O ciclista que morreu nesta segunda-feira (31) em Guarapari após bater contra uma placa de trânsito foi identificado como Michel Brûlé, de 56 anos. O canadense morava na cidade capixaba com o irmão, Martin Brûlé, dono de um albergue, desde dezembro do ano passado.
Em entrevista ao site Radio-Canada, Martin contou que o irmão trabalhava como editor e fundou a Editora Les Intouchables (Os Intocáveis), no país em que nasceu.
Michel pedalava por uma estrada íngreme na localidade de Buenos Aires, no interior do município, quando perdeu o controle da bicicleta em alta velocidade, bateu contra uma placa de sinalização à beira da estrada e depois em uma árvore. Os Bombeiros foram acionados para a ocorrência, mas ao chegarem ao local do acidente já encontraram o homem sem os sinais vitais.
Há dois anos, Michel concorreu à Prefeitura de Montreal, uma das mais importantes cidades do Canadá, mas renunciou ao pleito por conta das denúncias de agressões sexuais pelas quais ele respondia.
Em entrevista ao portal canadense, o familiar relatou que foi ao local do acidente após receber a notícia de que o irmão havia se acidentado com gravidade. Martin Brûlé ainda relatou ter conseguido conversar rapidamente com Michel, mas o irmão não resistiu aos ferimentos.
"Parece que faltou freio, ou a roda traseira, com a força de frenagem, derrapou. Quando cheguei ele conseguiu me dizer uma palavra, mas já havia acabado. Michel vai ser enterrado aqui", disse ele ao Radio-Canada.
Segundo o site Radio-Canada, Michel Brûlé foi condenado por agressão sexual em outubro de 2020. Ele teria abusado sexualmente de uma mulher que prestou queixa contra ele. O caso ocorreu em março de 2014, na cidade de Quebec. O editor e empresário tentou beijá-la antes de tocar suas partes íntimas, por cima de suas roupas.
Também em depoimento ao mesmo site, o advogado do empresário negou que Michel estava morando no país na tentativa de fugir de uma condenação. Nas palavras de Charles Brochu, o fundador da editora não estava conseguindo retornar ao Canadá para responder ao processo devido à pandemia do novo coronavírus.
"Ele não queria escapar. Sua passagem de avião foi comprada. Ele me mandou uma mensagem de texto e também a carta do governo americano dizendo que os voos do Brasil não podiam ir para o território americano antes de julho", disse o advogado.
"Michel tentou voltar ao Canadá, mas foi recusado. Ele estava até no avião e eles o tiraram", acrescentou o irmão Martin Brûlé.
Michel estava programado para retornar à sala de justiça no último dia 26 de maio, no Tribunal de Quebec, para uma nova rodada de audiências. No entanto, ele não conseguiu se conectar por videoconferência. A audiência acabou remarcada para o próximo 18 de junho, porém ele morreu no acidente ciclístico desta segunda-feira.
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