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Publicado em 28 de fevereiro de 2025 às 17:40
A derrubada de uma vegetação às margens das avenidas Dante Michelini e Norte Sul, em Vitória, pela empreiteira responsável pela obra do Mergulhão de Camburi chamou a atenção nas últimas semanas. Houve questionamentos sobre qual tipo de vegetação está sendo levado ao chão na região de Jardim Camburi. A reportagem de A Gazeta ouviu a prefeitura da Capital e um biólogo em busca de respostas.>
De acordo com a Prefeitura de Vitória, a área de mata foi cedida pelo governo federal e era formada, na maioria, por espécies exóticas, ou seja, que não são nativas da região. A retirada da vegetação e a eventual coleta dos animais foram precedidas das seguintes licenças de órgãos ambientais:>
De acordo com a prefeitura, antes da derrubada da vegetação, foram contratados biólogos e veterinários, responsáveis por um estudo florístico, para identificar as espécies de flora existentes no local e para resgatar os animais da área. Os profissionais constataram que a vegetação era formada basicamente por Leucenas (Leucaena Leucocephala) e Acácias (Acacia auriculiformis).>
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O biólogo e vice-presidente do Conselho Regional de Biologia do Espírito Santo (CRBio-10), Daniel Grosser Motta, explica que essas espécies são consideradas exóticas e invasoras.>
"A Leucena é originária da América Central e foi introduzida aqui no Brasil, na década de 1940, assim, para recuperação de solo, para carvão vegetal. Já a Acácia é originária da Oceania e também foi introduzida nesse aspecto de serem plantas resistentes e precisarem de pouca água. Foram muito utilizadas para recuperar áreas que estavam degradadas, porque têm um manejo mais barato", detalha.>
“Daí vem o conceito de exótico, invasor e nativo. Nativo é aquilo originário de determinado local. Essas duas espécies de plantas são exóticas, invasoras. Exótica é toda espécie de ser vivo, animal e vegetal, que vem de fora da onde é nativa. São os casos da Leucena, da América Central, e a Acácia, da Oceania. Então, são exóticas por isso. E se torna invasora porque consegue se adaptar e se dispersar naturalmente no ambiente onde foi introduzida. Com isso, começa a competir com espécies nativas”, completa.>
Motta destaca que toda espécie que é invasora é exótica, mas nem toda espécie exótica é invasora. “Por exemplo, a espada de São Jorge. A galera planta e fica ali no vaso. Ela não tem capacidade de sair se dispersando. Já essas duas (Leucena e Acácia) têm. Então, São Jorge é exótica, mas não invasora. Já essas duas são invasoras porque vieram de fora. Então, são exóticas e conseguiram dominar e se alastrar em vários lugares. E se tornaram invasoras por isso.">
No local onde foi retirada a mata, está sendo erguido o canteiro de obras da empreiteira. Além disso, de acordo com o projeto do mergulhão, o local vai receber uma das novas pistas de ligação entre a Norte Sul e a Dante Michelini, para agilizar o trânsito na região.>
Durante a derrubada da vegetação com motosserras e a limpeza da área com escavadeira, foram encontrados cinco animais entre os dias 20 de janeiro e 20 de fevereiro de 2025, sendo todos répteis, conforme informou a prefeitura.>
Do total, três animais foram afugentados para a mata da região do aeroporto, um foi coletado e descartado por se tratar de uma espécie exótica: uma lagarixa-de-parede, que não é nativa da mata. Outro foi achado morto e destinado para o descarte por não haver condições de ser utilizado em coleção científica.>
Nenhum animal precisou ser encaminhado para o Centro de Reintrodução de Animais Selvagens, o Instituto Cereias. Não foram detectados ninhos de abelhas sem ferrão durante a supressão vegetal, que foi monitorada por técnicos da secretaria Municipal de Meio Ambiente.>
Capturas informadas pela prefeitura:>
Mergulhão de Camburi: empreiteira corta mata invasora e acha animal exótico
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