Publicado em 15 de agosto de 2019 às 16:29
- Atualizado há 6 anos
Uma mudança considerável pode acontecer na vida dos brasileiros se a atual proposta de reforma tributária do governo federal for aprovada. O texto ainda não foi apresentado ao Congresso, mas o governo tem mostrado interesse de ressuscitar a CPMF, fazendo com que contribuintes paguem imposto até mesmo sobre pequenas transações bancárias, como o pai que deposita uma mesada na conta do filho, por exemplo.>
A proposta, que vem acompanhada de outras medidas, segundo a Receita Federal, tem o objetivo de simplificar o pagamento das taxas. Bolsonaro diz que vai analisar a nova CPMF.>
Além da criação do imposto sobre qualquer movimentação financeira, que visa à substituição dos recolhimentos patronais à Previdência, a reforma tributária também propõe a unificação dos tributos federais, como IPI, PIS, Cofins, e parte do IOF – que devem virar um imposto único federal.>
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A proposta a ser apresentada tem outros dois pontos principais: a criação do imposto sobre lucros e dividendos das empresas, com a diminuição do imposto de renda da pessoa jurídica; e o reajuste da tabela e aumento da faixa de isenção do imposto de renda da pessoa física, reduzindo, ao mesmo tempo, as deduções que hoje podem ser feitas em gastos com saúde e educação.>
Para o doutor em Contabilidade e Controladoria, Fernando Galdi, o projeto, como um todo, tem pontos negativos e positivos. A nova CPMF, na visão dele, é um dos negativos. "Esse modelo é ineficiente. Ele acaba onerando mais as cadeias de produção que são mais longas. Isso tende a encarecer ainda mais os produtos das empresas e faz com que elas percam competitividade”, avalia.>
Ele acredita ainda que a medida pode incentivar o uso de métodos alternativos de transferências financeiras. "Quanto maior for essa nova CPMF, mais vai incentivar as pessoas a usares métodos alternativos de transferências de recursos. Se for aprovado, a minha teoria é que vai aumentar muito a procura por criptomoedas", acrescenta.>
Já o professor da FGV Direito Rio Linneu de Albuquerque Mello destaca que a proposta é atrativa para o governo porque aumenta, consideravelmente, a arrecadação.>
"Arrecada de quem tem conta em banco – quem tem poder aquisitivo. Além, disso, é um enorme instrumento de fiscalização paro o Fisco, porque ele passa a ter a sua base de movimentação e consegue saber quem está sonegando. São muitos recursos, mas é outro imposto para o cidadão", lamenta.>
O advogado Luiz Cláudio Allemand, especialista em Direito Tributário, vê como forte a possibilidade de uma alíquota sobre movimentações, desde que ela seja reduzida.>
"Se a proposta por uma alíquota simbólica, para efeito de fiscalização, é possível que seja aprovada. É uma proposta muito forte, mas não concordo. Tributação tem que ser feita sobre novas riquezas, não sobre movimentações", opina.>
Opções>
Além da proposta do governo, existem duas outras propostas de reforma tributária. Elas estão, inclusive, mais avançadas: a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 45/2019, de autoria do deputado Baleia Rossi (MDB-SP) que já está tramitando na Câmara, e a PEC 110/2019, assinada pelo senador Davi Alcolumbre (DEM-AP).>
Apesar de terem alguns pontos divergentes, as matérias possuem muitos pontos em comum. Em geral, elas propõem a substituição de impostos federais, estaduais e municipais por um único imposto a ser controlado pela União.>
Os secretários da Fazenda dos 26 Estados e do Distrito Federal aprovaram uma outra proposta para ser encaminhada ao Congresso Nacional. A ideia possibilita a unificação de impostos desde que seja criado um comitê gestor do Imposto sobre Operações com Bens e Serviços (IBS). Esse comitê seria composto somente por Estados e municípios, sem a participação da União. >
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