 empresários do setor no Estado entre os dias 15 e 16 de abril. A avaliação menos otimista se dá porque a maioria dos entrevistados relatou aumento do endividamento e da inadimplência com clientes, elevando os custos de operação.>
A retomada demorará mais de meses para 47,7% dos entrevistados e de três a seis meses para 31,4%. Metade disse ter aumentado o custo médio de operação e 56% afirmou ter tido alguma elevação no endividamento. O resultado disso é que 79% dos pesquisados já disseram ter reduzido a produção.>
Segundo o diretor-executivo do Ideies, Marcelo Saintive, todo o setor foi afetado e isso vai se refletir na produção industrial do Estado. "Todo mundo foi afetado nessa crise, mesmo que existam oportunidades para algumas áreas, todo industrial esta preocupado porque é uma crise de proporções inimagináveis".>
>
Marcelo Saintive
Diretor-executivo do IdeiesPara mitigar os efeitos da pandemia, o setor tem lançado mão de diversas medidas segundo a pesquisa. As ações mais tomadas pelos entrevistados foram antecipação de férias individuais, cerca de 74% usaram a medida para aliviar os impactos. Também adotaram a postergação no pagamento de impostos, além de afastamento de empregados do grupo de risco e implantação do trabalho remoto (home office).>
Por outro lado, a maioria dos empresários ouvidos mostrou resistência em usar algumas medidas que afetam trabalhadores. Segundo a pesquisa, 59% não pretendem conceder férias coletivas, 55% descartam suspender os contratos de trabalho por 60 dias e 45 não prevem cortes proporcionais na jornada e salário dos funcionários. Para Saintive, isso se dá muito em função da insegurança jurídica.>
"A questão trabalhista gera uma incerteza jurídica forte sempre no Brasil. Então tem toda uma análise que é feita, de insegurança e também de perda da produtividade no médio prazo, uma vez que sempre que você demite e contrata funcionário você perde produtividade porque ele já foi treinado e tem uma experiencia na execução", explicou. >
Entre os industrias que participaram da pesquisa, 37% afirmou já ter reduzido o quadro de funcionários e 28% disseram que ainda devem adotar a medida de desligar colaboradores. A antecipação das férias individuais também foi opção para 73%.>
"O empreendedor está tendo que usar todo um leque de medidas para amenizar a crise, fazendo de tudo que for possível, negociando contratos, vendo o que dá pra fazer na questão trabalhista e buscando acessar crédito para mitigar a crise gerar receita e mantendo empregos. É uma quadro que exige adaptação", analisou o diretor do Ideies.>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta