Publicado em 11 de janeiro de 2022 às 06:48
O presidente da Federação Nacional dos Policiais Rodoviários Federais (Fenaprf), Dovercino Neto, afirmou nesta segunda-feira (10) que a categoria pode se sentir traída caso o governo desista de fazer uma reestruturação de carreira.>
A sugestão de abandonar os reajustes para os policiais foi dada pelo líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo. Para o deputado, a solução para conter a pressão dos servidores é que Bolsonaro recue da promessa feita à categoria, e que os salários de todos os servidores federais fiquem sem aumento neste ano.>
"Caso o governo volte atrás e desista dessa reestruturação, a categoria poderá sentir isso como uma traição por parte do governo", afirmou Neto à reportagem. "Contudo, o momento é de crer que o governo Bolsonaro vai honrar com seu compromisso com o fortalecimento e a valorização da segurança pública".>
Perguntado se a categoria aceitaria um reajuste mais modesto usando a verba disponível no Orçamento hoje (de R$ 1,7 bilhão, o que daria menos de 1% de forma linear a todos os servidores), Neto afirmou que os policiais não buscam um aumento salarial -"mas sim uma justa e necessária reestruturação das carreiras".>
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Em sua visão, o Estado brasileiro fortaleceu vários outros órgãos e carreiras públicas há mais de uma década. "A PRF e demais polícias da União, no entanto, foram deixadas para um segundo momento, como se o tema da segurança pública não fosse igualmente essencial ao desenvolvimento de uma nação", disse.>
Outras entidades que representam policiais procuradas pela reportagem também rechaçaram a ausência de reajuste para a categoria ou um aumento mais modesto.>
O movimento de Bolsonaro no ano passado por um reajuste a policiais despertou uma ampla mobilização no funcionalismo por reajuste salarial, com direito a um movimento nacional de entrega de cargos na Receita Federal e atos semelhantes no Banco Central e entre auditores do trabalho.>
Após o envolvimento direto de Bolsonaro na articulação em defesa do aumento a policiais, está prevista no Orçamento de 2022 uma verba de R$ 1,7 bilhão para reajuste salarial no funcionalismo, mas não há no texto uma previsão de uso dos recursos exclusivamente para as carreiras policiais.>
Apenas PF, PRF (Polícia Rodoviária Federal) e Depen (Departamento Penitenciário Nacional), além de agentes comunitários de saúde, obtiveram promessa de reajuste por parte de Bolsonaro.>
Diversos sindicatos de servidores se mobilizam para conseguir abocanhar ao menos parte dessa verba ou conseguir mais espaço no Orçamento destinado a corrigir salários de funcionários públicos.>
Nos cálculos do governo, cada aumento de 1% linear a todos os servidores gera impacto de R$ 3 bilhões para a União.>
Representantes da elite do funcionalismo dizem que a maioria dos servidores públicos federais está com o salário defasado em 27,2%, pois não há reajuste desde 2017.>
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