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Publicado em 21 de setembro de 2025 às 12:00
Do que antes era apenas sujeira no chiqueiro, hoje sai gás para cozinhar e adubo para plantar. Em Linhares, no Norte do Espírito Santo, produtores rurais estão transformando os dejetos de animais em fertilizantes e biogás, trazendo economia e fortalecendo a produção com o uso de biodigestores. >
Um dos pioneiros foi o agricultor André Agostini, que tem mais de 100 animais, entre porcos e aves. Ele recebeu o equipamento em 2023, dentro de um projeto do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper).>
“Foi muito eficaz, gera um gás de qualidade, dá destino correto ao dejeto dos animais. A gente faz a limpeza do chiqueiro, das baias e coloca lá no alimentador”, contou o produtor.>
Segundo André, a instalação trouxe economia imediata: "A casa da minha mãe se desligou do gás de botija, não houve mais necessidade de comprar. Para atender a duas residências, eu teria que ter mais animais, mas para uma casa já é o suficiente", explicou.>
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O biodigestor mistura 50% de esterco e 50% de água. Dentro do sistema, ocorre a fermentação da matéria orgânica, que resulta em dois produtos: o biofertilizante, utilizado na horta e em árvores frutíferas, e o biogás, canalizado direto para o fogão.>
De acordo com o agrônomo e extensionista do Incaper, Daniel do Nascimento Duarte, trata-se de uma tecnologia acessível:>
“O biodigestor é uma tecnologia social. Ele recebe os dejetos de suínos, bovinos ou ovinos e transforma em gás para a cozinha e em biofertilizante para a lavoura. É uma solução simples, que pode ser adaptada à realidade de cada produtor”.>
Outro beneficiado foi o produtor rural Valdeci da Silva Campin, que utiliza o equipamento há um ano e meio. Ele coleta o esterco do gado e alimenta o biodigestor diariamente.>
“Jogamos na horta, na pimenta e, se sobrar, a gente joga no café, nos pés de laranja também. Tem o gás também, até hoje não deu problema. A gente economiza uns 20 botijões de gás, em torno de R$ 2.500”, disse o agricultor.>
O investimento inicial, segundo ele, foi de R$ 6.500, em 2023. Desde então, não houve necessidade de manutenção dos equipamentos.>
“Funciona bem, não dá mal cheiro e não tem o risco igual aos botijões. Se der algum vazamento, não explode. É muito bom o projeto”, destacou Valdeci.>
O Incaper estimou que ao menos cinco famílias de Linhares já utilizam a tecnologia. A expectativa é que o uso seja ampliado, já que o modelo se adapta a pequenas e grandes propriedades.>
“Não é uma tecnologia nova, mas queremos mostrar que ela pode ser implementada em pequenas propriedades no Espírito Santo. É uma solução para quem tem poucos animais e também para quem tem uma produção maior. O biodigestor se adapta à necessidade do agricultor”, explicou Daniel Duarte.>
Para os produtores, a iniciativa representa economia, sustentabilidade e segurança no campo — um exemplo de como os resíduos que antes eram descartados podem virar energia e fertilidade para o futuro.>
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