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Justiça marca conciliação para resolver crise em igreja na Praia do Canto

Justiça marca conciliação para resolver crise em igreja na Praia do Canto

Pastor Usiel Carneiro de Sousa chegou a ser afastado em outubro, mas voltou ao comando da igreja em novembro após decisão judicial

Publicado em 24 de novembro de 2023 às 17:55

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Pastor Usiel presidindo culto na Praia do Canto
Pastor Usiel voltou ao comando da Igreja Batista da Praia do Canto. (Divulgação)

A Justiça marcou uma audiência de conciliação entre o pastor Usiel Carneiro de Souza e o grupo que pediu o afastamento dele do comando da Igreja Batista da Praia do Canto, em Vitória. O encontro está previsto para o dia 4 de dezembro, às 15h, a partir do despacho do desembargador Sérgio Ricardo de Souza.

“São ex-fiéis que já estiveram sob a tutela do pastor Usiel e a gente quer esse encontro de almas entre as pessoas, porque nós entendemos que um processo público como esse é algo ruim para todos os irmãos ex-irmãos”, afirmou o advogado do religioso, José Carlos Rizk Filho. 

Ele acrescentou que a questão não é ganhar ou perder um processo, mas estabelecer a paz. "E, quem sabe, obter um êxito para que as pessoas saiam com algum acordo feito, porque gera uma exposição ingrata para todos os fiéis e ex-fiéis."

A expectativa do advogado é a mesma do pastor, isto é, que o problema seja resolvido e que o grupo que pediu o afastamento de Usiel reveja seu posicionamento.

Justiça marca conciliação para resolver crise em igreja na Praia do Canto

Entenda a crise 

A Igreja Batista da Praia do Canto, em Vitória, vive uma disputa entre conservadores e progressistas. Em outubro, um grupo de 25 pessoas havia conseguido na Justiça fazer cumprir uma determinação da Convenção Batista Brasileira (CBB) de afastar o pastor do comando da instituição pelo que entendem como "desvio de doutrina batista". No dia 14 deste mês, Usiel conseguiu uma liminar e voltou ao comando da igreja, como noticiado pelo colunista Leonel Ximenes, de A Gazeta

O grupo é composto por fundadores da igreja e participantes antigos da comunidade batista da Praia do Canto, que recorreu em 2022 à CBB após terem sido expulsos do quadro de membros. Elas reclamavam de "desvios doutrinários" praticados pelo pastor, como o uso de teólogos de outras religiões no material didático aplicado no Instituto Bíblico e o acolhimento de pessoas e casais homossexuais na igreja, inclusive em posições de destaque, desrespeitando, na avaliação desse grupo, as escrituras sagradas.

No documento enviado à CBB, eles afirmaram que há relatos de que o pastor Usiel "estaria aceitando tais práticas (homossexualidade) e aconselhando membros de famílias tradicionais da igreja a admitirem tal prática". Além disso, o pastor teria permitido que um homem gay ministrasse cânticos e louvores na igreja. O pastor se defende e diz que o grupo é contra uma leitura das escrituras mais moderna e inclusiva.

Prédio e nome da igreja em jogo

O estatuto da IBPC afirma que, caso haja um racha ideológico na instituição, um conselho formado por 15 pastores das igrejas pertencentes à Convenção Batista Brasileira tem que definir qual dos grupos segue corretamente a doutrina batista. Esse grupo terá direito a usar o nome da igreja e o espaço físico onde ela está instalada.

Foi com base nesse dispositivo que o grupo de 25 pessoas pediu que o caso fosse analisado pelo concílio da CBB. Como o pastor Usiel e o conselho da IBPC não reconheceram a legitimidade das pessoas para ingressarem com o pedido, eles ignoraram o processo e foram julgados à revelia.

Em 6 de setembro de 2022, o pastor Hilquias Paim, presidente do Concílio Decisório e da CBB, assinou a sentença revertendo a expulsão dos 25 fiéis e alegando que eles são o grupo que permanece firme às práticas e doutrinas batistas.

Segundo a decisão, "há quebra de preceitos doutrinários por parte do pastor da igreja e seus ensinos e práticas não estão em harmonia com os princípios emanados da DDCBB (Declaração Doutrinária da Convenção Batista Brasileira)". Diz ainda que, "conforme provas testemunhais, a pregação e os ensinamentos do pastor Usiel Carneiro de Souza não mais evidenciam aquilo que creem os batistas."

Como o ministério do pastor Usiel não reconheceu a decisão nem deixou a liderança da igreja, foi movido um processo judicial para fazer cumprir o estatuto da instituição.

"Eu entendo esse processo que gerou esse concílio como um movimento politicamente articulado com o objetivo de me prejudicar, de me tirar da igreja, até porque se trata de uma igreja de muita expressão, uma igreja num bairro nobre, há interesse nisso. Talvez se eu fosse pastor de uma igreja da periferia, isso não estivesse acontecendo, mas sendo pastor de uma igreja tão visível, a minha presença incomoda", avaliou o pastor na ocasião.

Apesar do posicionamento desse grupo, o pastor Usiel tem o apoio da maioria dos membros da igreja, que realizaram abaixo-assinado com mais de 400 assinaturas, e fizeram protestos para manutenção do líder religioso à frente da comunidade. 

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