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Prefeitura da Serra entra na Justiça contra auxílio de R$ 500

Prefeitura da Serra entra na Justiça contra auxílio de R$ 500

Benefício emergencial para cerca de 42 mil famílias foi vetado por prefeitura, mas Câmara derrubou veto. Medida vai custar R$ 63 milhões para os cofres do município

Publicado em 23 de julho de 2020 às 15:25

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Câmara da Serra
Câmara da Serra . (Fernando Madeira)
Prefeitura da Serra entra na Justiça contra auxílio de R$ 500

Prefeitura da Serra entrou na Justiça contra o auxílio emergencial de R$ 500 promulgado pela Câmara municipal na última semana. A ação, de acordo com o Poder Executivo do município, é uma representação de inconstitucionalidade e foi protocolada no Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES).

O benefício vai custar pelo menos R$ 63 milhões aos cofres do município.  O projeto é de autoria do presidente da Câmara, o vereador Rodrigo Caldeira. Segundo ele, a iniciativa tem como objetivo atender cerca de 42 mil famílias, já que apenas uma pessoa de cada domicílio poderá fazer o pedido. A medida prevê o pagamento de três parcelas R$ 500 cada uma, por conta da perda de renda causada pela crise do novo coronavírus.

O texto da Lei 5.183 foi publicado no dia 16 de julho  no Diário Oficial dos Municípios e dá o direito de receber o benefício ao mesmo público contemplado pelo auxílio emergencial de R$ 600 do governo federal.  O gasto estimado equivale a duas vezes o orçamento da Secretaria de Defesa Social do município previsto para todo o ano e a 5% da receita esperada para 2020.

MUNICÍPIO JÁ TEM UM AUXÍLIO

A Prefeitura da Serra já havia anunciado, no início de junho, o pagamento de outro auxílio emergencial, esse de R$ 300, destinado aos trabalhadores em situação de extrema pobreza do município que não tenham sido contemplados nem pelo benefício federal, nem pelo Bolsa Família.  Nesse caso, como cerca de 2,8 mil famílias se enquadram nos critérios, o impacto orçamentário é bem menor, de R$ 858,9 mil.

Em modelo parecido, a prefeitura de Vitória também criou ajuda financeira emergencial aos mais pobres. Novamente, só estão contemplados aqueles que ficaram de fora do programa federal. Na Capital, serão gastos R$ 3 milhões para pagar R$ 900 em três parcelas para 3,4 mil famílias.

PREFEITO VETOU

O projeto que cria o auxílio de R$ 500 foi proposto e aprovado pelo Legislativo municipal. Contudo, o prefeito da Serra, Audifax Barcelos (Rede), vetou o texto. A Câmara, por sua vez, derrubou o veto, promulgando a lei. Apenas o vereador Fábio Duarte foi contrário.

"O cidadão não está tendo hoje como colocar comida na mesa devido ao desemprego por conta da pandemia. Sentimos a necessidade de fazer algo", disse o presidente da Casa.

Mesmo com a dimensão da despesa criada, o vereador defende que é possível que o Executivo arque com esse gasto. "Só não arca se não quiser. Só do governo federal, a prefeitura recebeu R$ 70 milhões para a Covid-19.  Tem também a taxa de iluminação pública que também pode ser usada para este fim e são R$ 52 milhões", cita Caldeira.

Além dos R$ 63 milhões para pagar efetivamente o auxílio, a lei também prevê que a prefeitura deverá arcar com a contratação de um serviço para que a população possa fazer o cadastro e receber o dinheiro.

Para especialistas ouvidos por A Gazeta, como a lei cria uma despesa importante, o tema é controverso. O professor e mestre em Direito Raphael Abad acredita que o texto seria inconstitucional. "Existem entendimentos contrários, mas eu acredito que há inconstitucionalidade. Toda vez que eu crio uma fonte de despesa, como o dinheiro é finito, tenho que dizer de onde ele vai sair. É da Saúde? Da Educação? A pessoa em quem a gente vota para determinar para onde vai o dinheiro é o Executivo", afirmou, em entrevista no último na última quinta (16).

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Para o advogado e professor de Direito da FDV Caleb Salomão, essa é uma questão orçamentária em que se estabelece um conflito entre Executivo e o Legislativo. "Toda despesa deve vir acompanhada pelo seu custeio, se no orçamento houver excedente para pagar, o que acho que não tem, possivelmente prevalecerá posição da Câmara legislativa. Mas se, de fato, isso for criar uma despesa a descoberto, sem condição de pagamento, se vai endividar o município, é provável que se decida pela posição do prefeito", avaliou, também no dia 16.

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