Há um ano, desde que a pandemia começou, alguns hábitos passaram a ser incorporados à nossa rotina: uso de máscara, higienização com álcool em gel e medição da temperatura ao entrar em alguns locais passaram a fazer parte do nosso dia a dia. Esbarrar com termômetros infravermelhos por aí passou a ser comum, especialmente nos últimos dias, quando alguns municípios do Espírito Santo passaram a instalar barreiras sanitárias.
Em Vila Velha, por exemplo, servidores da Vigilância Sanitária e da Guarda Municipal agora verificam a temperatura de motoristas e passageiros de ônibus em pontos estratégicos da cidade. As pessoas colocam o braço para o lado de fora da janela do carro, o termômetro é apontado para o pulso e a temperatura é verificada. Mas é correto medir a temperatura pelo pulso, ou seria melhor apontar o termômetro para a testa?
Especialistas ouvidos por A Gazeta dizem que não faz diferença a parte do corpo escolhida para aferir a temperatura e que não há interferência no resultado que aparece no termômetro o fato de a pessoa estar exposta ao sol ou dentro do carro com o ar condicionado ligado.
O professor da Ufes e infectologista Crispim Cerutti Junior explica: "Não vejo diferença. O que o aparelho faz é verificar a emissão de calor e isso é uniforme no corpo. O aparelho tem capacidade para medir a emissão do calor humano, mesmo que a pessoa esteja no sol ou no ar condicionado, não tem uma variação tão grande capaz de afetar o resultado que o aparelho vai mostrar".
O infectologista Lauro Ferreira Pinto concorda e diz que esse tipo de ação é pouco eficiente no que diz respeito ao coronavírus. "Honestamente, tem pouca diferença se vai medir na testa ou no pulso. A eficácia desse tipo de medida é pequenininha", afirma.
Há quem prefira que o termômetro seja apontado para o pulso, por medo colocar a saúde em risco ao de ter o infravermelho apontado para a testa. Mas fique tranquilo, esse risco não existe. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) chegou a emitir uma nota em afirma que é falsa a notícia de que o uso de termômetros infravermelhos direcionados para a testa podem fazer mal ao ser humano, em especial à região da glândula pineal.
"A glândula tem função de produção e regulação de hormônios e fica localizada próximo ao tálamo e hipotálamo, na parte mais central do cérebro. Com base na avaliação de referências bibliográficas e recomendações sobre esses produtos, a Anvisa conclui e informa à população que a medição de temperatura por termômetro infravermelho direcionado à testa é inofensiva ao ser humano. O órgão informa, ainda, que esses produtos não emitem radiação, somente captam o calor emitido pelo corpo humano na forma de radiação infravermelha", diz a nota.
Ainda segundo a Anvisa, a norma técnica usada em território nacional estabelece as condições de calibração e uso dos termômetros clínicos infravermelhos, sendo a região da testa o local indicado para garantir a precisão da medida. No entanto, os especialistas ouvidos por A Gazeta não veem diferença na medição.
A radiação infravermelha é um tipo de luz, num espectro que não é visível ao ser humano, emitida por todo corpo quente. Os termômetros infravermelhos usam um sensor passivo para detectar a radiação infravermelha emitida pelo calor do corpo. O aparelho não emite radiação, ele somente detecta a radiação emitida pelo corpo.
De acordo com a Anvisa, muitos termômetros possuem um laser-guia, que não faz a medição da temperatura. Ele serve somente para indicar o local onde está sendo feita a medição, evitando erros na leitura.
A luz emitida por esse laser se encontra no espectro visível, sendo usada a luz vermelha de baixa intensidade. Essa luz também não possui poder de penetração na pele, sendo em parte refletida e tornando visível o ponto vermelho que indica o local da medição. Uma pequena parte da luz é absorvida, se tornando calor.
Devido à baixa intensidade do laser, esse calor absorvido não é suficiente para causar sensação de aquecimento no local ou alterar a temperatura medida pelo termômetro.
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