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Publicado em 28 de novembro de 2021 às 10:01
O mundo corporativo é repleto de desafios tanto para lideranças quanto para colaboradores, principalmente em um momento tão conectado como o que estamos vivendo. Para o palestrante e ex-padre Zeca de Mello, que participou do Vitória Summit, evento realizado pela Rede Gazeta, nesta quinta-feira (25), as empresas querem hoje um engajamento genuíno de seus funcionários. Segundo ele, isso deve ser uma preocupação dos dois lados. >
O especialista cita como exemplo as crianças que são muito agitadas e quando encontram um esporte ou atividade que gostam passam a ter uma grande capacidade de dedicação. >
“O curioso é que as empresas querem encontrar isso também. Por que todo mundo fala de propósito? Porque estão preocupados com os valores e porque querem dar à força de trabalho o engajamento genuíno. Não basta dar bônus de inovação para quem quer inovar. Não funciona mais desse jeito. As pessoas querem ganhar bem, mas o que está em jogo também é a vontade de colaborar com algo que valha a pena”, destacou.>
Zeca de Mello é ex-padre, filósofo, professor e doutor em Teologia pela Universidade Gregoriana de Roma. O ex-sacerdote participou nesta quinta-feira (25) do painel “Reaprender a aprender: desafios para as pessoas e organizações”, no Vitória Summit. Atualmente ele atua em uma área de pesquisa da área humanizada e apontou que há uma falta de capacidade dos líderes em se autoavaliar.>
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"A gente tem uma massa de pessoas em cargos estratégicos de liderança que não tem capacidade de autoavaliação, não tem capacidade de autocrítica. A vida inteira fez teste padronizado, sempre com outra pessoa o avaliando. É um déficit a capacidade de auto reflexão e de crítica”, disse. >
O filósofo ainda abordou o mundo hiperconectado em que vivemos, sobretudo com a proliferação das ferramentas digitais. "Nessa economia das plataformas digitais, a nossa atenção se tornou o maior ativo. Todas as plataformas estão competindo pela nossa atenção. É difícil hoje prestar atenção naquilo que realmente importa", afirmou.>
2º dia do Vitória Summit 2021
Ele lembrou que sofremos de déficit de atenção, o que denominou de “economia de atenção”, ou seja, a necessidade de fazer com que mais coisas possam fazer parte do nosso dia a dia. “Vivemos um excesso de coisas piscando e tremendo, chamando a nossa atenção. Todas as inovações da modernidade vieram com a promessa de termos mais tempo. Foi assim com a máquina a vapor e agora com a transformação digital, tudo isso com a promessa de ter mais tempo livre, mas parece que essa profecia nunca se cumpriu", explicou.>
Durante a palestra, Mello ainda falou sobre a importância de desaprender, ou seja, não ficar tão apegado ao que aprendeu. "O mais importante para a gente hoje talvez seja desaprender. Isso não significa jogar fora o que a gente já sabe, mas exercitar novas perspectivas e não ficar tão apegado ao que já sabe e já aprendeu", declarou.>
Ele destacou ainda que na vida somos agentes de mudança a todo momento. Mello lembra das oportunidades que temos de aprender e reaprender a todo instante. “Você sempre foi filho e de repente se torna pai ou você era estagiário e passa ser responsável por outros estudantes. A vida nos muda a todo instante”, salienta. >
Mello ressalta que as organizações são criadas para dar resultado, ir atrás de objetivos e metas. Ainda segundo ele as empresas tem responsabilidade financeira, ética e o poder de gerar impacto na vida das pessoas. >
Zeca de Mello se ordenou padre aos 25 anos e atuou na igreja católica por 18 anos. Pediu afastamento, em 2006, quando estava no auge da carreira, após retornar de um doutorado na Itália. Ele é filósofo, professor e palestrante. >
“No final do segundo ano de estudos, entrei em crise. Percebi que seria muito difícil eu ter uma vida equilibrada, sem ter uma família. Já tinha casado meus irmãos e meus amigos e batizado meus sobrinhos. Qualquer expectativa de abertura da instituição para dialogar o casamento de sacerdotes não havia. Foi então que precisei reinventar a minha vida profissional”, contou. >
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