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Bolsonaro, como todo presidente, deve explicações sobre acusações

Presidente precisa parar de atacar o mensageiro - a imprensa - e se preocupar em prestar contas à sociedade, passando a imagem de um governo transparente

Publicado em 09/10/2019 às 05h00
Atualizado em 09/10/2019 às 05h03
Jair Bolsonaro, presidente da República. Crédito: Isac Nóbrega/PR
Jair Bolsonaro, presidente da República. Crédito: Isac Nóbrega/PR

O que o presidente Jair Bolsonaro chama de patifaria, qualquer cidadão com bom senso, ciente das atribuições institucionais, sabe que é a imprensa exercendo o seu papel, mantendo acesas as luzes sobre a esfera pública. O que o presidente talvez só esteja sentindo na pele agora é que isso incomoda, mas é inerente ao cargo que só ocupa por ter recebido o voto de quase 58 milhões de brasileiros. De Fernando Collor a Michel Temer, o que inclui as duas gestões petistas - Dilma e Lula, portanto -, todos os presidentes da redemocratização passaram por algum escrutínio público, com denúncias ou suspeitas que envolviam seus nomes ganhando as capas dos jornais, resultado da saúde democrática que permite a atuação de uma imprensa livre. Por que seria diferente agora?

As suspeitas, baseadas em depoimento de um ex-assessor do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, à Polícia Federal e em informações de uma planilha apreendida em uma gráfica, são graves demais para passarem incólumes, como certamente seria a preferência de Bolsonaro. A possível implicação da campanha do atual presidente no esquema de candidatas laranjas do PSL em Minas Gerais deve, portanto, ser investigada com rigor, e a Polícia Federal precisa agir com autonomia para que não pairem dúvidas sobre os resultados. Os fatos devem falar por si, sempre.

Bolsonaro se vitimiza, candidatando-se a mártir da própria paranoia. Como se fosse o primeiro presidente a estar diante de um contratempo dessas proporções. Não foi condenado a nada prematuramente, mas deve explicações. Principalmente sobre as razões de ainda manter no cargo Marcelo Álvaro Antônio, um dos quadros políticos de seu governo, sem nenhuma relação técnica com a área do turismo. Este jornal, não é de hoje, defende o afastamento de ministros colocados sob suspeição. Durante o mandato tampão de Michel Temer, só para citar o exemplo mais recente, essa foi uma cobrança recorrente.

Bolsonaro precisa parar de atacar o mensageiro - a imprensa - e se preocupar em prestar contas à sociedade. A mensagem que precisa passar é a de transparência no governo, principalmente se não tem nada a temer. A radicalização nunca fez bem ao país.

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