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Espetáculo de dança 'Deserto dos Anjos' aborda velhice com sutileza

Espetáculo de dança "Deserto dos Anjos" aborda velhice com sutileza

Número comemora 33 anos da Companhia de Dança Mítzi Marzzuti

Publicado em 26 de abril de 2019 às 23:40

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Quando Mítzi Marzzuti, comandante da companhia de dança homônima, assistiu pela TV ao espetáculo “Deserto dos Anjos”, da paulistana Claudia Palma, ficou impressionada com a abordagem poética sobre um assunto muitas vezes espinhoso: a velhice.

Ao fim, Mítzi permaneceu parada em frente à TV, pensando em como trazer o espetáculo ao Estado, e como a experiência seria positiva para enriquecer o repertório de seus dançarinos. O fato ocorreu há cerca de onze anos.

De lá para cá, Mítzi e Claudia tornaram-se amigas, trabalharam juntas em outro projeto e, agora, para comemorar os 33 anos da companhia, a capixaba e seus bailarinos apresentam “Deserto dos Anjos” no Centro Cultural Sesc Glória. Serão duas sessões no próximo final de semana.

“Meu amor por este espetáculo se dá porque, além do tema arrebatador, é desafiador trabalhar em 60 minutos sem nenhum clichê de dança. Ele leva o bailarino para um ambiente desconhecido e profundamente intenso e solitário. Nos faz crescer como artistas e como seres humanos”, derrete-se Mítzi, em entrevista por telefone ao Gazeta Online.

Quando procurou Claudia para trazer “Deserto dos Anjos” para Vitória, Mítzi teve receio de uma negativa, até por conta da idade média de seus bailarinos, já que o espetáculo foi montado para ser levado para cena em corpos de artistas acima dos 45 anos. Mas, conforme frisa Mítzi, o fato de seus bailarinos terem corpos com mentalidade aberta foi decisivo para que Claudia topasse a empreitada.

“Claudia veio conhecê-los e, nessa experiência de 15 dias, me deu ‘sim’ como resposta. Foi uma alegria porque a Cia 2 do balé da cidade de São Paulo foi um marco da dança contemporânea no Brasil. Reapresentar este espetáculo é uma responsabilidade para nós”, diz a capixaba.

O número, diz Mítzi, é necessário e oportuno para todas as famílias, principalmente os que têm idosos em casa e demandam atenção e tempo para cuidados. “Nos desperta para o amanhã sem contornos, porque é verdadeiro e, nessa verdade, encontramos a fragilidade, a poesia, a força. As pessoas não saem deprimidas, saem sabendo que a velhice precisa ser discutida”, ressalta.

Além do encantamento pelo trabalho desenvolvido pela amiga paulista, Mítzi diz que sentiu na pele os impactos do assunto abordado no espetáculo. Em 2013, quando perdeu a mãe, sentiu-se desamparada e viu as estruturas da família abaladas por conta do falecimento da matriarca.

“Eu passei por um processo em casa. Sempre tive muito prazer em viver, minha família sempre foi pra cima, alegre. Então quando minha mãe faleceu, nos sentimos desequilibrados. Ruins de cabeça e de coração. Ali, vi que estava na hora de rever este espetáculo, que nos coloca em uma situação de compaixão que está em falta no mundo”, confidencia.

Mítzi Marzzuti ainda comemora a realização do espetáculo em um período tão complicado para a cultura.

“Vitória já é muito difícil para ter apoio. Os empresários daqui, que podiam fazer uma companhia funcionar sem estresse, não assistem a espetáculos. São 33 anos de luta pela valorização do profissional e, com muito trabalho, temos casa lotada sempre”, conclui.

Deserto dos Anjos

Quando: Sábado (4) e domingo (5), às 19h30.

Onde: Centro Cultural Sesc Glória. Av. Jerônimo Monteiro, 428, Centro, Vitória.

Ingressos: R$ 50 (inteira), R$ 25 (meia). À venda na bilheteria do teatro.

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Informações: (27) 3232-4750.

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