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"Um Lugar Silencioso 2" é boa diversão, mas parece um videogame sem rumo

"Um Lugar Silencioso 2" é boa diversão, mas parece um videogame sem rumo

Filme fisga público por montanha-russa de tensão e tem ótimos efeitos visuais, que escondem problemas da história

Publicado em 21 de julho de 2021 às 15:30

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"Um Lugar Silencioso" foi uma das maiores surpresas do cinema americano em 2018. O filme dirigido por John Krasinski, que atuou ao lado da mulher, Emily Blunt, uniu terror e ficção científica em sequências que deixaram muitos espectadores angustiados. Embora traga mais cenas de grudar na poltrona do cinema, sua continuação, que estreia agora, pode também irritar a plateia.

Isso porque "Um Lugar Silencioso 2" não é uma simples sequência. É, sem dúvida, o segundo filme de uma trilogia. Mas, diferentemente de franquias que avançam para o terceiro longa quando o segundo vai bem de bilheteria, desta vez mais um episódio é obrigatório, porque este não conclui a história. Ainda resta muita coisa a resolver.

Filme
Filme "Um Lugar Silencioso - Parte 2". (Paramount Pictures/Divulgação)

A intrépida Evelyn Abbott e seus não menos corajosos filhos Regan e Marcus, que dividem a tarefa de carregar o bebê caçula em sua jornada de fuga, agora não têm mais o marido e pai, morto pelos alienígenas no primeiro filme. Sim, a Terra continua infestada das terríveis criaturas cegas que caçam os humanos guiadas apenas pelo som.

Ficar em completo silêncio ainda é a única chance de escapar dos predadores espaciais, enquanto a família Abbott percorre uma rota em busca de alguma proteção, entre cidades abandonadas e carros largados em estradas desertas.

Para complicar as coisas, há a grande sacada do roteiro de Krasinski, desde o longa anterior - o fato de Regan, a filha mais velha, ser deficiente auditiva. Numa trama feita de silêncios tensos, essa condição da adolescente é às vezes uma vantagem diante dos aliens, às vezes um grande problema.

O enredo traz as cenas angustiantes em dose maior, mas nenhuma consegue igualar a antológica sequência do filme original, quando Evelyn precisa dar à luz dentro de sua banheira, em completo silêncio, sozinha em casa com um monstro que a pode atacar com qualquer ruído.

O filme começa com um flashback de acontecimentos antes do planeta ser invadido pelas criaturas, que serve para introduzir um novo personagem, Emmett, um amigo dos Abbott que cruza o caminho de Evelyn e sua prole. Ele reluta em ajudar, e certamente há algo de misterioso em seu comportamento. Mas concorda em tentar encontrar Regan, que se desgarra da mãe e dos irmãos.

Em inúmeros confrontos entre os humanos e os alienígenas que vagam pela Terra, Krasinski consegue mais uma vez testar os limites do espectador. O filme acaba fisgando quem vê pela montanha-russa de tensão, mas esses excelentes exercícios visuais do diretor acabam escondendo a falta de rumo da história.

Tudo fica parecendo um videogame, pela sucessão de perigos que Evelyn e os garotos enfrentam. Quando uma situação crítica é solucionada, é apenas questão de minutos até os personagens entrarem em outro apuro. Com tanta adrenalina, talvez muito espectador só perceberá depois da sessão que o roteiro não vai a lugar nenhum.

Como o primeiro filme é espetacular, e este segundo é sem dúvida uma boa diversão, talvez a plateia não vá reclamar de esperar a conclusão daqui a um ou dois anos. E, se a franquia capturou admiradores dispostos a isso, deve muito a Emily Blunt.

Embora a jovem Millicent Simmonds esteja ótima como Regan, e Cillian Murphy, da série "Peaky Blinders", acerte como o misterioso Emmett, é Blunt que segura bem demais os dois filmes. Ela consegue transmitir medo, dúvida, desespero até, num papel que não permite choros dramáticos, gritos ou qualquer outra mudança no tom da voz. A composição de atriz como Evelyn Abbott é introspectiva e magistral.

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Vale muito assistir a "Um Lugar Silencioso 2", mesmo com o gosto de "quero mais" no fim da sessão. Mas uma advertência é necessária. O roteiro não explica nada do que aconteceu antes. Quem não viu o primeiro filme dificilmente vai embarcar na história com o mesmo prazer de quem está retornando às desventuras da família Abbott.

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