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Posto no ES aumentou preço da gasolina enquanto clientes abasteciam, diz polícia

Posto no ES aumentou preço da gasolina enquanto clientes abasteciam, diz polícia

Dados foram apurados após denúncias de motoristas que abasteceram em uma rede de postos em Vila Velha em 8 de setembro, quando havia a ameaça de uma greve dos caminhoneiros

Publicado em 28 de outubro de 2021 às 20:09

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Polícia Civil faz oepração em rede de postos de gasolina em Vila Velha
Polícia Civil fez operação em rede de postos de gasolina em Vila Velha. (Divulgação/ Sesp)

A investigação da Polícia Civil que apura a prática de aumento abusivo de preços em uma rede de postos de combustíveis em Vila Velha mostrou que houve alteração nos valores cobrados pela gasolina com minutos de diferença.

Segundo o delegado titular da Delegacia Especializada de Defesa do Consumidor (Decon), Eduardo Passamani, dados obtidos junto à Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz) referentes às transações de 8 de setembro deste ano mostram vendas de gasolina comum com preços que variam entre R$ 6,07 e R$ 6,47 o litro com poucos minutos de diferença.

Naquele dia houve uma corrida dos motoristas aos postos de combustíveis devido a um anúncio de greve dos caminhoneiros.

"Como teria havido uma determinação por parte do empresário para que fosse aumentado o preço do combustível devido a alta demanda, consumidores tiveram interrupção do abastecimento para que fosse feito o aumento. Eles, depois, teriam que pagar o restante da gasolina com o valor reajustado", disse o delegado.

Ele explica que a prática é abusiva já que as pessoas que estavam abastecendo ou mesmo as que esperavam na fila foram atraídas para aquele local a partir do preço ofertado na placa. Por isso, uma mudança no valor cobrado só poderia ocorrer caso o local estivesse vazio.

“Apuramos um crime de relação de consumo. Quando um comerciante anuncia um produto por determinado preço, tendo o produto, ele tem que vender pelo preço anunciado”, apontou.

O dono da rede de postos de combustíveis, que mora na Praia da Costa, em Vila Velha, é investigado, mas não teve o nome revelado pela polícia. A rede tem três unidades no mesmo município.

PREÇO MUDOU ENQUANTO CLIENTE ABASTECIA

Uma das testemunhas ouvidas pela Polícia Civil na investigação disse que a gasolina mudou de preço enquanto ela enchia o tanque.

“Ela disse que estava abastecendo e interromperam o abastecimento para falar que se quisesse continuar seria com valor maior”, afirmou o delegado titular da Delegacia Especializada de Defesa do Consumidor (Decon), Eduardo Passamani.

Ainda de acordo com o relato, o motorista pediu para falar com um gerente do posto e foi informado pelo frentista de que a mudança era uma determinação e que, se quisesse, poderia pagar o que já havia sido colocando no tanque do carro e sair. A outra opção era que ele continuasse abastecendo, porém com o preço mais elevado.

OUTRAS IRREGULARIDADES

Vídeos enviados por consumidores lesados à Comissão de Defesa do Consumidor da Assembleia Legislativa apontam ainda outra irregularidade. Enquanto na placa da entrada do estabelecimento e na bomba era indicado o valor de R$ 6,07 para a gasolina comum, na nota fiscal de um consumidor foi cobrado R$ 6,17.

Polícia Civil faz oepração em rede de postos de gasolina em Vila Velha
Polícia Civil fez operação em rede de postos de gasolina em Vila Velha. (Divulgação/ Sesp)

Outro denunciante apontou que, no mesmo dia, pagou R$ 6,47 no litro de gasolina, valor que seria para pagamentos a prazo, mesmo ele tendo feito o pagamento à vista.

"Além disso, frentistas poderiam estar fazendo abastecimento de gasolina aditivada sem informar o consumidor. Como a maioria das pessoas não costuma conferir a nota fiscal, muitas podem ter sido lesadas", diz Passamani.

Durante a operação foram recolhidos os celulares dos gerentes dos três postos de combustíveis. O objetivo é saber se a prática abusiva era comandada exclusivamente pelo empresário dono da rede, ou se havia também conluio de gerentes e frentistas. Também será investigado se essas irregularidades eram praticadas de forma contínua nesses postos.

Segundo o presidente da Comissão de Defesa do Consumidor da Assembleia, deputado Vandinho Leite, já há evidências atualmente para comprovar que houve cobrança abusiva no dia 8 de setembro nesta rede de postos.

"É um aumento significativo que aconteceu em um momento de instabilidade onde, infelizmente, está claro que o empresário quis ter lucro em cima da instabilidade econômica e fragilidade da população", disse.

OUTRO LADO

O repórter Diony Silva, da TV Gazeta, conversou com o gerente de um dos postos. Ele não quis gravar entrevista, mas disse que não há irregularidade. Segundo ele, o vídeo foi feito num dia que houve uma alta procura por causa da ameaça de greve dos caminhoneiros. O gerente disse que a solução encontrada no dia foi aumentar os preços.

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Por causa da lei de abuso de autoridade, a polícia não divulgou o nome do empresário investigado. A Gazeta não conseguiu contato com ele.

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