A cara de pau do poder público que é incapaz de seguir suas próprias regras

Vistoria em 42 escolas públicas realizada pelo Tribunal de Contas do Espírito Santo apontou falhas como a falta de alvarás da Vigilância Sanitária e do Corpo de Bombeiros, documentações que são exigências do próprio poder público

Publicado em 05/05/2023 às 01h00

As 42 escolas públicas  — das redes municipais e estadual  — fiscalizadas em abril pelo Tribunal de Contas do Espírito Santo (TCES) foram escolhidas a partir de indicativos do Censo Escolar 2022 que apontam situações críticas de infraestrutura.  As visitas confirmaram que, nessas escolas, a educação vive um cenário de guerra. Ou sobrevive.

A avaliação mostrou que 33% das instituições avaliadas não possuem coleta de esgoto.  No dia da visita, duas escolas nem sequer tinham água potável. Nos registros da vistoria, há imagens que expõem a situação precária dos banheiros:

Banheiro
Fiscalização do Tribunal de Contas em escolas do ES. Crédito: Divulgação/TCES

Em 47,62% das escolas visitadas foram encontradas inadequações em sala de aula.  Em 66,67%, não há biblioteca. Precariedades de infraestrutura educacional que tem impacto direto no processo de aprendizagem dos alunos:

Sala de aula
Fiscalização do Tribunal de Contas em escolas do ES. Crédito: Divulgação/TCES

Outro dado alarmante: 83,33% não possuem auto de vistoria do Corpo de Bombeiros. A prevenção de incêndios também é ameaçada em 19% das escolas, que não possuem extintores. Em 32%, esses instrumentos estão fora da validade, como registrado abaixo:

Extintor
Extintor vencido encontrado em fiscalização do TCES nas escolas do ES. Crédito: Divulgação/TCES

Soma-se ainda a informação de que 90% das cozinhas, onde as merendas são preparadas, não têm alvará da Vigilância Sanitária.  E ainda foram flagrados pátios como o da escola abaixo, com lixo e entulhos acumulados, colocando em risco a saúde de funcionários e estudantes.

Escola
Fiscalização do TCES nas escolas do ES. Crédito: Divulgação/TCES

O que quase todas essas informações têm em comum? O fato de serem regras impostas pelo próprio poder público, para garantir a segurança e a saúde das pessoas.  O auto de vistoria do Corpo de Bombeiro, por exemplo, é um documento que atesta que edificações estão dentro das normas. Estabelecimentos comerciais precisam desse documento para terem o funcionamento liberado.

Já o alvará da Vigilância Sanitária atesta que o estabelecimento possui condições sanitárias para seu funcionamento, uma exigência a qualquer bar ou restaurante.

Sem meias palavras, é um caso típico de cara de pau do poder público, de "faça o que eu digo, não faça o que eu faço".  E quem se prejudica é quem frequenta essas escolas, sobretudo os alunos, por estarem um ambiente que em nada estimula a educação. Pelo contrário.

As imagens dessa tragédia educacional falam por si só. 

É irônico que um número tão considerável de escolas municipais e estaduais não consiga cumprir regras impostas pelo próprio Estado. É uma cobrança que a sociedade deve fazer, não pelo aspecto burocrático: mais do que um pedaço de papel assinado, o que é imprescindível é que alunos e professores tenham condições dignas para desenvolverem o aprendizado.

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