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Modernização da indústria é prioridade para governo federal em 2024, diz Alckmin no ES

Modernização da indústria é prioridade para governo federal em 2024, diz Alckmin no ES

Governo quer postergar pagamento de tributos por indústrias em um ano, para que empresas possam renovar maquinário e aumentar eficiência. Vice-presidente concedeu entrevista exclusiva à TV Gazeta em visita ao Espírito Santo

Publicado em 28 de julho de 2023 às 07:53

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O vice-presidente Geraldo Alckmin em visita à sede da Rede Gazeta, em Vitória
O vice-presidente Geraldo Alckmin em visita à sede da Rede Gazeta, em Vitória, na quinta-feira (27). (Ricardo Medeiros)

A modernização da indústria brasileira é uma “prioridade absoluta” para o governo federal em 2024. A declaração é do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, que, em visita ao Espírito Santo na quinta-feira (27), concedeu entrevista exclusiva ao repórter Mario Bonella, da TV Gazeta.

“Nós precisamos renovar o parque industrial brasileiro. Ele está envelhecido. A média é 14 anos. Você tem máquinas mais antigas, com menor produtividade, mais custo, maior consumo de energia, então nós vamos fazer uma depreciação acelerada, (com recursos) de R$ 9 bilhões a R$ 15 bilhões”, declarou.

Para uma indústria que paga R$ 100 milhões de tributo em cinco anos, por exemplo, o mesmo valor será pago, mas o débito tributário do primeiro ano seria empurrado para frente e diluído nos quatro anos seguintes, para que a empresa pudesse usar essa “sobra” inicial para modernizar o maquinário e ganhar eficiência.

Alckmin enfatizou: “Ninguém está abrindo mão de imposto, você só está postergando um ano.”

Confira a entrevista completa com o vice-presidente Geraldo Alckmin:

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    São três questões. Lá atrás, nós estávamos todos juntos. Eu, quando iniciei na vida pública, ainda estudante de medicina, líder estudantil, éramos todos do MDB. Você só tinha dois partidos: Arena, que apoiava o período militar, e o MDB, que trabalhava pela redemocratização. Éramos todos MDB: Lula, Fernando Henrique, Mário Covas, Ulisses Guimarães, Geraldo Alckmin, eu jovenzinho… Todos lá. Depois, quando veio o pluripartidarismo, cada um tomou seu rumo. O que houve em 2018 é que a democracia brasileira estava correndo risco. Olha 8 de janeiro (de 2023) aí, o que aconteceu. Eu acho que o presidente Lula salvou o processo democrático. Agora é unir o Brasil, fortalecer a democracia, e fazer o que o Brasil precisa: reformas, eficiência econômica, emprego, renda, e ter uma rede de proteção social. E elas não são antagônicas, elas se complementam.

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    Eleição é momento. Em 2018, a presidente (anterior, Dilma Roussef) teve impeachment. O presidente Temer assumiu. Ainda teve aquele episódio do Joesley (Batista), que meio que acabou (com) o governo. O presidente Lula, que era o favorito (do PT), foi impedido de disputar. Eu, que fui candidato, estava crescendo. Se pegar o último DataFolha antes da facada (sofrida por Jair Bolsonaro durante a campanha), eu tinha passado de 9% para 11%, Bolsonaro tinha caído de 21% para 19%. A diferença era de oito pontos só. Era virar quatro (pontos) e a gente passava na frente. Teve a facada, acabou a campanha, e todos nós nos solidarizamos, porque isso nunca tinha acontecido no Brasil. No próximo DataFolha, ele (Bolsonaro) já cresceu, e aí polarizou. Eu sempre disse: o PT estará no segundo turno. A dúvida era quem, contra ele. E aí foi o Bolsonaro e, naquele momento, ganhou a eleição. Acho que estamos hoje num momento bom. O país está acalmando. Democracia é diálogo. Democracia é civilizatória. Ninguém precisa pensar igual. Agora, é preciso dialogar, debater, e decidir. Acho que o Brasil está vivendo um bom momento hoje.

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    Olha, no mundo inteiro, não é só nosso (problema)... No mundo inteiro você tem uma polarização maior. Esse é um fenômeno mundial. Agora, eu acho que nós estamos melhorando. Não tenho dúvida que o cenário hoje é outro. Eu viajo pelo interior, às vezes vou visitar minhas irmãs que moram em Pindamonhangaba (SP), onde nasci, fui médico, prefeito, e tiro 500 retratos em cada viagem. Então, acho que está diminuindo. Minha tese é: quem ganha, governa. Então trate de governar bem e prestar contas. Quem perde, fiscaliza. Trate de fiscalizar bem, criticar bem, fazer boas propostas, e se prepare para a próxima eleição. Isso é democracia no mundo inteiro.

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    Eu aprendi em medicina: “suprima a causa que o efeito cessa”. É preciso ir na causa dos problemas. Qual o problema? É o fato de termos hoje 30 partidos. Não é possível. Você não te 30 ideologias, você tem cartórios. Então, precisamos reduzir o número de partidos. O presidente Lula ganhou a eleição quase no primeiro turno, e os 14 partidos que o apoiaram elegeram 139 deputados em 513. O que nós precisamos ter é menos partidos, partidos mais programáticos, com propostas. Porque, à medida que você tem tantos partidos, fragmentou tanto, que enfraqueceu muito os partidos e exacerbou o personalismo. Com o tempo, isso vai melhorar. A cada eleição, vai diminuindo, (com) a cláusula de desempenho. Eu até a faria mais depressa, faria uma reforma política, para ter menos partidos.

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Geraldo Alckmin, Vice Presidente da Republica participando do Evento da Findes, em Vitória
Geraldo Alckmin, Vice Presidente da Republica participando do Evento da Findes, em Vitória. (Ricardo Medeiros)
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    Depende do Congresso. Ela está sendo feita. A cada eleição, vai dando uma diminuidinha. Só que vai demorar muito. Você poderia apressar esse processo. Mas eu acho que a votação da reforma tributária e do arcabouço fiscal mostrou um parlamento mais maduro. É interessante esse fato. Isso também chama a atenção. Eu fui deputado federal. O Congresso é sempre criticado, não é de hoje. Só que isso demonstrou uma certa maturidade. Todo mundo achava que ia ter mais dificuldade, e passou.

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    Nesse mês de agosto o governo está lançando o chamado PAC 3, um grande programa de investimentos, especialmente em infraestrutura. Terá recurso público, mas a maior parte será privado. O que vai ter pra valer é PPP e concessões. Por exemplo, infraestrutura, rodovias, aeroportos, portos, ferrovias, hidrovias, dutovias, integração desses modais todos para gerar eficiência, reduzir custo-Brasil, a maior parte vai ser feito com investimento privado. O que você precisa ter é um bom marco regulatório e fiscalização, e agências de estado despolitizadas, e ter segurança jurídica. Em relação aos ministérios, tem mais ministérios, mas não aumentou os chamados DAS, o que fez foi redistribuir. Vou dar um exemplo do ministério que eu tenho a honra de presidir. Se você põe o Ministério da Indústria, Comércio e Serviço dentro do Ministério da Fazenda, isso vai ser o fim da fila. Agora, a questão central hoje é evitar a desindustrialização brasileira. Quando você recria o ministério, que aliás foi criado pelo Juscelino Kubitschek lá atrás, você está dando mais foco, mais atenção para a indústria. O custo é muito pequeno.

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    Vamos pegar pela indústria automobilística. Eu comprei um fusca lá atrás, quando era jovem. Paguei em 48 parcelas. Troquei por uma Brasília, 48 parcelas. Hoje, 70% dos carros é à vista. Quem não tem dinheiro para comprar à vista, não compra, por causa dos juros. A prestação fica muito alta. Então enquanto não caem os juros, e nós estamos com confiança que vai cair, o governo deu um estímulo. Dá um crédito, e ele terá três critérios: social, ambiental, e industrial. Foi um sucesso total. Nós vendemos em um dia, 26.800 veículos. Histórico. E fizemos também para caminhão e ônibus, que continua. A linha branca ainda está sendo estudada. Mas eu diria que a medida mais importante para a indústria, e quero falar quase em primeira mão, é a depreciação acelerada. Nós precisamos renovar o parque industrial brasileiro. Ele está envelhecido. A média é 14 anos. Você tem máquinas mais antigas, com menor produtividade, mais custo, maior consumo de energia, então nós vamos fazer uma depreciação acelerada, de R$ 9 bilhões a R$ 15 bilhões. Ninguém está abrindo mão de imposto, você só está postergando um ano.

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    Exatamente. Imposto de renda e CSLL (contribuição social sobre o lucro líquido).

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    É. Imagine o seguinte: uma empresa paga R$ 100 milhões de tributo em cinco anos. Ela vai continuar pagando R$ 100 milhões em cinco anos, só que no primeiro ano é zero, e ela vai trocar o seu maquinário, depois ela repõe no segundo, terceiro, quarto e quinto ano. É que a se chama de depreciação acelerada.

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    Ele foi ao meu gabinete na segunda-feira desta semana, conversamos. Prioridade absoluta. Vamos trabalhar para colocar no orçamento do ano que vem, 2024.

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    A BR 101 foi concessionada, do Rio até a Bahia. Acontece que o setor privado também tem problema. A concessão teve um problema e queria devolver. O governo está trabalhando com o Tribunal de Contas da União e, se autorizar, vai ter que relicitar para a nova concessionária (assumir). Se o TCU disser que não precisa, ganha-se tempo. Acho que em mais umas semanas deve ser resolvido. Então, BR 101 já tinha sido concessionada, a concessão apresentou problemas, aliás, como muitos aeroportos também, em razão da pandemia. Então ela está bem encaminhada para continuar concessionada, com nova licitação ou não. E aí vai se duplicar a rodovia. As outras duas são Dnit, aí é o governo federal que tem que fazer a manutenção, duplicação, ampliação. Para se ter uma ideia, só neste ano, o Ministério dos Transportes vai ter mais recursos do que nos últimos quatro anos. Então eu vou verificar se estão no PAC 3 as BRs que me falou o governador Renato Casagrande, 262 e 259. A BR 101 não vai precisar de recurso público.

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    Está corretíssimo. Nós precisamos de competitividade. Reduzir custo-Brasil e ter competitividade para crescer mais, ter mais emprego, atrair mais investimentos. Não tem um item, não tem bala de prata, tem um conjunto de tarefas, de deveres. Um deles é boa logística.

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    É a primeira ZPE privada. E vão ter vários projetos. Quero citar um que é rochas ornamentais. O Estado do Espírito Santo é um grande exportador de rochas ornamentais. É um bom modelo. A ZPE vai atrair investimentos, vai produzir produtos para exportação, ela vai criar emprego.

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    O Espírito Santo é um Estado importante na área de petróleo e gás. Nós vamos dobrar a capacidade de produção de gás (no país). Hoje a produção de gás no Brasil está em 45, 50 milhões de metros cúbicos. No ano que vem já aumenta um terço, mais 30%. O Espírito Santo é fundamental. Então, dobrar a produção de gás no Brasil, o gás natural, e mais barato. Está US$ 14 o milhão de BTU (Unidade Térmica Britânica). Nos Estados Unidos é US$ 5. Nós precisamos reduzir. Esse é um fator importante de desenvolvimento.

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    Olha, no Estado de São Paulo, vinte anos atrás, morriam 13 mil pessoas assassinadas por ano. Baixamos para 12, 11, 10, 9, 8, 7, 6, 5, 4, 3 mil. Saímos de 33 assassinatos por 100 mil habitantes/ano para 8. É duas vezes mais perigoso você andar de carro ou andar de moto, é o dobro do que o número de mortes por homicídio. Polícia na rua é fundamental, tecnologia, prender, investir no sistema penitenciário. O poder de polícia é do Estado, mas o governo federal tem uma tarefa importantíssima, que é a questão das drogas. Nós não produzimos drogas aqui, elas vêm pela fronteira. Claro que não é fácil. O Brasil é um país continental, com uma fronteira gigantesca, mas tem que (fazer) e vai fazer isso. E a área social. Se você pegar o modelo americano, de Nova York, tolerância zero não é só polícia. Você vai naquele bairro mais complicado, põe polícia mas o importante é o social. Depois a polícia sai e fica ali o trabalho social.

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O vice-presidente Geraldo Alckmin, o governador Renato Casagrande e o presidente da Rede Gazeta, Café Lindenberg(Ricardo Medeiros)

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