Publicado em 20 de junho de 2025 às 17:31
Um suposto vazamento de 16 bilhões de senhas, incluindo informações de contas de Google, Apple e Facebook, começou a repercutir na internet nesta sexta-feira (20), mas o número está inflado segundo especialistas e indicações da própria fonte da notícia.>
Na quarta-feira (18), o site especializado Cybernews publicou uma reportagem afirmando que encontrou uma base de dados com 16 bilhões de credenciais, incluindo nome da conta e senha, expostas. De acordo com o texto, que chama o episódio de "o maior vazamento da história", as informações foram furtadas por um tipo de vírus chamado infostealer.>
Nesta sexta, porém, a Cybernews atualizou seu texto informando que podem haver informações repetidas, antigas e recicladas de vazamentos anteriores. A empresa não divulgou amostras dos arquivos encontrados, como é de praxe entre empresas de cibersegurança.>
Por isso, o número publicado inicialmente está inflado e sem checagem adequada. Embora reforcem que o episódio demonstra a importância de fortalecer a segurança de dados pessoais, especialistas em segurança ainda levantam a suspeita de que há informações fabricadas.>
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Um porta-voz do Google afirma que o problema não decorreu de vazamentos da empresa. A Apple não quis comentar, e a Meta, dona do Facebook, não respondeu até a publicação da reportagem.>
Um infostealer é uma categoria de vírus que rouba dados do teclado e do mouse da pessoa infectada e não tenta acessar informações armazenadas pelas plataformas, como ocorre nos ataques que geram vazamento de dados.>
O maior contingente de dados encontrados pelo Cybernews era de registros em português, sem especificar qual o país de origem.>
O programa invasor visa ao roubo de senhas, carteiras de criptomoedas e outros dados de um aparelho infectado, sejam computadores ou celulares.>
Esses vírus costumam exportar arquivos compactados contendo vários documentos com dados roubados. As listas, em geral, contêm referências ao site, ao nome do usuário e à senha.>
Se alguém for infectado com um infostealer e tiver mil senhas salvas no navegador, o programa malicioso roubará todas elas.>
Dados da empresa especializada no monitoramento de infostealers Hudson Rock mostram que o número médio de credenciais furtadas por computador infectado com infostealer é cerca de 50. "Para que um vazamento atinja 16 bilhões de credenciais, seria necessário 320 milhões de dispositivos comprometidos, uma cifra irrealista considerando as tendências globais de infecção", afirma a análise.>
"Isso sugere que o conjunto de dados foi inflado com informações redundantes, desatualizadas ou geradas artificialmente", acrescenta.>
De acordo com a Hudson Rock, trata-se de credenciais roubadas durante um longo tempo, que foram coletadas por uma empresa de cibersegurança, pesquisadores ou criminosos digitais e reempacotadas em um banco de dados que foi exposto na internet.>
Os criminosos que recebem essas credenciais podem usá-las para desviar dinheiro, aplicar outros golpes ou para a venda no mercado do crime cibernético.>
É possível comprar pacotes de senhas roubadas na dark web e até em plataformas abertas, como o Telegram e o Discord.>
O site especializado Bleeping Computer, por exemplo, recebeu durante a apuração de uma reportagem um pacote com 64.000 senhas como amostra grátis. Especialistas em cibersegurança dizem que há milhares de arquivos como esse em circulação na internet.>
Já houve casos em que outras coleções de dados furtados, como a que foi divulgada na quarta, foram liberadas na internet. Um exemplo foi o arquivo chamado RockYou2024, com 9 bilhões de registros.>
Ainda não há evidências de que esta compilação contenha dados novos ou nunca vistos antes.>
De qualquer forma, o episódio reforça a importância de manter uma rotina de segurança digital, que consiste em:>
- Trocar chaves de acesso com frequência>
- Adotar combinações com letras, números e sinais>
- Armazená-las em gerenciadores de senha>
- Usar programas de segurança como antivírus>
- Se possível, usar chaves físicas em vez de senhas>
O Google ainda recomenda o uso de métodos de segurança adicional, como a verificação em dois fatores, e lembra que o navegador Chrome tem um gerenciador de senhas. De acordo com a big tech, a ferramenta armazena as senhas e notifica o usuário quando houver detecção de violação de senha.>
A Kaspersky, por outro lado, recomenda o uso de um gerenciador de senhas dedicado. "Os hackers podem roubar senhas salvas nos navegadores.">
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