Instrumentista, compositor, cantor, produtor e um dos protagonistas da Bossa Nova, movimento musical que nasceu na década de 1950, Roberto Menescal lançou no último mês de maio o CD e DVD Roberto Menescal 80 Anos, com parceria de 17 artistas brasileiros. E, aos 81 anos, ele não para. Ainda para esse ano, ele tem ao menos três novos projetos. Espirituoso, ele contou ao C2 o segredo da vitalidade: é só não morrer antes.
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O disco e o DVD nasceram da turnê em comemoração ao aniversário de 80 anos do músico Dia de Luz, Festa e Sol! Roberto Menescal e a Bossa Nova, que rodou o Brasil remontando os mais de 50 anos de carreira do músico.
Esse projeto me foi dado de presente. O diretor geral do Canal Brasil me chamou para um almoço e disse que queriam me dar esse projeto de presente de aniversário. Eu achei ótimo, mas eles queriam que eu escolhesse os artistas. E eu disse que não podia fazer isso, porque se indicasse uns e não outros, eles poderiam ficar chateados, relembra Menescal.
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A solução acordada por eles então foi: Menescal faria uma lista com 40 artistas que já tinha trabalhado e desses, a produção chegou em 17 que estariam disponíveis para gravar nos dois dias escolhidos para o programa.
Depois queriam que eu escolhesse a música que eles interpretariam, mas queria que eles escolhessem. Todo mundo apareceu na hora certa e eu fiquei muito feliz com o resultado, da maneira como interpretaram. Lenine escolheu uma que compus no nascimento da minha filha Adriana e ele fez uma interpretação diferente de tudo que já fizeram. Foi ótimo, cada um trouxe uma novidade. Eu adorei!, declara.
Além de Lenine, participam os cantores Ney Matogrosso, Leila Pinheiro, Fernanda Takai, Zé Renato, Zélia Duncan e Moska, entre outros convidados, que reinterpretaram sucessos de Menescal como O Barquinho, Telefone, Você e Rio.
Com 400 canções em seu baú, 31 LPs e CDs, além de 11 DVDs, Menescal acumula, ao longo de mais de 50 anos de carreira parcerias históricas. Entre eles, Nara Leão, Ronaldo Bôscoli, Tom Jobim, Elis Regina, Chico Buarque, Vinícius de Moraes e Emílio Santiago.
Agora, ele mira no futuro. Além de estar vivo, o segundo segredo de Menescal para a longevidade é gostar do que trabalha. Eu amo o que faço. E estou com muitos projetos na cabeça para realizar ainda.
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Entre os projetos novos, Menescal pontua o de Bossa Blues, o disco com Leila Pinheiro e Rodrigo Santos, em homenagem a Cazuza. Eu também comecei a gravar algumas músicas com a Malu Rodrigues, ela uma das cantoras incríveis da nova geração. Estou com um projeto com a Cris Delanno, companheira de muitos anos e prepara shows com a cantora da Estônia Pille-Rite, com a turnê Estôniantes.
INFÂNCIA
Nascido em Vitória, em 1937, com pé na areia. Roberto se mudou ainda criança para o Rio de Janeiro e trilhou lá toda sua carreira artística. Motivo de muitas canções, o mar é uma das lembranças boas que guarda do estado natal.
Eu morava em frente ao mar, a liberdade que eu tinha em Vitória eu não tinha no Rio. Eu ia muito na Praia Comprida. Mas ela não existe mais, né? Foi tudo aterrado. O mar é muito forte da minha vida, conta Menescal, que também era praticante de mergulho e gostava de velejar.
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Aos 18 anos já acompanhava a cantora Sylvinha Telles como músico profissional. Mas, apesar do talento, a vida de Menescal quase seguiu para outro rumo. Profissão escolhida pelos três irmãos, por pouco ele não se tornou arquiteto.
Tinha três irmãos homens arquitetos. Eu já tocava profissionalmente e estava estudando para o vestibular de arquitetura. Até que um dia eu conheci o Tom Jobim (músico) e ele me chamou para gravar e para jantar com ele. Ele me questionou o porquê de querer prestar vestibular e se eu não queria seguir a carreira de músico. Eu cheguei em casa dizendo que ia ser músico. Meu pai quase morreu no coração.
Anos depois, a família encontrou o pedido para que os irmãos cuidassem de Roberto em um diário do pai. Cuida do seu irmão que vai ser músico e para não passar necessidade, ri Menescal. Seria tão bom se ele tivesse visto minha carreira. Acho que ele escreveria para não deixar meus irmãos arquitetos passarem fome, relembra.
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