Repórter de Cotidiano / vfernandes@redegazeta.com.br
Publicado em 4 de setembro de 2021 às 13:02
O julgamento do juiz aposentado Antonio Leopoldo Teixeira, previsto para o próximo dia 14, deverá ser adiado. Entre os motivos estão a não conclusão de algumas diligências, a localização de algumas provas, e o principal deles, a renúncia dos advogados de defesa.
Leopoldo é acusado de ser um dos mandantes do assassinato do juiz Alexandre Martins de Castro Filho. O crime aconteceu no dia 24 de março de 2003, quando Alexandre chegava a uma academia de ginástica em Itapuã, Vila Velha. Ele foi morto a tiros ao lado do seu carro.
A denúncia feita pelo Ministério Público do Espírito Santo (MPES) apontou que a morte seria de mando, cometida em função de denúncias feitas pelo juiz sobre a venda de sentenças. Mas a defesa dos acusados como mandantes alegou latrocínio — assalto com morte.
Dos dez acusados pelo crime, apenas Leopoldo não foi julgado. Ele chegou a ser pronunciado — decisão que o encaminha para o júri popular -, mas diversos recursos foram feitos aos tribunais de Brasília — Supremo Tribunal Federal (STF) e Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Ocorre que as decisões dos recursos não foram favoráveis a Leopoldo e elas transitaram em julgado — quando não há mais possibilidade de recorrer contra a decisão — em 15 de maio de 2018 e em 16 de dezembro de 2020.
Com isto o processo foi encaminhado para a Quarta Vara Criminal de Vila Velha e o juiz Marcelo Soares da Cunha agendou a sessão em que Leopoldo sentará no banco dos réus inicialmente para o dia 2 de agosto.
Como algumas diligências solicitadas pela defesa, como a localização de algumas provas que não estão anexadas ao processo, não foram concluídas, o julgamento acabou sendo adiado para 14 de setembro. Agora, com renúncia dos advogados e a não conclusão das diligências, deverá ocorrer um novo adiamento.
Ainda não há uma manifestação formal do juiz Marcelo Soares Cunha, da Quarta Vara Criminal de Vila Velha, sobre o adiamento no processo, segundo o andamento processual do Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES). O processo já conta com 23 mil páginas,
Antonio Leopoldo informa que foi notificado pela Justiça sobre a renúncia dos seus advogados na tarde desta quinta-feira (2). “O oficial de Justiça esteve em minha casa, mas eu não estava. Ele deixou o telefone e quando cheguei, liguei para ele e fui notificado”, relatou.
Ao juiz aposentado foi dado um prazo de dez dias para informar o nome do novo advogado que irá representá-lo, o que deve acontecer até o próximo dia 13, véspera da data marcada para o julgamento. “Estou com dificuldades para encontrar um advogado que possa assumir a defesa tão próximo ao julgamento, porque é um processo extenso, volumoso. Mas estou procurando”, relata, informando ainda estar ansioso com a realização do júri popular.
Antonio Leopoldo Teixeira
Juiz aposentadoO advogado Alexandre Martins de Castro, pai do juiz assassinado, vê com preocupação os novos fatos envolvendo o processo. “Acredito na seriedade dos advogados, mas poderiam ter renunciado há mais tempo para evitar este adiamento”, destaca.
Ele pondera ainda que qualquer profissional que assumir a defesa de Leopoldo vai pedir um novo prazo para ler o processo. “Com um processo deste tamanho, mais de 23 mil páginas, qualquer advogado pedirá tempo para estudar”, disse, destacando que os adiamentos sucessivos geram frustração.
Alexandre Martins de Castro
Advogado e pai do juiz mortoUma demora que causa ainda sofrimento. “É muito sofrida. E isto acontece com um processo que envolve a morte de um juiz, imagina com o de que pessoa mais simples? O caso da médica Milena Gottardi foi investigado, denunciado e julgado em quatro anos. Aguardo por um desfecho há 18 anos e meio”, destaca o pai do juiz morto.
Das três pessoas acusadas como mandantes do assassinato, apenas Leopoldo não foi julgado. Em 2015 sentaram no banco dos réus o coronel Walter Gomes Ferreira, condenado na ocasião a 23 anos - pena reduzida posteriormente para 16 anos. No mesmo dia o ex-policial civil e empresário do ramo de mármore e granito Cláudio Luiz Andrade Baptista, o Calu, foi inocentado. Absolvição confirmada pelo TJES.
Os executores foram Odessi Martins da Silva Júnior, o Lumbrigão, condenado, em 2004, a 25 anos e 8 meses de prisão, e Giliarde Ferreira de Souza, o Gi, condenado, em 2004, a 25 anos e 8 meses de prisão. Ambos em regime aberto.
A intermediação do crime foi feita pelo sargento da PM Heber Valêncio, condenado em 27 de outubro de 2005, a sentença de 20 anos e três meses. Em liberdade. E pelo sargento da PM Ranilson Alves da Silva foi condenado a 15 anos, mas desde 2008 está fora da prisão.
A sentença de Fernandes de Oliveira Reis, o Cabeção, saiu em 24 de novembro de 2005, o condenando a 23 anos. Em junho do ano passado ele foi assassinado dentro de um veículo, em Itapuã, Vila Velha.
André Luiz Barbosa Tavares, o Yoxito, foi condenado em 8 de novembro de 2005 a 8 anos e 4 meses de prisão. Já está livre. Leandro Celestino dos Santos, o Pardal foi sentenciado em 13 de novembro de 2005 a 15 anos e dois meses de prisão. Está fora da prisão.
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