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Publicado em 24 de agosto de 2022 às 18:18
Uma organização criminosa com atuação no Espírito Santo é suspeita de ter alcançado lucros superiores a R$ 2 bilhões desde 2019. Esses valores eram obtidos através do uso de empresas de fachada para sonegar impostos em pelo menos três Estados: Minas Gerais, Goiás e Espírito Santo.>
Com o dinheiro obtido ilegalmente, o grupo adquiriu um patrimônio que contempla vários imóveis, incluindo uma mansão na Ilha do Frade, em Vitória, um terreno de 30 hectares em Domingos Martins e 23 veículos de alto custo - sendo alguns considerados de luxo -, que estão avaliados em aproximadamente R$ 13,5 milhões. >
O esquema foi desmantelado pela Operação Stuttgart, deflagrada pela Polícia Civil na última quinta-feira (18) com apoio da Polícia Civil de Minas Gerais e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público Estadual (Gaeco-mpes">MPES). >
Foram cumpridos oito mandados de prisão temporária e 24 mandados de busca e apreensão, além de 42 ordens judiciais de bloqueio de contas bancárias. Os detalhes foram divulgados pela Polícia Civil em entrevista coletiva nesta quarta-feira (24).>
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Como mostrou A Gazeta, entre os suspeitos há empresários que tinham empresas supostamente de fachada. O nome das pessoas investigadas não está sendo divulgado porque o processo tramita em segredo de Justiça.>
De acordo com o delegado titular da Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos, Eduardo Teixeira Coelho, a investigação começou há cerca de um ano e meio, após recebimento de uma denúncia anônima sobre uma empresa que seria receptadora de veículos e os integrava ao seu patrimônio para locação.>
"Após o aprofundamento da investigação, a polícia verificou que o sócio proprietário dessa empresa possuía outras empresas, sendo que essas outras empresas nem existiam, eram consideradas fictícias, ou seja, usualmente eram utilizadas a fim de fazer a sonegação fiscal ou lavagem de dinheiro", explicou.>
Segundo o delegado, a compra de carros e luxo era utilizada para dar aparência de ato lícito ao crime praticado. "Eles faziam sonegação fiscal utilizando empresas fictícias ou de fachada e, ao ter o recebimento ilícito desses recursos, faziam a compra de veículos de luxo a fim de dar aparência de licitude".>
Ele explica que eram usadas empresas de fachada que tinham incentivo fiscal ou microempresas fictícias dos ramos alimentícios e de bebidas. Tendo em vista esses benefícios, grandes empresas utilizam essas companhias menores para emissão de notas fiscais adulteradas em nome delas.>
Pelas notas fiscais simuladas seriam pagas comissões que teriam dado origem ao patrimônio milionário dos empresários. "Eles pegavam esse dinheiro, que é um recurso ilícito, ou seja, não foi devidamente recolhido ao Estado, e fazia aquisição do carro de luxo".>
A investigação contou com informações compartilhadas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que demonstraram que as entradas de valores nesses empresas eram incompatíveis com o capital social delas.>
As empresas fictícias eram abertas em nome de laranjas - pessoa cujo nome é empregado na ocultação de bens ilícitos ou de origem incerta. A investigação apontou que eles recebiam, em média, R$ 1.300.>
"Eles usam essas pessoas de laranja para pegar os dados pessoais deles. São pessoas humildes, muitas vezes sem nenhuma condição ou que conhece pouca coisa", explicou o delegado Eduardo Teixeira Coelho, que segue:>
"Eles falavam que essas pessoas seriam contratados pela empresa e receberiam um valor tal, que seria mensal, mas na verdade utilizavam o CPF e os documentos pessoais delas a fim de estarem realizando abertura de uma empresa e utilizarem esse CNPJ", disse o delegado.>
Os oitos detidos na operação estão presos temporariamente. Eles podem ser autuados pelos crimes de falsidade ideológica, lavagem de capitais e sonegação de impostos.>
Entre os 23 veículos comprados pelo grupo, seis foram apreendidos até o momento. Eles somam um valor de R$ 1,32 milhão. A Polícia Civil segue com esforços para apreender os veículos restantes.>
Mais de 50 policiais participaram da operação, que foi realizada nas cidades de Vitória, Vila Velha e Baixo Guandu, no Espírito Santo, e nas cidades de Belo Horizonte, Poços Caldas e Pitangui, em Minas Gerais.>
* Com informações de Tarciane Vasconcelos, da TV Gazeta, e de Vilmara Fernandes>
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