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Médica do ES alerta para os riscos de passar por túneis de desinfecção

Médica do ES alerta para os riscos de passar por túneis de desinfecção

A médica alergista e imunologista Paula Perini explicou que a solução à base de dióxido de cloro borrifada nos túneis podem oferecer risco à saúde de seres humanos, especialmente em pessoas com quadro de alergia

Publicado em 12 de maio de 2020 às 09:09

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A alergista e imunologista Paula Perini pede que as pessoas não passem pelos túneis de desinfecção
A alergista e imunologista Paula Perini pede que as pessoas não passem pelos túneis de desinfecção. (Reprodução/TV Gazeta)

Nos últimos dias, os túneis de desinfecção surgiram como uma opção para ajudar no combate ao novo coronavírus. O mecanismo – que borrifa uma solução à base de dióxido de cloro em quem passa por ele – foi implantado em locais de grande circulação de pessoas no Espírito Santo, como nos terminais de ônibus, e em algumas empresas no Estado. No entanto, especialista alerta que o produto pode causar reação na pele e em quadros respiratórios.

No município da Serra, por exemplo, são pelo menos sete túneis de desinfecção que estão em funcionamento, alguns em terminais do Transcol da cidade e outros itinerantes. A eficácia deles, contudo, passou a ser questionada pelo Conselho Regional de Química, que alega não existir comprovação dessa aplicação no combate à Covid-19 e informou que o produto é indicado para superfícies e ambientes inanimados.

A alergista e imunologista Paula Perini também alerta para os riscos que os túneis representam para as pessoas. Em entrevista ao Bom Dia ES, da TV Gazeta, na manhã desta terça-feira (12), a médica explicou os perigos de passar pelo mecanismo e receber a solução borrifada, ainda que o objetivo seja de proteger a população.

Os túneis de desinfecção estão instalados nos terminais da Serra
Os túneis de desinfecção estão instalados nos terminais da Serra. (Reprodução/TV Gazeta)

"Não recomendamos o dióxido de cloro porque ele é um irritante primário. Ou seja, ele é tóxico e já esperamos que ele cause uma reação nas pessoas tanto na pele quanto nos quadros respiratórios. Os pacientes alérgicos, especialmente, não recomendamos que passem pelo túnel, pois ele pode agravar as doenças pré-existentes como a asma, rinite, bronquite e também dermatites, que são as irritações cutâneas", disse a especialista.

A alergista detalhou, contudo, que uma passagem apenas não oferece tanto risco ao usuário, mas pede que as pessoas evitem ter contato com o dióxido de cloro.

"O que recomendamos é não passar. O que não quer dizer que uma passagem ofereça um risco imediato de reação, mas que não repassem porque pode agravar as doenças pré-existentes. A recomendação também é válida para quem não é alérgico porque esse produto é tóxico e não é liberado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para o uso seres humanos", explicou.

PRODUTO QUÍMICO

A especialista também diferenciou as especificidades do produto utilizado nos túneis e explicou que o dióxido de cloro é recomendado para o uso industrial.

"O dióxido de cloro é utilizado em larga escala no tratamento de água e no clareamento de papel. Ele não é uma substância inofensiva, o cloro é sim irritante, podendo gerar vermelhidão nos olhos, ardência na pele, falta de ar, desconforto respiratório. Esses túneis farão uma desinfecção externa quando, na verdade, o vírus age internamente, nas vias respiratórias. Basta uma tosse ou um espirro para já poder contaminar outra pessoa", salientou Perini.

A médica salienta que o melhor a ser feito é seguir com as recomendações amplamente divulgadas, como o distanciamento mínimo, a higienização correta das mãos, utilizar o álcool em gel e a máscara de proteção facial, não a desinfecção externa. Por fim, a alergista disse estar completamente de acordo com o posicionamento do Conselho Regional de Química em descontinuar a aplicação do dióxido de cloro nos túneis.

PREFEITURA DA SERRA

O secretário de Saúde da Serra, Alexandre Viana, garante que a prefeitura se certificou com laudos técnicos para implementar o dióxido de cloro para controle da doença no município.

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"Ele possui laudos técnicos feitos na Alemanha e a própria Organização Mundial da Saúde reconhece esses laboratórios testadores como parceiros na certificação. Esses laboratórios certificam o produto, a eficácia deles contra o coronavírus e que ainda não causa danos à saúde humana. Não estamos escondendo nada, estamos abertos à conversa e apresentaremos esses laudos caso seja preciso. A intenção é diminuir o máximo possível o contágio entre as pessoas", salientou o secretário em entrevista ao Bom Dia ES na última segunda-feira (11).

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