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Publicado em 23 de dezembro de 2021 às 17:31
O gás natural encanado, distribuído pela Companhia de Gás do Espírito Santo (ES Gás), vai sofrer um aumento de até 29% em janeiro de 2022. Com isso, a tarifa média vai subir de R$ 3,12 para R$ 4,02. O valor já foi homologado pela Agência Reguladora de Serviços Públicos (Arsp), segundo informa a distribuidora capixaba. Mas não fica por aí, já que para o mês seguinte, em fevereiro, está prevista outra alta, em percentual ainda não informado. >
"A tarifa média sofrerá um impacto de cerca de 29% em janeiro de 2022 – decorrente da majoração da fórmula de preços -, devendo incidir novo aumento em fevereiro de 2022, desta feita relativo às flutuações do indexador da molécula, o petróleo tipo Brent, e a taxa de conversão de dólar para real", informa em nota a ES Gás.>
A estimativa inicial é de que, com os dois reajustes, a tarifa média chegue a ter um aumento total de cerca de 40%, o que só poderá ser confirmado no final de fevereiro.>
Para homologar a tarifa, a Arsp aprovou antes o resultado em que a Petrobras foi a vencedora da Chamada Pública para aquisição de gás natural realizada pela Companhia de Gás do Espírito Santo (ES Gás). Ela vai continuar fornecendo o insumo à distribuidora capixaba entre 2022 e 2025. >
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O aumento decorre de mudanças na metodologia de cálculo do preço da molécula de gás natural pela Petrobras que deixaram o insumo distribuído pela ES Gás mais caro. Isso porque a petroleira adotou uma majoração para novos contratos negociados com as concessionárias estaduais. >
Por nota, a ES Gás informou que, tão logo recebeu a proposta comercial da Petrobras – "inicialmente com previsões de aumentos expressivos, de até cerca de 300% no curto prazo em relação ao contrato que a mesma tem com a ES Gás" -, foi iniciado um processo de negociação com a Petrobras.>
"Também procedeu consulta a concessionárias estaduais congêneres que se encontram na mesma situação para 2022. Foram consultadas, também, organizações não-governamentais representativas da indústria do gás, a exemplo da Abegás (Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado) e da Abrace (Associação dos Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres)", informa a nota.>
A distribuidora capixaba relata ainda que recorreu ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), com questionamento sobre o entrave que impede a participação de outras empresas, em igualdade de condições com a Petrobras, no acesso às chamadas infraestruturas essenciais (infraestrutura de escoamento e/ou de processamento e/ou de transporte) e que as impossibilitaram de firmar compromisso com a ES Gás para trazer o gás até o ponto de entrega à concessionária (citygates) na data requerida no edital.>
"Assim, a Companhia de Gás do Espírito Santo recebeu uma nova proposta com redução no aumento do preço da molécula – que embora ainda longe do disposto no atual contrato, proporcionou a redução do impacto para os clientes, no curto prazo, em troca de uma extensão do termo contratual para quatro anos", informa em nota.>
Em geral os contratos são renovados anualmente, como explica Heber Resende, diretor-presidente da ES Gás. Mas, para que a Petrobras reduzisse os percentuais de reajuste, foi necessário ampliar o prazo, sob o argumento da petroleira de que seria necessário diluir o impacto da crise internacional energética. >
"Mas teremos salvaguardas à concessionária e a seus clientes, por meio de cláusulas de saída do contrato que permitem reduções na compra de volumes por parte da concessionária e também por parte de consumidores individuais que resolverem se declarar 'Livres', antes de vencido o prazo final do contrato", informou Resende.>
O resultado da Chamada Pública, segundo Heber Resende, diretor-presidente da ES Gás, frustra a ideia do novo mercado de gás, que previa a diversificação dos agentes da cadeia. Isso porque, embora disposto no novo marco regulatório, tal diversificação não se viabilizou até dezembro de 2021. >
"Vivemos em um cenário em que o agente que antes era monopolista se tornou dominante de fato. Enquanto essa dominância permanecer, sem que seja promovida a democratização do acesso a infraestruturas, todo o restante da cadeia se vê dependente das condições impostas pela Petrobras, que de fato, acaba por reduzir a competitividade desta fonte energética e, consequentemente, de todo o mercado que dela usufrui”, analisa Heber Resende.>
Mas ele acredita que em um futuro próximo essa realidade possa se modificar. Observou que outras sete empresas que participaram da chamada pública com propostas comerciais não garantiam a disponibilidade imediata do produto em 01.01.2022, tal como exigido no documento licitatório.>
A ES Gás informa que desde o seu 1ª dia de operação, em agosto de 2020, vem envidando esforços para diversificar a fonte supridora de gás ao Estado. "Lançamos chamadas públicas para o suprimento do Estado em 2021 e também agora para 2022, conforme previsto no contrato de concessão, de sorte a buscar as melhores condições de mercado para os consumidores capixabas. Mas, sem a efetiva mudança no mercado, com a garantia do livre acesso de novos supridores às instalações da concessionária, a ES Gás fica refém de uma situação que efetivamente mantém uma única fonte supridora para as distribuidoras", informa em nota. >
No total, 68,7 mil consumidores do Espírito Santo serão afetados, sendo 67,9 mil clientes residenciais, e os demais, CNPJs, como indústrias, comércios, entre outros. Também entra nesta conta o gás natural veicular (GNV).>
Embora outras empresas tenham apresentado seus projetos, apenas a Petrobras atendeu a todos os critérios. Isso porque o contrato anterior para fornecimento encerra-se em 31 de dezembro e nenhuma das demais companhias que fornecem a molécula têm a capacidade para fornecer o insumo já no mês seguinte. >
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